Reforma tributária pode aumentar preço dos itens da cesta básica em quase 60%

Um levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) a região Sul seria a mais afetada, com alta de 93% nos impostos

De acordo com uma estimativa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), a proposta de reforma tributária apresentada na semana passada, caso aprovada como está, poderia provocar um aumento de 59,83%%, em média, nos impostos que recaem sobre itens da cesta básica e de higiene. O levantamento considerou produtos como arroz, feijão, carnes, ovos e legumes, e levou em conta a adoção reduzida em 50% sobre a alíquota padrão do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) prevista de 25%, que está em discussão.

Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, o presidente da Abras, João Galassi, comentou o estudo: “Nós estamos indo no carrinho de compra dos consumidores e vendo a participação de cada grupo de produtos. Por exemplo, o hortifruti tem uma participação maior na compra dos consumidores e hoje ele é isento. O açougue, por exemplo, as carnes têm uma participação maior também nesse carrinho e hoje na média dos Estados é de 7%”.

Pelas contas feitas pela Abras, a região Sul seria a mais afetada, com alta de 93% nos impostos. Depois, Centro-Oeste, com 69%; Sudeste, 55; Norte, 40; e Nordeste, 35%.

Isso gerou um mal-estar com a área econômica e fez com que o ministro da fazenda, Fernando Haddad, se reunisse com o presidente da associação neste sábado (1º).

Segundo o secretário extraordinário da reforma tributária, Bernard Appy, que esteve no encontro, a Abras errou nos cálculos porque não levou em consideração todas as mudanças da proposta. Já o presidente da Abras ainda crê em modificações no texto.

Enquanto a ala econômica se mobiliza de um lado, a política age do outro. O presidente da Câmara convocou para esta segunda-feira (3) uma sessão para acelerar as votações. A reforma tributária está na pauta, mas as negociações continuam. Arthur Lira marcou uma reunião com os líderes partidários, o que geralmente acontece às terças.

O chamado esforço concentrado da Câmara inclui ainda analisar outros dois projetos: o que restabelece o voto de qualidade do planalto em julgamentos do conselho administrativo de recursos fiscais, o Carf, e as mudanças que o Senado fez no texto da regra fiscal, que substitui o teto de gastos. O governo quer concluir essas votações na câmara antes do recesso na segunda quinzena de julho.

Confira os estados que mais devem sofrer com a alta nos impostos da cesta básica, segundo a Abras

  • Paraná: 161,3%
  • Alagoas: 130,4%
  • Goiás: 90,4%
  • Rio de Janeiro: 88,8%
  • Minas Gerais: 81,4%
  • Mato Grosso: 69,1%
  • Amapá: 68,9%
  • Espírito Santo: 66,7%
  • Distrito Federal: 63,7%
  • Rio Grande do Sul: 60,4%
  • Ceará: 55,1%
  • Amazonas: 54,1%
  • Santa Catarina: 43,9%
  • Mato Grosso do Sul: 43,8%
  • Pará: 42%
  • Maranhão: 40,4%
  • Acre: 38,2%
  • São Paulo: 36,8%
  • Pernambuco: 36,5%
  • Rondônia: 26,8%
  • Bahia: 24,9%
  • Rio Grande do Norte: 24,6%
  • Tocantins: 23%
  • Piauí: 17,4%
  • Paraíba: 6,2%
  • Roraima: -7,6%
  • Sergipe: -19,5%

O que diz a reforma tributária?

O plano da reforma tributária é unificar cinco imposto em, no máximo, dois. A ideia é criar um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual para bens e serviços e alíquotas diferenciadas para produtos e serviços específicos. Com isso, o imposto geral deve ser de 25%.

A transição dos impostos antigos para os novos será feita em um período de oito anos.

Em 2026, será aplicada uma alíquota de 1% compensável com o PIS/Cofins; em 2027, haverá a entrada da CBS, a extinção do PIS/Cofins e a redução das alíquotas de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), com exceção da Zona Franca de Manaus.

De 2029 a 2032, ocorre a entrada proporcional do IBS e a extinção proporcional do ICMS e do Imposto sobre Serviços (ISS); e em 2033 começa a vigência integral do novo sistema tributário, com a extinção do antigo.

Além disso, o relatório de Ribeiro estabelece que a transição para o princípio do destino na tributação se dará em 50 anos, entre 2029 e 2078.

*Com informações da Agência Brasil

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