O produtor de leite está passando, novamente, por uma “ilusão” com os preços recebidos. A receita aumentou, mas o custo é maior, estreitando margem de lucro!
Os preços do leite ao produtor começaram o ano em alta. A maior concorrência entre os laticínios, fez a cotação subir nos últimos pagamentos.
Considerando a média nacional dos dezoito estados monitorados pela Scot Consultoria, na comparação feita mês a mês, a alta para o produtor foi de 3,0% no pagamento de fevereiro, que remunera a produção entregue em janeiro de 2019. Na comparação ano a ano, o preço ao produtor ficou 5,6% maior, em valores nominais.
Apesar da melhor remuneração no campo, os custos de produção da atividade leiteira estão em alta desde outubro do ano passado. Veja a figura 1.
O Índice de Custo de Produção calculado pela Scot Consultoria, acumula alta de 11,6% desde o início das altas. Em relação a igual período do ano passado o indicador em fevereiro ficou 10% maior.
FIGURA 1. Variação mensal do Índice Scot Consultoria de Custo de Produção da Pecuária Leiteira nos últimos treze meses.
Os custos com alimentação do rebanho representam mais de 30% do indicador, por isso, vamos analisar como anda a relação de troca do milho e do farelo de soja para o produtor.
Poder de compra do produtor de leite
Considerando os preços de São Paulo, o preço do leite subiu 10,0% no pagamento de fevereiro de 2020 na comparação ano a ano.
No entanto, os preços do milho e do farelo de soja subiram mais em igual comparação, prejudicando a relação de troca para o produtor.
Em fevereiro comprava-se 1,54 quilo de milho com a venda de um litro de leite padrão. A relação de troca piorou 11,0% em relação ao ano anterior. Veja a figura 2.
FIGURA 2. Relação de troca: milho e farelo de soja versus leite ao produtor (leite padrão em São Paulo) – em kg de alimento/litro de leite.
Para o farelo de soja, em fevereiro comprava-se 0,96 quilo de farelo com um litro de leite em São Paulo, 1,0% menos em relação a fevereiro de 2019.
Expectativas para 2020
Para este ano, as expectativas são de incremento no consumo de milho e farelo de soja no mercado interno, o que deverá reduzir os estoques no país.
Além disso, o dólar em alta e as preocupações com o clima adverso deverão seguir dando sustentação e direcionamento às cotações dos alimentos em curto e médio prazos.
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Apesar das expectativas serem positivas com relação aos preços do leite até junho/julho, os custos com alimentação estão pesando no bolso do produtor em 2020, com patamares acima dos verificados no ano passado.
Portanto, destacamos a importância do planejamento e de traçar estratégias para a compra de insumos, amenizando os riscos.
Fonte: Scot Consultoria