Com alta de 4,3%, o rebanho bovino do país bateu recorde da série histórica, iniciada em 1974, e chegou a 234,4 milhões de cabeças de gado. O município de São Felix do Xingu (PA) teve o maior rebanho bovino do país (2,5 milhões de cabeças), segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), divulgada hoje (21) pelo IBGE
A pecuária nacional segue em crescimento, no leite e no corte. Em 2022, o rebanho bovino cresceu pelo quarto ano consecutivo e alcançou novo recorde da série histórica, segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), divulgada hoje (21) pelo IBGE. O crescimento de 4,3% fez o número de cabeças chegar a 234,4 milhões. Todos os efetivos animais apresentaram crescimento, à exceção de codornas (-8,2%).
Com a alta o rebanho bovino do país bateu recorde da série histórica, iniciada em 1974, e chegou a 234,4 milhões de cabeças de gado, mostrando mais uma vez que o país possuí mais bovinos do que gente. O destaque, mais uma vez, é o município de São Felix do Xingu (PA) que teve o maior rebanho bovino do país (2,5 milhões de cabeças).
A pecuária passou por um grande investimento da porteira pra dentro, apoiado nos bons preços do mercado, tendo alcançado seu auge em 2022, onde o abate de fêmeas começou a crescer, apontando para uma mudança no ciclo pecuário.
“A produção de bovinos vem aumentando, desde 2019, devido aos bons preços da arroba e do bezerro vivo. Houve um processo de retenção de fêmeas para reprodução, devido aos preços mais atrativos. Ainda temos em 2022, uma consequência desse comportamento iniciado no final de 2019. Mas a expectativa é de que a alta dos preços tenha se encerrado em 2022, quando observamos, também, aumento no abate de fêmeas”, aponta Mariana Oliveira, analista da PPM.
“Com a demanda interna enfraquecida e poder de compra da população reduzido, a exportação de produtos pecuários, sobretudo as carnes, foi a alternativa adotada para o escoamento da produção. As exportações atingiram um recorde e a China consolidou-se como importante mercado para as carnes, seja ela de frangos, suínos ou bovinos”, analisa Mariana Oliveira.
Rebanho bovino cresceu em todas as Grandes Regiões em 2022
No setor de pecuária de corte, o crescimento é reflexo do interesse contínuo dos produtores em atender à demanda por carne bovina no mercado interno e externo. O rebanho bovino cresceu em todas as Grandes Regiões em 2022. Mato Grosso lidera com 34,2 milhões de cabeças, ou 14,6% do efetivo nacional. Em seguida veio o Pará (10,6%) ultrapassando Goiás (10,4%). Outro estado que se destaca é Mato Grosso do Sul, que possui munício entre os cinco maiores rebanhos do país.
Já passando para o ranking municipal, São Félix do Xingu (PA) manteve a liderança, alcançando 2,5 milhões de cabeças de gado, seguido por Corumbá (MS) com um rebanho de 1,98 milhões de bovinos. Em terceiro e quarto lugar ficam Porto Velho (RO) e Novo Repartimento (PA) com 1,68 milhões e 1,3 milhões de cabeças, respectivamente. Fechando o TOP 5, temos Marabá (PA) com também 1,3 milhões.
Percebe-se que apesar de Mato Grosso continuar a liderar o ranking de estado com o maior rebanho bovino do país, é no Pará que existem municípios com maiores concentrações dos maiores rebanhos, com cidades ocupando três das cinco posições do ranking municipal.
Os rebanhos de bovinos e suínos registraram um aumento de 4,3% cada, enquanto o de bubalinos cresceu 3,0%. Os equinos tiveram um aumento de 0,9%, os caprinos de 3,9%, os ovinos de 4,7%, os galináceos de 3,8%, e as galinhas de 2,4%. Além disso, foi observado um recorde nas produções de leite, com um crescimento de 9,5%.
Valor da produção pecuária cresce 17,5% e chega a R$116,3 bilhões
O valor de produção de todos os produtos pecuários levantados na pesquisa, incluindo os da aquicultura, chegou a R$116,3 bilhões, significando um aumento de 17,5%. A produção de leite concentrou 68,8% deste valor, seguida pela produção de ovos de galinha (22,4%).
No ranking municipal, considerando os seis principais produtos (leite, ovos de galinha, ovos de codorna, mel, lã e casulos de bicho-da-seda), Santa Maria de Jetibá (ES) apresentou o maior valor da produção, com R$ 1,6 bilhão, dos quais 95,0% são provenientes da venda de ovos de galinha, produto no qual lidera o ranking.
Castro (PR) assumiu a segunda posição com R$ 1,2 bilhão, 98,7% proveniente da produção de leite. Bastos (SP) fecha o TOP3, sendo o segundo maior produtor nacional de ovos de galinha.
Produção de leite cai 1,6% e preço médio atinge maior valor da série
A produção de leite foi estimada em 34,6 bilhões de litros em 2022, redução de 1,6%. A produção tem sido decrescente desde 2020, quando alcançou o recorde da série (35,3 bilhões de litros). A alta dos custos e a redução das margens têm desestimulado a produção. O número de vacas ordenhadas caiu 1% e representou 6,7% do efetivo total de bovinos em 2022, o que pode indicar desinvestimento na produção de leite – observamos que produtores estão migrando ou arrendando terras para a produção de grãos, como a soja, estimulados pelas altas nos preços dos grãos nos últimos anos.
Os preços do leite subiram 19,7% e corroboram com essa informação ao manterem-se em alta acumulada desde 2017 e fechando 2022 a R$2,31 por litro, o maior valor da série. “Com isso, mesmo com a queda no volume, o valor de produção do leite aumentou 17,7% para R$ 80,0 bilhões”, ressalta a analista da pesquisa.
Entre as Regiões, o Sul manteve a liderança reconquistada em 2021, com uma participação de 33,8%, seguido de perto pelo Sudeste com 33,6%. Na contramão das demais regiões, que apresentaram quedas, o Nordeste, terceiro maior produtor nacional (16,5%) desde 2017, vem aumentando sua produção. Esse crescimento é fruto, principalmente, das condições climáticas favoráveis na Região nos últimos anos e de investimentos em genética e tecnologia.
Minas Gerais manteve a maior produção, com 27,1% do total ou 9,4 bilhões de litros. Entre os municípios a liderança permanece de Castro (PR), com 426,6 milhões de litros. Carambeí (PR) ficou em segundo lugar, com 255,6 milhões de litros. Cabe destacar que seis dos dez principais municípios em produção de leite foram mineiros e três do Paraná.
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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