Entenda a importância da raça Guzerá para a formação de várias outras raças pelo país; cruzamentos são inúmeros, veja o impacto
O Guzerá foi a primeira raça de gado zebuíno a ser introduzida no Brasil, trazida da Índia pelo Barão de Duas Barras. Entre os anos de 1978-1983, o Guzerá ganhou grande força na região Nordeste do país, pois nesse período houve uma grande seca nordestina e somente a raça Guzerá conseguira sobreviver. Há dados de 70% do rebanho nordestino ser composto apenas por animais dessa raça, uma vez que somente eles conseguiam suportar tamanha estiagem.
O Guzerá, raça bem difundida nos campos brasileiros tem grande histórias ao longo do séculos, fizemos aqui uma linha do tempo para explicar a relação dela com outras raças. A raça Guzerá, segundo levantamento da ABCZ de 2017, corresponde a 4% do rebanho total de zebuínos no Brasil, chegando a um total de 450 mil animais correspondentes, aproximadamente.
Confira abaixo as raças que tem no seu sangue o Guzerá:
Brahman
De 1835 a 1906, o Guzerá foi a raça mais importada para os Estados Unidos e para a America do Sul. Nos Estados Unidos, formou o Brahman. O Guzerá, responsável pela formação do Brahman nos Estados Unidos, agora irá produzir um Brahman brasileiro, de maior altura, maior definição racial, maior rusticidade e melhor habilidade materna. Não é atoa que os ventres Guzerá estão sendo multiplicados aceleradamente, para cumprirem este papel.
- Base do Brahman = Longhorn + Guzerá Brasileiro.
Tabapuã
Desde o início do século XX, alguns pioneiros já selecionavam um animal mocho, com aparência anelorada, a partir de cruzamentos entre o gado Mocho Nacional com o Nelore ou com o Guzerá. As mais antigas anotações mostram a formação deste gado mocho no estado de Goiás, embora tenha sido documentado também no estado de São Paulo e em Minas Gerais.
- Tabapuã = Mocho Nacional + Guzerá ou o Nelore
Santa Gertrudis
A história começou em 1910, no Texas, onde já existiam reprodutores 1/2 sangue Guzerá e Shorthorn. O Santa Gertrudis foi o primeiro gado feito com os olhos voltados para o Comércio. Por isso hoje está presente em 60 países e em 49 estados Norte Americanos.
- Santa Gertrudis = Guzerá + Shorthorn
Lavínia
Existem notícias sobre cruzamento de Pardo Suiça com o Guzerá, desde a década de 20. Vindo do cruzamento com o Guzerá, nenhum outro mestiço foi tão duramente provado, em sua história, como o Lavínia no Nordeste. Sua principal função era enfrentar e sobreviver as secas, sem deixar de produzir crias.
- Lavínia = Pardo Suiça + Guzerá
Pitangueiras
O Frigorífico Anglo, durante a segunda Guerra Mundial, lançou-se num programa destinado a formar um tipo de gado misto, de alta precocidade, pronto para o abate aos 24 meses e matrizes produzindo acima de 15 kg de leite. A nova raça foi plasmada pelo Guzerá e pelo Red Poll. O Guzerá foi eleito pelo porte, carcaça, rusticidade e melhor úbere.
- Pitangueiras = Guzerá + Red Poll
Indubrasil
Raça obtida pela fusão do Guzerá, Nelore e Gir, o sucesso de cruzamento foi tão grande que, além de se espalhar pelo país inteiro, também incentivou suas exportações, entre 1923 e 1924, para os Estados Unidos, com intenção de consolidar a raça Brahman. O Indubrasil dominou a pecuária brasileira desde 1925 até 1945.
Indubrasil = Guzerá + Nelore + Gir
Simbrasil
O Ministério Brasileiro admitiu a raça sintética “Simbrasil” (Simental x Qualquer raça zebuína) como sendo homóloga do “Simbrah” norte-americano (Simental x Brahman). Foi difícil determinar um padrão para o Simbrasil, uma vez que existe animais oriundos de cruzamentos com Guzerá, Nelore, Nelore Mocho, Indubrasil, Gir e outros.
- Simbrasil = Simental + Guzerá ou qualquer outra raça zebuína
Canchim
Os primeiros animais com 5/8 charolês e 3/8 Zebu nasceram em 1953. Tiveram participação na formação do rebanho Canchim 52 touros Charoleses, 8 touros Indubrasil, 4 touros Guzerá, 127 vacas Indubrasil, 9 vacas Guzerá e 9 vacas Nelore. O Canchim vem sendo cruzado com o Nelore, com o Guzerá e até com gado leiteiro comum, sempre com bons resultados.
Guzolando
Desde o início da história do Zebu, no Brasil, houve cruzamentos entre o Guzerá e o gado Holandês. Na modernidade o guzolando volta ao cenário, dessa vez para enriquecer o sangue do gado Girolando. Sem dúvida, a vaca Girolanda, ao ser cruzada com o Guzerá leiteiro, garante um produto 1/2 sangue de alto valor.
- Guzolando = Guzerá + Girolando
Cariri
Trata-se do cruzamento programado entre o Guzerá e o Simental, na Caatinga Nordestina. A formação deste gado aconteceu na região denominada de Cariri Paraibano. Quando já haviam surgido os primeiros sintéticos Cariri, o ministério admitiu o registro da raça Simbrasil (Simental+qualquer zebuíno), daí adotaram o nome de “Simbrasil Cariri”.
- Cariri = Guzerá + Simental
Riopardense
Foi em 1947 que Osmany Junqueira Dias notou que a raça Holandesa precisava de “ajuda” do gado Zebu para suportar o clima tropical. Após três gerações de cruzamentos chegaram no gado “Riopardense”, com 5/8 Holandês, 1/4 Guzerá e 1/8 Gir.
Xingu
A história começou em 1970, quando Roberto Martins Franco tentou obter um mestiço rustico e leiteiro. Pretendia obter melhores novilhos de corte, mais pesados e de crescimento mais rápido. Para lucrar com a heterose, escolheu o Guzerá e o Holandês nacionalizado, ou gado holandezado já com alguma rusticidade. Em 1990, o Xingu já estava consolidado como uma boa opção da pecuária do Brasil Central.
Santa Gabriela
Formado na estação experimental de Sertãozinho (SP), tendo em vista a produção de leite por meio de um gado de dupla aptidão. Obtido por cruzamentos planejados das raças Devon x Guzerá x HVB (Holandês vermelho e branco). As pesquisas continuam em andamento, já contando com usuários nas redondezas.
Outros Bimestiços em formação
Muitos são os trabalhos de cruzamentos no Brasil. Algumas raças européias preconizam abertamente, o uso do Guzerá na formação do gado F2. A geração F1 é feita com gado anelorado e, a seguir, entra o Guzerá, formando o F2.
Raças formadas pelo Guzerá (retirado do livro “Guzerá – o Gado do Brasil” de Rinaldo dos Santos, Edit. Agrop. Tropical)