A alimentação de cavalos não é só ciência como também arte pois além do conhecimento das necessidades nutritivas é também necessário dar-lhe a alimentação mais adequada ao seu carácter individual.
O aparelho digestivo destes animais adaptou-se a comer pouco de cada vez mas muitas vezes devido a que no seu estado selvagem os cavalos costumavam andar livremente, pastando e bebendo constantemente, podendo assim escolher as plantas que encontravam.
Nos dias de hoje, a alimentação do cavalo está completamente alterada. Isto deve-se à sua progressiva domesticação e ao tipo de esforço físico a que estão sujeitos. A sua dieta é agora muito mais controlada e existe um leque muito vasto de alimentos disponíveis comercialmente.
Como funciona o aparelho digestivo do cavalo
Mesmo sofrendo uma alteração muito significativa na alimentação, o aparelho digestivo do cavalo mantém-se praticamente igual ao dos seus antepassados.
Após os dentes da frente e os lábios seleccionarem a comida e apanharem a comida esta é moída pelos dentes de trás, iniciando-se nesse momento a digestão. Em seguida, a comida é engolida, passa pelo esófago e entra no estômago – tem uma capacidade de cerca de 8 litros e tem um bom funcionamento se cheio até dois terços. Do estômago a comida passe para o intestino delgado, o colón largo e curto e o recto. O intestino delgado do cavalo é estreito e mede cerca de 2 metros de comprimento e é onde são decompostos e absorvidos os açúcares, as proteínas e as gorduras. No intestino grossos são digeridas as fibras – principal fonte de energia por intermédio de bactérias e micróbios que as fermentam.
Estes microrganismos podem causar problemas caso seja feita uma mudança brusca na dieta pois como a população microbiana se vai adaptando em função desta, dar-se o caso da população presente não ser indicada.
Nutrientes essenciais
Para que o cavalo tenha uma dieta bem equilibrada é essencial que contenha todos os elementos seguintes:
Água
A necessidade de água de um cavalo depende da temperatura, da quantidade de exercício, da sua alimentação e da sua idade. Um jovem cavalo tem na sua constituição cerca de 80% de água enquanto que num cavalo adulto esta percentagem está entre os 50% e os 60%.
Hidratos de Carbono
Estão presentes no amido (é encontrado nos cereais), nos açúcares (presentes em todos os alimentos, principalmente nos melaços e na erva fresca) e em certos componentes das fibras.
Óleos e Gorduras
Os óleos estão presentes em pequenas quantidades na maioria dos alimentos comerciais e é geralmente acrescentado à dieta do cavalo sobre a forma de óleo vegetal. Estes contém duas vezes e meia mais energia do que os hidratos de carbono, sendo assim fontes de energia concentrada.
Fibras
Encontram-se em todos os alimentos principalmente na erva no feno e na palha e são um elemento muito importante na dieta do cavalo.
Proteínas
Ao serem decompostas dão origem aos aminoácidos que são utilizados no crescimento, na gravidez, na produção de leite e na reparação de tecidos.
Minerais
O equilíbrio de minerais mais importante é o do cálcio e do fósforo, com uma relação de cerca de uma parte e meia de cálcio para uma parte de fósforo. O magnésio, o sódio, o cloro e o potássio são outros dos minerais principais enquanto que o cobre, o ferro, o manganês, o selénio e o zinco são minerais secundários.
Vitaminas
As vitaminas principais são A, D, E, K e o grupo B. Ajudam a controlar as reacções químicas e bastam pequenas quantidades para manter a saúde. Alimentos como o feno são pobres em vitaminas enquanto que a erva e os alimentos verdes são boas fontes deste elemento.
