Raças bovinas da Itália que você não conhecia

Com uma história que remonta aos tempos antigos, as raças bovinas italianas são celebradas por sua qualidade superior, tanto em termos de produção de carne quanto de leite.

A Itália é renomada por sua rica tradição no setor da pecuária, especialmente no que se refere às raças bovinas. Com uma história que remonta aos tempos antigos, as raças bovinas italianas são celebradas por sua qualidade superior, tanto em termos de produção de carne quanto de leite. Apresentamos agora, de forma resumida, as raças bovinas da Itália que você não conhecia.

A introdução das raças bovinas italianas: Marchigiana, Chianina, Piemontês e Romagnola no Brasil, originárias da Itália, representa um marco significativo para o aprimoramento e a diversificação da pecuária brasileira. A chegada dessas raças, há aproximadamente 55 anos, trouxe consigo um leque de características adaptativas e produtivas que se alinham perfeitamente ao ambiente e às necessidades do mercado nacional. Neste artigo, vamos explorar as quatro melhores raças bovinas italianas, conhecidas por sua robustez, características genéticas únicas e contribuição inestimável para a pecuária e gastronomia italiana. Boa leitura!

Raça Marchigiana

Uma das primeiras raças bovinas italiana tem suas origens na região das Marche, na Itália, com registros históricos datando desde o século V. Após a queda do Império Romano, os povos bárbaros foram responsáveis por sua disseminação inicial. A Marchigiana se adaptou bem a climas com verões secos e quentes, além de invernos úmidos e frios. Com uma pelagem clara e fina, e pelos medulados semelhantes aos da raça Nelore, a Marchigiana manteve essas características mesmo em cruzamentos. Sua pele escura, vascularizada e oleosa ajuda na dissipação de calor e proporciona resistência contra ectoparasitas, como carrapatos.

TOP 4 melhores raças bovinas Italianas
Foto: Divulgação

A Marchigiana é notável pela sua rusticidade e precocidade. Esta raça alcança rapidamente um peso ideal, reduzindo a idade necessária para o abate. Os produtos gerados a partir desta raça são conhecidos pelo alto rendimento e qualidade superior de carne, com um acabamento adequado de gordura. As fêmeas, quando cruzadas, também são aproveitadas para engorda e abate, mostrando a mesma precocidade.

As características distintivas destas raças italianas, como a musculatura desenvolvida e a pelagem que suporta o calor tropical, fazem delas uma escolha valiosa para os criadores brasileiros, reforçando a diversidade e a capacidade do rebanho nacional.

TOP 4 melhores raças bovinas Italianas
Foto: Divulgação

Raça Piemontês

Originária das montanhosas regiões de Piemonte no noroeste da Itália, a raça de gado Piemontês foi trazida para o Brasil e introduzida no estado de São Paulo em 1974. Desde então, o número de animais dessa raça cresceu significativamente, especialmente destacado em um censo de 1990.

A raça Piemontês é reconhecida pelo seu grande porte. A cor de sua pelagem varia do branco ao cinza, sendo que nos bezerros recém-nascidos, a tonalidade é mais avermelhada, tornando-se completamente branca à medida que amadurecem. Os pelos são finos, curtos e sedosos. Outras características notáveis incluem mucosas, cauda e cascos pretos, além de uma pele fina, macia e com algumas pregas.

TOP 4 melhores raças bovinas Italianas
Foto: Divulgação

A cabeça desta raça é notavelmente pequena e curta com um perfil reto. As orelhas, pequenas e finas, têm poucos pelos. Os olhos, embora vívidos, não são salientes. Os chifres, curtos e grossos, geralmente são removidos tanto em machos quanto em fêmeas no Brasil.

TOP 4 melhores raças bovinas Italianas
Foto: Divulgação

O físico do gado Piemontês é robusto e bem estruturado. O pescoço, musculoso e curto, tem uma barbela pouco desenvolvida. O tronco é longo e cilíndrico com uma musculatura bem definida. As espáduas são altas, as costelas longas e arqueadas, e a giba é discreta. O dorso largo apoia uma garupa uniformemente ampla, e as coxas e nádegas são bem desenvolvidas, característica conhecida como “dupla-coxa”. A cauda é harmoniosamente inserida, terminando na altura dos jarretes. As pernas são curtas, fortes e bem alinhadas com uma musculatura sólida. Nas vacas, o úbere é moderadamente volumoso durante a lactação, com tetos bem formados e distribuídos.

TOP 4 melhores raças bovinas Italianas
Foto: Divulgação

Com tais características, o gado Piemontês destaca-se tanto pela sua aparência quanto pela sua funcionalidade, consolidando-se como uma raça valiosa na pecuária brasileira.

Aptidões

O gado Piemontês é uma raça versátil, originalmente valorizada por suas três principais aptidões: produção de carne, de leite e capacidade de trabalho. Com o passar do tempo, a seleção desses animais passou a focar predominantemente na produção de carne, sem, contudo, negligenciar totalmente sua capacidade leiteira.

Como uma raça de corte, a característica mais marcante do Piemontês é a “dupla-coxa”, uma musculatura dupla visível que é o resultado de hipertrofia muscular nas nádegas. Esta característica decorre de um processo de seleção contínuo e rigoroso que busca aprimorar a produção de carne de alta qualidade.

