Rebanho bovino recorde: Brasil tem mais boi que gente com 238,6 milhões de cabeças

Crescendo 12,7% em relação à população no Brasil, com 238,6 milhões de cabeças contabilizadas em 31 de dezembro, essa expansão reafirma a robustez do setor, mesmo em um contexto de desaceleração no ritmo de crescimento.

O Brasil novamente se destaca no cenário agropecuário mundial com o crescimento significativo de seu rebanho bovino, que alcançou a marca recorde de 238,6 milhões de cabeças em 2023. Esse aumento reflete não apenas a tradição do país na produção de carne, mas também a capacidade de adaptação e inovação dos pecuaristas brasileiros.

O setor bovino é um pilar fundamental da economia nacional, contribuindo significativamente para o PIB agropecuário, geração de empregos e a segurança alimentar. Com aproximadamente 7% do PIB nacional ligado à agropecuária, a evolução do rebanho bovino se torna um indicador crucial da saúde e sustentabilidade da agropecuária brasileira.

Cenário atual

Rebanho bovino atinge novo recorde, crescendo 12,7% em relação à população no Brasil
Foto: Divulgação

O valor de produção na PPM 2023 chegou à marca de R$ 122,4 bilhões, alta de 5,4% em relação ao ano anterior. Os produtos de origem animal atingiram R$ 112,3 bilhões, alta de 4,5% em relação a 2022, e os itens da aquicultura foram responsáveis por R$ 10,2 bilhões, aumento de 16,6%.

O efetivo bovino atingiu 238,6 milhões de cabeças em 2023, o maior da série histórica iniciada em 1974. Apesar da marca representar crescimento do rebanho, o acréscimo de 1,6% em relação ao ano anterior, foi o menor aumento percentual observado nos últimos 3 anos, o que mostra a tendência de desaceleração no setor e inversão de ciclo pecuário.

A Pesquisa da Pecuária Municipal 2023, divulgada recentemente pelo IBGE, trouxe essas e outras informações sobre os efetivos, produtos de origem animal e a aquicultura no país, que também estão disponíveis na página da pesquisa no Portal do IBGE e no Sidra.

Entre os municípios, São Félix do Xingu (Pará), apesar da retração de 2,8% em relação a 2022, mais uma vez liderou o ranking municipal de efetivo de bovinos, com rebanho de 2,5 milhões de cabeças. Corumbá (Mato Grosso do Sul) continuou com o segundo maior rebanho, 2,2 milhões de animais, e Porto Velho (Rondônia) manteve a terceira posição em 2023, com 1,8 milhão de bovinos.

A produção de leite foi recorde em 2023 ao atingir 35,4 bilhões de litros. Ao passo que a produção de leite subiu, o número de vacas ordenhadas decresceu. Foram contabilizadas 15,7 milhões de vacas ordenhadas, 0,1% a menos do que em 2022, sendo esse total de vacas ordenhadas o menor já registrado desde 1979.

Rebanho bovino chega a 238,6 milhões de cabeças e atinge recorde na série histórica iniciada em 1974; São Félix do Xingu (PA) lidera entre os municípios.

Fatores contribuintes

O crescimento do rebanho bovino no Brasil em 2023 pode ser atribuído a uma combinação de fatores que têm impulsionado a eficiência e a produtividade do setor. Primeiramente, a melhoria nas práticas de manejo tem desempenhado um papel fundamental. Pecuaristas têm adotado técnicas mais avançadas, como a alimentação balanceada e o controle sanitário rigoroso, resultando em maior taxa de natalidade e melhor saúde dos animais. A taxa de natalidade na pecuária de corte, por exemplo, tem se aproximado de 75%, um índice considerado excelente.

Os avanços tecnológicos na pecuária também têm sido significativos. O uso de biotecnologia, como a inseminação artificial e a fertilização in vitro, tem permitido a seleção de animais com características superiores, aumentando a qualidade genética do rebanho. Atualmente, cerca de 20% das vacas leiteiras brasileiras são inseminadas artificialmente, o que contribui para a melhoria genética e produtividade. A adoção de tecnologias como o uso de softwares de gestão na pecuária também tem ajudado na eficiência da produção, otimizando os processos e reduzindo custos.

As políticas públicas de incentivo têm sido cruciais. Programas de financiamento, assistência técnica e investimentos em infraestrutura têm proporcionado aos pecuaristas as ferramentas necessárias para expandir suas operações. Em 2022, o governo brasileiro lançou o Programa de Apoio à Pecuária (PAP), que visa aumentar a produtividade e a sustentabilidade do setor.

Abate de bovinos bate novo recorde no segundo trimestre de 2024

Os dados mostram que o abate de bovinos cresceu 17,5% em comparação com o 2° trimestre de 2023 e 6,7% frente ao 1° período de 2024. O total de cabeças abatidas chegou a 9,96 milhões, um recorde na série histórica, iniciada em 1997.

Em relação ao mesmo período de 2023, foram abatidas 1,48 milhão de cabeças de bovinos a mais no 2º trimestre de 2024, com altas em 26 das 27 unidades da federação (UFs). O abate de fêmeas aumentou 20,8% em relação ao 2º período de 2023, influenciado pela queda do preço dos bezerros no comparativo anual, enquanto o abate de machos subiu 14,8%.

Segundo o supervisor da pesquisa, Bernardo Viscardi, “o abate de bovinos estava em um ciclo de retenção entre 2019 e 2021 e passou para o ciclo de expansão a partir de 2022. O preço de bezerros reduziu, refletindo-se no aumento do abate de fêmeas, principalmente”.

Perspectivas futuras

Rebanho bovino atinge novo recorde, crescendo 12,7% em relação à população no Brasil
Foto: Divulgação

As projeções para o crescimento do rebanho bovino no Brasil indicam um cenário de ajuste no ciclo de produção. Embora o recorde alcançado em 2023 demonstre a força do setor, espera-se que a redução no efetivo, resultante do aumento no abate de fêmeas, possa impactar a quantidade de animais nos próximos anos. Em 2023, o abate de fêmeas atingiu níveis elevados, como parte da estratégia dos pecuaristas para restaurar o equilíbrio no mercado e assegurar preços mais estáveis para a carne.

O Brasil, com seu robusto rebanho e experiência na produção, continuará a desempenhar um papel fundamental no mercado global de carne bovina. Em 2023, o país já era responsável por aproximadamente 20% das exportações globais de carne bovina, destacando-se como um dos principais fornecedores para mercados exigentes, como China, União Europeia e Oriente Médio.

A crescente demanda internacional por produtos de qualidade coloca o país em uma posição privilegiada, onde a combinação de volume e qualidade pode atender tanto o mercado interno quanto as exigências externas.

Rebanho bovino atinge novo recorde, crescendo 12,7% em relação à população no Brasil
Foto: Divulgação

Em resumo, o crescimento do rebanho bovino no Brasil em 2023 reflete a resiliência e a adaptação do setor, impulsionado por melhores práticas de manejo, inovações tecnológicas e políticas de incentivo. No entanto, a importância de se manter um crescimento sustentável é fundamental. É essencial que o setor continue a equilibrar produção e preservação ambiental, garantindo não apenas a competitividade no mercado, mas também a saúde do ecossistema para as futuras gerações.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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