Preparamos este texto para que você saiba como aproveitar ao máximo o período das águas para recuperar sua pastagem. Confira agora as dicas!
Assim como ocorre em outras atividades econômicas, a pecuária passa por evoluções constantes, não é mesmo? Nesse sentido, a recuperação de pastagens se transformou em um procedimento necessário para manter a produtividade em alta.
Preparamos este texto para que você saiba como aproveitar ao máximo o período das águas para recuperar sua pastagem. Ao longo do conteúdo, mostraremos quais são as etapas envolvidas e o que precisa ser feito em diferentes contextos. Acompanhe até o fim e veja como preservar o seu negócio!
O planejamento da recuperação de pastagens
Para abordar esse tema com a especialidade que ele exige, entrevistamos Patrícia Anchão Oliveira, que é pesquisadora de pecuária, na região Sudeste, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). De acordo com ela, o planejamento começa a ser feito em março, assim que acabam as chuvas, e pode ser dividido em duas grandes fases:
- coleta da amostra de solo da área que está degradada — entre março e maio;
- calagem — entre maio e julho/agosto.
Na primeira fase, é preciso fazer uma avaliação do estande, ou seja, o número de plantas que continuarão na área. Patrícia também recomenda fazer uma avaliação, a fim de identificar pragas de pastagem, como cupim de solo e plantas invasoras. Nesse momento, é necessário encontrar meios para estabelecer controle sobre a área. Eles podem ser mecânicos (roçada ou demolidor de cupim) ou químicos (herbicida, cupinicida).
“A calagem, por sua vez, é a correção do pH do solo. Trata-se de um processo importante demais, afinal, em um solo extremamente ácido, por exemplo, não existe a disponibilidade de nutrientes que são essenciais para as plantas, além da presença de elementos tóxicos, como alumínio e manganês”, explica a especialista.
Depois dessa etapa, é feita uma análise das condições do solo e, a partir disso, calcula-se a dose de calcário que será aplicada. Essa aplicação ocorre na superfície da área de pastagem degradada, caso haja estande suficiente para o pasto se recompor. Em contrapartida, se não houver estande suficiente ou se o objetivo for uma reforma completa para trocar a espécie forrageira, recomenda-se incorporá-lo durante a própria calagem.
As 6 dicas para fazer uma boa recuperação de pastagens
Veja, a seguir, algumas dicas valiosas para recuperar a pastagem, otimizar sua produção e gerar ainda mais lucro.
1. Planeje as adubações
A adubação ocorre depois da calagem e, geralmente, utiliza-se dois tipos de fertilizações. Segundo Patrícia, “uma delas consiste em uma fertilização de correção, feita com fósforo, potássio e micronutrientes. A outra, que acontece posteriormente, é voltada à manutenção e conta com fertilizantes nitrogenados”.
O uso do fertilizante nitrogenado também permite modular a produção de pasto. Quanto maior for a lotação animal (número de animais por hectare), maior deve ser a dose de nutriente nitrogenado utilizado nas fertilizações de manutenção.
2. Cuide de todos os processos
Embora recuperar seja uma prática viável, trata-se de um processo laborioso e oneroso, e a pesquisadora chama atenção para o fato de que essa necessidade pode ser evitada, desde que haja cuidado preventivo com três fatores específicos.
“O pecuarista deve se empenhar para evitar a degradação. Isso depende da manutenção da fertilidade, da conservação do solo e do manejo adequado da planta forrageira. Se ele tiver esses cuidados, a pastagem não vai se degradar”, recomenda.
Caso a recuperação se faça necessária, é preciso analisar de maneira crítica quais equívocos estão sendo cometidos na gestão desses aspectos e corrigi-los. “É muito mais barato cuidar continuamente desses três processos do que você fazer a recuperação de pastagem”, aponta Patrícia.
3. Escolha a forrageira ideal
Na recuperação, não há troca de forrageira, mas na reforma pode ocorrer. Por isso, é preciso entender o estado atual do pasto e os objetivos atrelados a ele para tomar a melhor decisão. Aspectos importantes a serem considerados são a resistência às cigarrinhas das pastagens, adequação da espécie de pastagem ao clima e solo da área e a responsividade à adubação.
Nesse sentido, o aplicativo Pasto Certo tende a ajudar bastante. Ela está disponível para download gratuito em sistemas Android e foi desenvolvido pela Embrapa em parceria com a Unipasto e outras instituições especializadas.
4. Considere os prejuízos ambientais
Pensar em maneiras sustentáveis e racionais de cuidar da pastagem é imprescindível para preservar o solo de sua propriedade. Não à toa, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento desenvolveu o Plano ABC, um conjunto de iniciativas para favorecer a baixa emissão de carbono.
Segundo Patrícia, “o Plano e o Programa ABC são formas de financiar a recuperação de pastagem”. A especialista também relata o resultado de experiências científicas das quais ela participou e a conclusão é esclarecedora: “o cenário de pastagem degradada é o pior que se pode ter em relação às emissões de gases que impactam o efeito estufa, a mudança climática e o aquecimento global”.
Isso porque no processo de degradação há a mineralização da matéria orgânica, que vai se perdendo e gerando gases de efeito estufa, como dióxido de carbono e metano. Além disso, ocorre o assoreamento de cursos de água. “Como as pastagens são importantíssimas para o Brasil, porque cobrem 1/4 do território nacional, é preciso ter zelo para não prejudicar o meio ambiente e piorar o sistema produtivo”, enfatiza Patrícia.
5. Leve os custos em conta
Ao longo dos anos, os custos da recuperação vão se equilibrando com o preço da arroba do boi. A principal diferença em relação às décadas passadas é que hoje existem alternativas para se buscar um financiamento e quebrar o ciclo vicioso formado por pastos ruins, animais perdendo peso e falta de recursos para implementar melhorias.
“Hoje, é possível recorrer à informação, que ficou mais acessível por meio das agências de pesquisa, universidades e programas como a Embrapa”, indica a pesquisadora.
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6. Adote um sistema integrado
Até agora, comentamos sobre a recuperação direta de pastagem, mas existem alternativas e a adoção de um sistema integrado de agropecuária tende a ser uma excelente escolha. Trata-se de um caminho indireto, que se vale da troca da espécie forrageira e do trabalho com a agricultura e outros produtos, como leguminosas, madeira, essência e afins.
Enfim, a recuperação de pastagens pode ser necessária em muitas ocasiões. De qualquer modo, é possível evitá-la com o devido cuidado. Caso precise fazê-la, não se esqueça de caprichar no planejamento e procure o máximo de informação.
Fonte: Belgo Arames