A área analisada pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) foi de 2,5 hectares. O resultado foi de 129,16 sacas por hectare de soja. Veja!
A agricultura está no DNA da família Milla, da região central do Paraná. Desde pequeno o Karl e os dois irmãos aprenderam a trabalhar no campo recebendo orientações e ensinamentos do pai Ernest Milla. O patriarca foi um dos pioneiros da atividade na região de Guarapuava.
“A fazenda Fundo Grande começo da década de 1960. Nos anos 2000, eu assumi a administração e segui a mesma linha. O pai sempre foi inovador, ele tinha pouco estudo formal, mas ele era muito inteligente e observador. Foi pioneiro no plantio direto, começou com o plantio do milho, da soja e das práticas de conservação, visando longevidade para o solo”, conta o produtor rural Karl Milla.
Uma das fazendas da família, que fica em Pinhão, tem área total de 1.000 hectares. Todos os anos, na safra de verão, a divisão é pela metade: 500 hectares para soja e 500 para o milho. A rotação de culturas é uma das formas de proteger e promover o equilíbrio do solo.
E, neste ano, a fartura de soja nas terras da família Milla foi destaque nacional. Num concurso realizado anualmente e que teve a participação de 6 mil agricultores de todas as regiões do país, a safra dos Milla foi a que teve a maior produtividade.
A área analisada pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) foi de 2,5 hectares. O resultado foi de 129,16 sacas por hectare de soja. Uma produtividade que nunca tinha sido atingida antes na propriedade.
“Tem muita de troca de experiência, fazemos parte de uma cooperativa e fazemos testes aqui na fazenda. Trocamos experiência com os vizinhos, agrônomos, pesquisadores daqui e de fora. Nada do que a gente faz a gente inventou, a gente só foi pescando o que os melhores fazem”, conta o produtor Karl Milla.
Ernest Milla não viu o resultado da soja neste ano. Ele faleceu em abril, aos 76 anos, por complicações da Covid. Os filhos que já estavam no comando das atividades continuam o que o pai começou e preparam a terceira geração da família.
“Nesse processo de sucessão familiar estamos estruturando toda a nossa governança para que a atividade continue sendo uma atividade familiar”, explica Karl Milla.
Outro campeão
A paixão por cultivar a terra também atravessou gerações na família do Laércio Dalla Vechia, agricultor em Mangueirinha, no sudoeste do estado. Começou com o avô, passou para o pai e agora ele também passa pros filhos, principalmente as lições que o transformaram num campeão de produtividade.
“Meu avô era agricultor na Itália, então eles vieram para o brasil em busca de condições melhores. Ser agricultor está na nossa veia, está no nosso sangue, é paixão mesmo. É um dom poder arar a terra, ver a semente germinar, crescer, dar fruto, isso é muito gratificante”, conta.
O agricultor paranaense venceu no ano passado o concurso nacional de máxima produtividade de soja com 118,8 sacas por hectare. Ficou conhecido entre os agricultores pela eficiência na produção. Mas ele conta que o trabalho se transformou depois que venceu o mesmo concurso pela primeira vez.
“Naquele ano eu ganhei uma viagem na Alemanha. Então, nossa, eu fiquei muito empolgado. No outro ano eu pensei comigo mesmo como produtor, vou investir mais pra colher mais”, afirma.
O agricultor investiu mais em adubação e em produtos químicos e, apesar de ter aumentado muito o custo da lavoura, os resultados decepcionaram. “Eu vi que o meu posicionamento como agricultor tava errado e que eu precisava mudar. A partir do meu erro eu vi que nós poderíamos fazer diferente e a partir dali nós comecemos uma agricultura de princípios e de boas práticas agrícolas”, conta.
E a hora certa de garantir uma boa colheita na próxima safra é agora. É o que tem no campo no inverno que vai preparar a terra. Uma mistura de plantas de cobertura que vão se transformar em adubo.
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Referências
Em Mangueirinha ou em Pinhão, a paixão pela agricultura e as boas práticas de plantio transformaram os agricultores em referência para o país. Um grupo do Rio Grande do Sul viajou ao Paraná para aprender o segredo dos produtores.
“A gente quer aprender, modificar, porque a gente está chegando num limite de produtividade que a gente não está conseguindo atingir mais e acho que hoje, nesse pouco tempo que nós tivemos juntos, cada minuto foi valioso. Foi pra nós uma faculdade, uma aula de solo, uma aula de vida, um aprendizado que a gente vai levar pra vida inteira”, conta Fernando Giuliani Rossatto, agricultor do Rio Grande do Sul.
Fonte: G1