O período mais crítico na pecuária brasileira, a recria, ganha um modelo de sucesso, a “Recria turbinada” reduz idade ao 1º parto e eleva em até 30% eficiência da engorda.
A recria é considerada a fase mais longa da pecuária de corte atualmente – um processo que pode durar até um ano e meio, passando por “dois tombos” de seca, prejudicando o desenvolvimento dos animais com sua baixa eficiência produtiva. A otimização deste processo foi tema na entrevista com o professor e doutor em medicina veterinária, Guilherme Augusto Vieira.
O especialista organizou um método que chamou de “Manual de Recria Turbinada”, que pode reduzir a idade ao primeiro parto nas fêmeas e acelerar a chegada à fase da engorda no caso dos machos.
“Uma grande maioria dos produtores hoje já faz uma suplementação com proteinado, esses proteinados de baixo consumo, com 0,1% do peso vivo. Mas qual é a nossa proposta, e nós já fizemos isso o ano passado […], o sequestro de bezerro, e nós evoluímos para o que nós chamamos de recria turbinada, que tem justamente o objetivo de encurtar essa recria, acabar com o estresse adicional dos animais e aumentar também a eficiência produtiva”, explicou.
Na prática, o método de recria turbinada consiste na adição de uma mistura múltipla de alto teor de concentrados para que os animais mantenham um crescimento linear, proporcional o desenvolvimento ininterrupto de órgãos, musculatura e ossatura para a formação de novilhas e novilhos precoces.
Vieira frisou que a sistema de recria desenvolvido nada mais é do que um ajuste do processo, apertando critérios do manejo sanitário, nutricional, uso de ração levando em consideração a adaptação dos bovinos, seleção dos animais e uso de planilhas para ter conhecimento dos custos de produção e acompanhamento de índices zootécnicos. O conjunto de ações, conforme comparou o profissional, serve como um catalisador do aumento de eficiência produtiva. “Não existe milagre, existe trabalho e investimento”, reforçou.
Benefícios na cria
Segundo Vieira, ao reduzir a idade ao primeiro parto, o criador pode, na prática, ganhar um ciclo de produção dentro da fazenda. Isso ocorre porque sem restrições nutricionais na recria, a fêmea não tem interrupções de ganho de peso e de desenvolvimento de órgãos, como o próprio útero. O que muitas vezes pode enganar o criador, como advertiu o consultor, é o ganho compensatório, que até engorda a novilha em seu peso ideal para o acasalamento, mas seu útero, pela restrição alimentar em fase anterior, ainda é de um animal infantil. Assim, mesmo que tenha peso bom para o desafio da monta ou IATF, seu índice de prenhez não será o desejável.
Vieira alertou que além de ganhar um ciclo de produção, o criador também tem uma redução expressiva nos seus custos reduzindo idade ao primeiro parto. O veterinário calculou que uma vaca que passa vazia por uma estação de monta pode custar entre R$ 1.000,00 a R$ 1.200,00, contabilizando gastos com capim, manutenção de cerca, sal mineral, entre outros.
Benefícios na engorda
O veterinário revelou que no caso dos machos, além de antecipar a idade de abate, a recria turbinada pode aumentar expressivamente seu desempenho na engorda. “Vários estudos demonstram que quando você tem um crescimento linear desses animais, sem o tal do ganho compensatório, você mantém a velocidade de ganho de peso, a velocidade de desempenho dos animais e ele chega a ter de 20 a 30% de melhor desempenho no confinamento e semiconfinamento. São estudos que demonstram isso. Nesta perspectiva que nós trabalhamos dentro da recria turbinada”, apontou.
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Principais erros
Vieira listou em sua entrevista ao programa três principais erros do pecuarista na recria:
– Não ter pastagem de boa qualidade;
– Não fazer suplementação de boa qualidade;
– Não ter critério na compra de bons animais.
Sem estes critérios, que estão previstos no manual de recria turbinada, o produtor não tem o alicerce para chegar ao próximo patamar, indicou o veterinário. “Como você pode colher se você não plantou?”, indagou.
O Manual de Recria Turbinada desenvolvido pelo consultor está disponível pelo site semiconfinamento.com.br.
Com informações do Giro do Boi