As regras da boa alimentação
Tendo em conta os hábitos alimentares naturais do cavalo e a fim de servir o seu aparelho digestivo podem estabelecer-se as seguintes regras:
- Tenha sempre ao alcance do cavalo água limpa e fresca;
- Dê ao cavalo pelo menos 2 refeições por dia se estiver em trabalho leve ou médio e 3 ou 4 se tiver um esquema de trabalho completo, de modo a que coma pouco de cada vez mas muitas vezes;
- Baseie-se no peso da comida e não no seu volume – pese a amostra da comida e saiba sempre quanto é que dá a comer ao seu cavalo;
- Alimente o cavalo tendo em conta o seu peso e registe todas as mudanças, devendo consultar o veterinário se estiver preocupado com a dieta;
- Aumente o tipo de alimentos e a sua quantidade caso ache que a carga de trabalho imposta ao cavalo assim o justifique;
- Não utilize nunca rações moles ou poeirentas mas sim alimentos de alta qualidade;
- Não faça alterações bruscas na dieta, de modo a evitar problemas digestivos;
- Dê ao cavalo cerca de 2 ou 3 horas de descanso a seguir a uma refeição e só o alimente 1 hora após terminado o trabalho;
- Obedeça a hábitos horários nas refeições;
- A alimentação do cavalo dever ter pelo menos 50% de fibras;
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O que deve dar ao cavalo
Com fim a manter a energia necessária ao trabalho e o bem estar físico a dieta do cavalo deve ser composta dos seguintes componentes:
Forragem
Este deve ser o principal constituinte da dieta, quer sejam ervas ou forragens conservadas (feno, substitutos do feno e silagem).
Cereais
Os cereais mais utilizados são o milho, a cevada e a aveia e são administrados moídos, floculados ou micronizados (cozidos) aumentando a sua digestibilidade.
Fibras
Encontra-se na parte fibrosa da casca dos grãos de milho e é ainda utilizada para aumentar o volume das rações.
Beterraba
É utilizado o subproduto após a extracção do açúcar. Deve ser molhado pois caso contrário pode provocar problemas digestivos ao cavalo.
Rações compostas
É um alimento muito completo e equilibrado fornecendo o valor de proteínas, fibras, vitaminas e minerais necessárias ao cavalo. É apenas necessário adicionar à dieta forragem e água.
Guloseimas
Para aumentar o volume da ração e para torná-la mais apetitosa adiciona-se alimentos como cenouras ou maças.
CALCULE A NECESSIDADE DE ALIMENTO DO SEU CAVALO
- Utilizando exclusivamente capim:
- (Peso do cavalo) x 0,1 = quantidade de capim
- Ex. (400) kg x 0,1 = 40 kg de capim
- Utilizando ração em quantidade máxima:
- Ex. (400) kg x 0,05 = 20 kg de capim +
- (400) kg x 0,015 = 6 kg de ração
- Utilizando capim, feno e ração:
- Ex. (400) kg x 0,04 = 16 kg de capim +
- (400) kg x 0,01 = 4 kg de feno +
- (400) kg x 0,01 kg = 4 kg de raçao
Esse cálculo refere-se a quantidade (total) diária de alimento, sendo este valor divido durante o dia ao mínimo duas vezes. Quando a dieta contém ração, ofereça esta após o fornecimento do volumoso.
Nunca ofereça a quantidade diária de ração de uma única vez.
Recomenda-se fornecer primeiramente o volumoso (capim ou feno) e após intervalo de duas horas o concentrado (ração).
Na natureza o cavalo fica em torno de 80% do seu tempo livre pastanto. Portanto, quando há disponibilidade do fornecimento de poucas quantidades de capim várias vezes durante o dia, deve ser realizado, pois isso melhora bem estar do cavalo. Este procedimento evita o estresse ocasionado pelo confinamento em baia. O estresse predispõe o cavalo à crises gástricas e pode induzir vícios como andar em círculos, andar de um lado para o outro como se estivesse dançando, engolir ar, etc.
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Problemas relacionados com a alimentação
Uma alimentação incorrecta ou modificações bruscas na dieta do cavalo podem levar a graves complicações. Deve consultar imediatamente um veterinário caso suspeite de algo.
Cólicas
Um dos sintomas destas dores abdominais é o cavalo insistir em estar deitado e rebolar-se sistematicamente. Isto deve ser contrariado mantendo-o em pé e em movimento (a passo para evitar um estrangulamento do intestino.
As cólicas podem ter como causa:
- Acesso do cavalo à água quando se encontra sobreaquecido;
- Vício de engolir ar;
- Ingestão de areia;
- Alimentos húmidos ou molhados;
- Comer sofregamente e não mastigar antes de engolir;
- O intestino dobrado;
Mudança repentina na dieta
Laminite
É também conhecida como aguamento e são vitimas desta doença cavalos que comem em demasia, principalmente alimentos com muitas proteínas, pode ser causada por:
- Pancada ou concussão;
- Situação de grande stress;
- Sobre-alimentação;
- Gravidez (relacionado com a inflamação do útero.
Azotúria
Tem como causas:
- Desequilíbrio mineral;
- Alterações hormonais;
- Sobre-alimentação de cereais em cavalos em descanso