Raça Kangayan, um bovino primo do Nelore que parece um antílope

O bovino da raça Kangayan é um gado zebuíno que, apesar de sua presença discreta nos círculos pecuários; A raça foi importada da Índia é de porte mediano e com aptidão para pecuária de corte, mas são poucos criadores no Brasil que tem exemplares da raça.

No vasto território da pecuária, diversas linhagens bovinas são reconhecidas e valorizadas por suas particularidades e impacto na produção de carne e leite. Dentro dessa variedade, destaca-se a Cangaian (ou Kangayan ou Kangaian), uma raça de grande relevância com uma história fascinante e única que merece ser explorada e entendida.

Originária da Índia, exemplares desta raça foram introduzidos no Brasil em 1962. Provenientes do sul da Índia, os bovinos da raça Kangayan apresentam porte médio e são especialmente adequados para a produção de carne. Sua robustez e chifres são características distintivas, diferenciando-os de outras raças. Se alguém presumiu que eles estavam relacionados ao guzerá, enganou-se. Acompanhe!

Origem e distribuição

Conheça o gado da raça Cangaian, o zebu desconhecido
Foto; Divulgação

A história da raça Kangayan remonta à Índia, onde faz parte do IV grupo indiano básico, conhecido como gado de Mysore. Originalmente da região de Kongu nadu, próxima à fronteira entre os estados indianos de Tamil Nadu e Kerala, a raça é distribuída em uma ampla área. O nome “Kangan” deriva da cidade de Kyam e também pode ser referida como Cangaian ou Kongu.

No Brasil, essa raça foi introduzida no estado de São Paulo durante os anos sessenta, através de importações. Entretanto, o número de exemplares é relativamente pequeno por aqui, e sua reprodução ocorre de maneira lenta.

Conheça o gado da raça Cangaian, o zebu desconhecido
Foto: Divulgação

Dentre as diversas raças zebuínas presentes no Brasil, a raça Kangayan é uma das menos divulgadas. Diferentemente de raças zebuínas mais populares, como Nelore, Gir e Guzerá, a Kangayan não experimentou um crescimento significativo em sua população. Originária do grupo Misor do gado indiano, essa raça possui características distintivas.

Características distintas da raça Kangayan

Os exemplares desta linhagem exibem um porte de tamanho médio. Sua pelagem apresenta uma tonalidade escura, predominantemente preta, sendo suave ao toque e flexível, enquanto os pelos são finos e curtos.

A conformação da cabeça é marcada por um perfil convexo, onde os chifres, erguidos e curvados, surgem próximos na parte superior, complementados por orelhas curtas, pontiagudas e móveis. Os olhos, proeminentes, são realçados por cílios escuros, e não se pratica a retirada dos chifres nesses animais.

Conheça o gado da raça Cangaian, o zebu desconhecido
Foto: Divulgação

O pescoço é curto e robusto, com pouca proeminência de barbela, enquanto a corcova se destaca por sua firmeza e ausência de inclinação lateral.

Quanto ao corpo, ele se estende amplamente e possui uma boa extensão longitudinal, com um peito amplo e bem coberto por músculos e gordura. O tronco, compacto e robusto, culmina em uma garupa relativamente longa e inclinada, seguida por uma cauda comprida, adornada por uma vassoura escura. O umbigo é curto, e as coxas exibem um desenvolvimento muscular considerável, com membros curtos, porém fortes, e uma excelente estrutura óssea. Os cascos mantêm sua coloração negra característica.

Aptidão

Na Índia, esses animais são valiosos para atividades laborais devido à sua agilidade, robustez e resistência excepcionais. Entretanto, quando se trata de produção de leite, as vacas dessa linhagem deixam bastante a desejar. Quanto à carne, é importante observar que, apesar de serem animais de tamanho médio, seu desenvolvimento não se equipara ao de outras raças indianas.

Conheça o gado da raça Cangaian, o zebu desconhecido
Foto: Divulgação

No contexto brasileiro, as informações sobre a produtividade desses animais são limitadas.

Desvantagens da raça incluem:

  • Cabeça desproporcionalmente grande, apresentando um perfil côncavo.
  • Orelhas de tamanho avantajado.
  • Característica clara no espelho nasal.
  • Presença de chifres móveis.
  • Peito estreito.
  • Giba inclinada para um dos lados.
  • Tórax deprimido.
  • Umbigo pendente.
  • Vassoura da cauda visivelmente clara.
  • Membros excessivamente longos.
  • Problemas de aprumo.
  • Cascos com coloração clara.
  • Ocorrência de criptorquidismo e monorquidismo.
  • Atrofia da vulva.
  • Aspecto feminino em machos e fêmeas com masculinização evidente.

Embora haja poucos criadores no Brasil que mantenham exemplares da raça, ela tem sido preservada com zelo. Apesar da semelhança na coloração da pele com o Guzerá, estudos indicam que as duas raças não têm parentesco direto, sendo a raça Kangayan uma linhagem distinta.

Preservação da raça no Brasil

Os chifres dos animais raça Kangayan têm um formato peculiar, nascendo próximos e se elevando em direção ao topo da cabeça, eventualmente formando um “X” nos exemplares mais velhos, por volta dos 9, 10 anos. Arlindo Drumon, um criador dedicado, é um dos responsáveis por manter a pureza dessa raça no Brasil. Em sua fazenda, Raras Barreiro, localizada em Ituiutaba, ele mantém um rebanho fechado, sem cruzamentos com outras linhagens ou raças, buscando preservar a integridade genética do animal

O kangayan não apresenta bainha e o umbigo é quase imperceptível, ainda segundo o criador. Ele complementa dizendo que é o animal que mais se parece com o antílope, provável ancestral dos bovinos.

Foto: Divulgação

A rusticidade dessa raça confere-lhe uma notável resistência às condições adversas, como secas intensas na região, tornando-a um exemplo de adaptabilidade zebuína. Embora a raça Kangayan ainda não seja explorado comercialmente, Arlindo Drumon está firmemente comprometido em proteger e preservar essa raça rara, considerando-a um banco genético de grande valor.

Sua dedicação à manutenção da pureza da raça desempenha um papel fundamental para garantir que o Kangayan continue a existir como um tesouro genético no cenário agrícola brasileiro, preservando assim sua singularidade e importância histórica.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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