Rastreabilidade de bovinos em sistemas extensivos de criação de gado de corte

A rastreabilidade de bovinos tem garantido ao Brasil uma posição proeminente como um dos principais protagonistas na produção de proteína bovina e seus derivados. Com o intuito de promover transparência e confiança nos processos produtivos, os sistemas de identificação e registro de animais se destacam como elementos de extrema importância nesse cenário

O Brasil emergiu como um dos líderes na exportação de carne bovina em um mercado global altamente competitivo. Esta conquista é resultado direto da eficácia na adoção de novas tecnologias de nutrição animal, como forrageiras tropicais adaptadas ao ambiente, sal mineral, suplementos ureados e proteicos, e silagens, entre outros. Além disso, avanços significativos na reprodução animal, incluindo inseminação artificial em tempo fixo e desmama precoce, têm impulsionado ainda mais o sucesso do país no setor.

A modernização também desempenha um papel crucial nesse cenário, com a implementação de novas ferramentas de gestão que visam a redução de custos, a diluição dos riscos e a maximização da sustentabilidade. Essa abordagem tem garantido ao Brasil uma posição proeminente como um dos principais protagonistas na produção de proteína bovina e seus derivados.

Além disso, a aplicação da biotecnologia reprodutiva e o uso de reprodutores e matrizes com seleção genética de alta qualidade têm sido fatores-chave na melhoria da produtividade do setor. Essas inovações têm impulsionado significativamente os ganhos de eficiência e qualidade na produção de carne bovina brasileira, fortalecendo ainda mais sua posição no mercado global.

Rastreabilidade de bovinos

Com o intuito de promover transparência e confiança nos processos produtivos, os sistemas de identificação e registro de animais se destacam como elementos de extrema importância nesse cenário. Estes sistemas foram concebidos, em sua maioria, por associações de raças e criadores com o propósito de oferecer suporte aos produtores na administração eficiente de seus rebanhos.

Rastreabilidade animal em sistemas extensivos de criação de gado de corte
Foto: Divulgação

À medida que aumenta a demanda dos consumidores por informações sobre a procedência e a qualidade dos alimentos que consomem, bem como o impacto ambiental relacionado à sua produção, a rastreabilidade animal ganha destaque. Como resposta a essa demanda, surgem novos mercados de certificação e rastreabilidade, atendendo tanto às exigências públicas quanto privadas por produtos agropecuários sustentáveis.

A busca por transparência nas cadeias produtivas é fundamental para manter a credibilidade, fornecendo acesso a informações relevantes, sejam elas relacionadas à localização geográfica, ao impacto ambiental, à saúde animal, ao manejo, entre outros aspectos. No caso específico da rastreabilidade de bovinos de corte, a Embrapa e seus parceiros têm se empenhado no desenvolvimento de sistemas digitais confiáveis e verificáveis, que garantam a identificação e o rastreamento preciso dos animais ao longo de sua movimentação.

Segurança alimentar

A rastreabilidade emergiu como uma ferramenta fundamental para garantir a segurança alimentar e a qualidade dos alimentos. Diversas organizações de renome internacional, como a Organização Mundial de Saúde Animal, a Organização Mundial do Comércio, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação e o Codex Alimentarius, estabeleceram diretrizes globais para a identificação de gado. Estas entidades reconhecem amplamente o valor dos avanços nos sistemas de identificação e rastreabilidade de bovinos.

Rastreabilidade animal em sistemas extensivos de criação de gado de corte
Foto: Divulgação

Os sistemas de rastreabilidade foram concebidos como ferramentas para promover a transparência nas cadeias de suprimento, assegurando a qualidade e a segurança dos produtos alimentícios. Isso se traduz em um eficiente compartilhamento de informações entre as empresas envolvidas na produção e fornecimento de carne bovina, promovendo uma maior confiança por parte dos consumidores.

Atualmente, o Brasil conta com um sistema de rastreabilidade animal estabelecido pela Lei nº 12.097/2009. Esse sistema se baseia no cadastro das propriedades rurais pelos próprios produtores nos serviços veterinários estaduais (SVEs), na identificação coletiva dos animais, onde é informada a propriedade de procedência, e na expedição da Guia de Trânsito Animal (GTA) pelos SVEs para controlar a movimentação dos animais entre as propriedades e os estabelecimentos de destino.

No entanto, o sistema de identificação coletiva não permite que o Serviço Veterinário Oficial tenha acesso a informações detalhadas sobre o histórico de vida de cada animal movimentado entre diferentes propriedades rurais no país. Por essa razão, diversos países na América do Sul e em outras regiões do mundo têm adotado a identificação individual dos animais como uma forma de aprimorar seus sistemas de rastreabilidade.

Rastreabilidade animal em sistemas extensivos de criação de gado de corte
Foto: Divulgação

Garantindo a qualidade

Em 2002, o Brasil deu um passo importante ao implementar o Sistema Brasileiro de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (SISBOV), visando estabelecer um sistema eficaz de rastreabilidade para o gado de corte. Esse programa emprega tecnologias de identificação individual e documentação detalhada para acompanhar o histórico de vida de cada animal, desde o nascimento até o abate. Atribui-se a cada animal um número de identificação exclusivo, possibilitando o rastreamento completo de sua trajetória ao longo de toda a cadeia produtiva.

É importante destacar que o processo de produção de carne bovina é complexo, pois envolve uma cadeia produtiva com diversos agentes, e é de longa duração, devido às várias etapas envolvidas. O ciclo completo, desde a criação do bezerro até o seu abate quando adulto, depende do sistema de manejo adotado, da qualidade genética dos animais e de outros fatores.

As melhores práticas de criação, geralmente associadas a sistemas extensivos, incluem o estabelecimento de uma estação de monta para controlar o período de nascimento dos bezerros, visando obter melhores índices zootécnicos, com uma matriz gerando até um bezerro por ano. Além disso, é essencial garantir cuidados sanitários eficientes para todo o rebanho de cria, especialmente para os bezerros.

Rastreabilidade de bovinos
Foto: Divulgação

Após o nascimento, segue-se um período de desmama que varia de 6 a 8 meses. No entanto, em sistemas intensivos, como a engorda em confinamento, os animais podem ser abatidos entre 13 e 15 meses de idade, enquanto em sistemas extensivos esse período pode se estender para mais de 30 meses.

Na fase de cria, o sistema extensivo, que se baseia no uso de pastagens cultivadas ou nativas, é amplamente adotado no Brasil. Esse sistema aproveita grandes extensões de terras cobertas por forrageiras, combinadas com uma suplementação alimentar estratégica. No manejo de pastejo contínuo, as matrizes permanecem na mesma área durante todo o seu ciclo de vida. Nesse contexto, são estabelecidos importantes índices reprodutivos e zootécnicos, como taxas de prenhez, natalidade, desmama e ganho de peso em diferentes períodos até a desmama.

Transparência

Com o objetivo de promover transparência em todas as fases da produção animal, a Embrapa e o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) têm trabalhado para desenvolver um modelo de transformação digital para os protocolos do Sistema Brasileiro de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (SISBOV) e do AgriTrace da CNA/Senar. A API BovTrace, na Plataforma AgroAPI, tem a capacidade de padronizar terminologias, tipos e formatos de dados, criando assim uma base única de dados para o MAPA e CNA/Senar.

Foto: Divulgação

O modelo conceitual da API BovTrace foi desenvolvido com base em experimentações em campo, na organização do conhecimento sobre protocolos de produção animal e no desenvolvimento de um aplicativo para a comercialização digital de animais. Essa API oferece aos detentores de protocolos privados do AgriTrace a capacidade de compartilhar de forma segura e inviolável dados digitais padronizados sobre a movimentação individual de animais entre estabelecimentos privados associados a um protocolo.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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