Explicamos os motivos que levaram ao que chamamos de “missing ox” ou sumiço do boi no país. Confira a baixo e veja o esperar desse mercado do boi!
A pecuária brasileira possui cerca de 214 milhões de cabeças que estão espalhadas por esse “mundão de terras”, sendo criadas em diversos sistemas e níveis tecnológicos. Além disso, os animais são divididos em corte e leite, fases de cria, recria e engorda. Entretanto, ao que aponta o mercado, o boi sumiu da praça e do pasto. Confira porque o país passa por um verdadeiro “apagão do boi”, nesse momento.
Alguns fatores podem ser citados neste momento e que, claro, levaram ao cenário atual de preços e justificam o apagão do boi gordo no mercado. O chamado Ciclo Pecuário, tarda mas não falha. Vamos detalhar um pouco esses fatores a seguir.
A forte alta nos preços da arroba do boi gordo ao longo do ano passado e a manutenção dos patamares recordes neste começo de 2021 evidenciam que, além da demanda externa aquecida, a oferta de animais para abate está baixa no Brasil. Segundo dados do IBGE, em 2020, foram abatidas 29,55 milhões de cabeças no País, 9,05% a menos que no ano anterior e o menor volume desde 2011 (28,82 milhões de cabeças).
Vamos citar aqui os quatro fatores que mais impactam no atual cenário como: o atraso nas chuvas, retenção de matrizes, alto custo da nutrição e buraco na oferta de animais precoces. Juntos, esses fatores complicaram a vida das indústrias.
O atraso da chuva em importantes regiões pecuárias do país no ano anterior, acabou atrasando a engorda dos animais a pasto. Lembrando que a maior parte dos animais abatidos são oriundos do pasto. Com isso tivemos uma menor entrada de animais na conhecida “safra do boi”.
Outro ponto importante que precisamos nos atentar é quanto a retenção de matrizes, que se intensificou desde 2020, já que 2019 essa categoria foi recorde em volume de abate. Diante dessa maior retenção o mercado ficou sem a chamada “desova” de fêmeas nos frigoríficos.
Os preços do bezerro tiveram grande valorização no mercado, com preços do bezerro ultrapassando o valor de R$ 18,00/kg. Isso se tornou um fator mais que determinante para que ocorresse a chamada retenção de matrizes.
Além dos fatores citados, o mercado da pecuária brasileira sentiu no bolso a alta nos custo com a nutrição diante de uma elevação nos preços dos graõs – milho, soja e sorgo – que atingiram recordes históricos ao longo desde primeiros meses do ano.
Esse fator acabou gerando impacto negativo para quem estava acostumado a realizar a intensificação da nutrição do gado. Apesar dos valores da arroba estarem elevados, o preço do milho acaba comprometendo a margem do pecuarista.
Por último, mas de grande importância, o mercado colhe hoje o frutos do passado. O grande volume de fêmeas enviadas para o abate, em um momento de desvalorização da cria e os altos custos do sistema, trouxe uma escassez na oferta de animais para recria/terminação ao longo dos últimos anos.
Esse fator, chamado ciclo pecuário, pesou ainda mais neste ano com um estrangulamento na recria, ou seja, um encurtamento do tempo da cria ao boi gordo. Lembrando que isso foi visto na pecuária norte americana em décadas anteriores.
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Após três anos de crescimento, o abate de bovinos caiu 8,5% em 2020, atingindo 29,7 milhões de cabeças. Este ano devemos ter uma nova redução nesse volume, tendo em vista que a oferta restrita de animais ou o verdadeiro apagão do boi, deve perpetuar ao longo dos próximos meses.
Ponto positivo para essa restrição de oferta de matéria-prima no mercado é a “briga” acirrada pelas indústrias que acabam ofertando melhores preços pela arroba do boi gordo. Mas é preciso ter cautela e atenção neste momento de alta nos custos de produção, fator esse que é mais determinante para margem de lucro do que o valor de venda dos animais no gancho.