Para se ter uma ideia, apensar doze laticínios são responsáveis por cerca de 30% da captação formal do leite produzido pelas propriedades brasileiras!
Em sua 24ª edição, a pesquisa anual realizada pela ABRALEITE (Associação Brasileira dos Produtores de Leite) trouxe dados dos maiores laticínios do país. O ranking compreendeu doze empresas em 2020, uma a menos que em 2019.
O ranking é realizado em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Organização das Cooperativas Brasileira (OCB), a Viva Lácteos, a Embrapa Gado de Leite e o G100 (Associação Brasileira das Pequenas e Médias Cooperativas e Empresas de Laticínios).
Este ano, a Aurora não participou da pesquisa. Outros grandes laticínios, como a Lactalis (hoje a maior compradora de leite do Brasil), Tirol, CCPR e Italac, também não participaram.
Confira a classificação na figura 1.
Figura 1. Ranking das maiores empresas de laticínios do Brasil em 2020, em mil litros.
O volume captado pelas doze empresas foi de 7,4 bilhões de litros, um aumento de 4,2% comparado a 2019. Esse crescimento é maior do que o apresentado pela Pesquisa Trimestral do Leite, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que traz a produção formal no país, cujo incremento foi de 2,1% no período analisado.
Considerando os laticínios que participam do ranking, a produção de leite correspondeu a 29% da produção formal brasileira em 2020, segundo o IBGE. Em 2019, a captação dos maiores laticínios havia sido responsável por 31,7% da produção brasileira.
A média de produção por produtor foi de 480 litros por dia em 2020, contra 467 litros por dia em 2019, aumento de 2,8%. O número de produtores também subiu, em 1,3%, atingindo cerca de 29,3 mil produtores.
A estimativa da capacidade instalada de processamento de leite foi de 10,5 bilhões de litros de leite/ano, cerca de 28 milhões de litros/dia, redução de 6% em relação ao número de 2019.
Classificação dos laticínios
A Piracanjuba (laticínios Bela Vista) ficou em primeiro lugar em 2020, tomando o lugar da Nestlé, que liderava o ranking há 23 anos, e que neste ano caiu para a terceira posição.
Essa condição se deu pelo aumento do volume captado pela Piracanjuba em 23,3% na comparação anual, com alta de 12,9% no número de produtores.
Já a Nestlé perdeu em volume captado 13,8% em 2020, frente a 2019, com queda de 29,5% no número de produtores. Apesar disso, aumentou em 10,2% a média diária produzida por produtor em relação a 2019.
A Unium (cooperativas Frisia, Castrolanda e Capal, situadas no Paraná) ocupou a segunda posição e, mesmo com a queda do número de produtores, em 11,2%, teve aumento da produção em 3,3%.
Além da Nestlé, a Cativa registrou queda na produção, em 14,7%, e no número de produtores, em 13,5%, ocupando, assim, a oitava posição.
As três únicas empresas cujo número de produtores aumentou foram a Piracanjuba, a Embaré e a Frimesa.
A Frimesa, que ficou na nona posição, teve incremento de 19,3% no volume produzido por produtor por dia, resultando na alta de 35,9% na produção, a maior variação do ranking.
A Embaré, apesar da alta no número de produtores (21,9%), apresentou queda no volume produzido por produtor por dia, em 16,3%, assim como a Piracanjuba. Esse índice cresceu em dez das doze empresas do ranking.
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Consideração final
A pandemia provocou alterações na produção de leite brasileira, em função dos desafios frente às altas dos custos de produção, condições climáticas adversas e quedo no consumo. Mesmo assim, a produção cresceu, principalmente a partir do incremento no volume produzido por produtor.
Dessa forma, os laticínios têm reduzido o número de produtores fornecedores e aumentado o volume diário por produtor, movimento já observado em anos anteriores.
As empresas que não participam do ranking representam os outros 71% do total de leite adquirido sob algum tipo de fiscalização.