Progresso em programas de melhoramento genético e genoma apontam carne de qualidade da raça Nelore; marmoreio é cereja do bolo.
Através da Embrapa, a médica veterinária, doutora pela Esalq/USP e pesquisadora da unidade Pecuária Sudeste Luciana Regitano falou sobre os estudos da instituição a respeito de genômica da raça Nelore. “Tornar a seleção dos animais mais eficaz, mais assertiva de tal forma que nós consigamos atingir os nossos objetivos mais rapidamente”, disse a médica veterinária sobre o objetivo da pesquisa.
A partir de 2007, a unidade, em parceria com outras instituições, produziu e acompanhou o desenvolvimento de 800 animais Nelore desde o ventre da mãe para análise de DNA e, posteriormente, estimar a herdabilidade de características relevantes para a produtividade e qualidade de carne. “Só que quando nós analisamos o DNA, nós começamos a olhar a região do genoma que fala ‘olha, isso é importante para a maciez de carne‘, não encontramos nenhum gen”, revelou a pesquisadora.
Foi então que a abordagem da pesquisa mudou e, conforme comparou Luciana, ao invés de buscar o inventário de livros da biblioteca, os pesquisadores passaram a perguntar quais livros estavam sendo lidos e o que determinava isto. “Nós analisamos 200 desses 800 animais pra ver que diferença fazia ser um animal com alta eficiência alimentar ou um animal com baixa eficiência alimentar, que gens são esses que eles estão lendo e nós identificamos neste processo centenas de gens para cada característica: para eficiência alimentar, para diversas características de qualidade de carne, incluindo perfil de ácidos graxos, perfil de minerais”, contou a doutora à equipe de reportagem do Giro do Boi.
“A grande lacuna são os fatores de regulação da expressão. Quando a pesquisa mapeia essas regiões, está mapeando elementos regulatórios do genoma que afetam muitos genes simultaneamente, por isso eles têm uma importância tão grande na variação do fenótipo, para saber se o animal é mais produtivo ou menos produtivo”, divulgou a Embrapa em comunicado sobre a pesquisa.
“Quando nós estimamos a herdabilidade, a maioria das características que nós estudamos tem herdabilidade razoável, quer dizer, elas são possíveis de serem melhoradas por seleção”, confirmou a pesquisadora. Segundo Regitano, a próxima etapa é fazer com que este conhecimento chegue ao produtor de forma prática para que os frutos sejam colhidos no campo. “Elementos para fazer a seleção genômica no Nelore nós temos”, concluiu.
Nelore do Golias e o marmoreio do Nelore
Outro projeto muito importante que ganha notoriedade no cenário pecuário brasileiro é o Nelore do Golias. Resgatada a linhagem Golias à partir de 2003, embora em limitado número, apresentou excelentes índices de seleção para qualidade de carcaça. Em 2018, a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) certificou a Nelore do Golias como a primeira marca de carne Nelore do seu novo programa de qualidade, oficializado pela Plataforma de Qualidade da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), de acordo com as normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Genômica não é verdade absoluta
Nas últimas décadas, uma série de importantes descobertas e avanços na área de análise do DNA propiciou o surgimento da Genômica, ciência que trata do estudo do genoma completo dos diferentes organismos. “Muitos de nós, no meio pecuário, estão levantando a bandeira da genômica como um canal aberto decisivo para um sucesso maior na seleção. Isso não é ou será uma verdade absoluta” – Zootecnista José Otávio Lemos.
Compre Rural com informações do Giro do Boi