Foto: Divulgação

A eficiência na produção de carne é exemplar. De acordo com a Associação Italiana da Raça (ANABORATI), a taxa de rendimento da carcaça em animais puros pode alcançar 70%. No Brasil, essa taxa varia entre 57% a 60%. Além disso, a raça Piemontês se destaca pela sua precocidade reprodutiva. Na Itália, é comum coletar sêmen dos touros com apenas 15 a 18 meses de idade, enquanto as fêmeas são geralmente acasaladas pela primeira vez entre 14 e 16 meses de vida.

Essas características fazem do Piemontês uma escolha excelente para a produção pecuária, combinando eficiência reprodutiva com rendimento de carne superior.

Gado Romagnola

O gado Romagnola, originário da região de Emilia-Romagna na Itália, é classificado dentro do grupo Podolic de bovinos, caracterizados por sua pelagem cinza. Essa raça, conhecida por sua dupla utilidade, historicamente serviu tanto para a produção de carne quanto para trabalho agrícola, especialmente em terrenos montanhosos devido ao seu porte robusto e musculatura desenvolvida. Com a advento da mecanização agrícola no século XX, a função de tração desses animais foi diminuindo, deslocando o foco para a produção de carne.

A Segunda Guerra Mundial marcou um período de declínio significativo para esta raça, devastando o país e reduzindo drasticamente o número de exemplares. Em 2013, registrou-se um total de 13.054 animais, refletindo o impacto duradouro da guerra na população de Romagnola.

Foto: Divulgação

Fisicamente, os Romagnolas são notáveis por seu grande porte e pelagem que varia de branco-marfim a cinza, particularmente mais escura durante o inverno. A pele ao redor das aberturas naturais é preta, e tanto machos quanto fêmeas possuem chifres; os touros com chifres em forma de meia-lua e as vacas com chifres leves e curvos como uma lira. A cor dos chifres muda com a idade, partindo de um cinza-ardósia na juventude para uma coloração mais pálida na base e mais escura nas pontas conforme amadurecem.

As patas dianteiras dos Romagnolas são particularmente grandes e fortes, suportando seu corpo robusto sobre pernas curtas, mas poderosas. Os touros dessa raça geralmente medem entre 155 e 158 cm de altura, enquanto as vacas variam de 139 a 144 cm. A raça Romagnola continua a ser uma fonte valiosa de carne de alta qualidade, embora seu número seja significativamente menor do que no passado.

Foto: Divulgação

Os touros da raça em questão alcançam um peso médio que varia entre 1200 e 1300 kg, enquanto as vacas possuem um peso corporal médio de aproximadamente 650 a 700 kg. A carne produzida por esses animais é reconhecida por sua excelente qualidade, destacando-se por ser saborosa, marmorizada, macia e com fibras finas. No nascimento, os bezerros machos pesam entre 45 e 51 kg, e as fêmeas, entre 40 e 45 kg. Com uma nutrição adequada, aos dois anos, os machos podem pesar mais de 700 kg e as fêmeas, entre 500 e 550 kg.

O rendimento da carcaça dos animais bem cuidados é notavelmente alto, oscilando entre 58% e 60% para os novilhos e entre 55% e 60% para bois e vacas. Além disso, o cruzamento dessa raça com zebuínos resulta em novilhos que alcançam pesos consideráveis, evidenciando o potencial de ganho de peso desses cruzamentos.

Raça Chianina

Originária da Itália, a raça Chianina é uma das mais antigas e definitivamente a maior em porte entre as raças bovinas. Seu desenvolvimento começou no vale de Chiana, na Toscana, em torno de 1500 a.C. Este gado imponente foi trazido por tribos asiáticas da Romênia e cruzado com o gado vermelho europeu, que possuía influências genéticas do zebu africano. Especialistas acreditam que a Chianina é um híbrido dos tipos Bos primigenius e Bos brachyceros. Historicamente, esses animais eram utilizados para puxar carruagens em cerimônias luxuosas durante a era romana.

Foto: Divulgação

A introdução da Chianina no Brasil começou na década de 1950, especificamente em São Paulo, com a chegada de oito animais. Devido à sua notável capacidade de produção de carne, houve importações adicionais entre 1964 e 1972, expandindo sua presença para os estados de São Paulo, Pernambuco e Bahia. Atualmente, a Chianina é reconhecida por seu tamanho e peso impressionantes, com machos que podem atingir até 1,80 m de altura e pesar cerca de 1300 kg, chegando a recordes de 1740 kg em alguns touros. É frequente encontrar touros de apenas um ano pesando mais de 350 kg.

Desde 1985, a associação de criadores de gado na Itália implementou testes de desempenho para avaliar o crescimento dos tourinhos. Os resultados desses testes mostraram um ganho de peso médio impressionante de 1.770 gramas por dia, com alguns animais ultrapassando os 2.000 gramas diários. Além disso, os testes revelaram que o rendimento da carcaça desses bovinos alcança aproximadamente 64%.

TOP 4 melhores raças bovinas Italianas
Foto: Divulgação

Concluindo, a assimilação dessas raças na pecuária brasileira é um testemunho do potencial de inovação e adaptabilidade do setor. Elas não apenas reforçam a capacidade de produção nacional como também abrem novos caminhos para o desenvolvimento sustentável e eficiente da pecuária no Brasil, assegurando um futuro promissor para o setor agrícola no país e no mercado global.

Escrito por Compre Rural

VEJA TAMBÉM:

ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM