O gado Tuli tem uma história longa e fascinante no continente africano; “não admira que sejam tão resistentes e bem adaptados às nossas condições muitas vezes difíceis”
Vocês já conhecem o nosso apetite por conhecer novas raças, inclusive as do continente africano, nós já falamos do Boran, Afrikaner, Bonsmara e Ankole-Watusi. Conheça o Tuli, uma raça bovina de corte, isto é, dedicada exclusivamente para a produção de carne, originária do Zimbábue, país sem saída para o mar no sul da África conhecido pela impressionante paisagem e pelos diversos animais selvagens, muitos dos quais ficam em parques, reservas e áreas de safári. É um gado indígena muito próximo, geneticamente falando, da raça Tswana de Botswana.
A raça Tswana foi desenvolvida ao longo dos séculos para se adequar ao ambiente árido. Eles eram dóceis, produtivos e altamente férteis. Essas características foram preservadas na raça Tuli. O gado foi originalmente distribuído da estação de pesquisa para agricultores africanos locais, mas os agricultores brancos logo se interessaram pela raça que depois se tornou muito popular. O Tuli também sofreu bastante influência de várias raças africanas, inclusive faz parte da origem do Afrikaner.
O nome da raça vem do Rio Thuli, que margeia a divisa do país com a África do Sul. Os indivíduos da raça são extremamente adaptados às condições quentes e secas predominantes daquela região.
Os animais da raça Tuli normalmente possui um tamanho médio e os machos comportam um pequeno cupim – diferente do avantajado cupim da raça Nelore – e sua pelagem de pêlo curto, lustrosa e brilhante, varia em cor de prata, amarela, marrom dourado a vermelho rico. Normalmente são animais compactos, robustos, de alta fertilidade, robustez, adaptabilidade e excelentes qualidades de carne bovina
Tulis são conhecidos por sua maturidade precoce, natureza dócil, boa capacidade materna e alta fertilidade, e podem suportar calor intenso sem mostrar sinais de estresse. Devido ao seu genótipo único, os Tulis oferecem o máximo vigor híbrido em um programa de cruzamento. A carne do Tuli tem níveis relativamente baixos de gordura (apenas o suficiente para dar um bom marmoreio), e é macia e suculenta.
Nas últimas décadas a genética da raça foi exportada para Argentina, México e Estados Unidos. Na África do Sul foi recentemente desenvolvido um composto de gado Tuli e Limousin, denominado gado Tulim. Quando a Austrália decidiu importar a raça, na década de 1990, usou a transferência de embriões para limitar a possível transferência de doenças e parasitas do gado africano.
“O gado Tuli tem uma história muito longa e fascinante em nosso continente africano. Não admira que sejam tão resistentes e bem adaptados às nossas condições muitas vezes difíceis!” – Esse é o texto usado para descrever a raça no site da associação responsável pela raça no continente africano.
Nas raízes da raça está o gado Sanga, que abrange variações de gado indígena que ocorrem hoje em toda a África, com registros de mais de 5 mil anos na África, mas no sangue do Tuli há também sangue Zebu, de origem indiano.
No início da década de 1940, perto de Tuli, Matabeleland, no extremo sudoeste do Zimbábue, com seu clima desafiadoramente severo, o sulafricano Len Harvey começou a estabelecer a raça que futuramente viria ser o Tuli. Depois de observar as muitas variações do gado nativo da região, escolheu os exemplares mais saudáveis, vigorosos e férteis da raça Sanga; e assim começaram as fundações do Tuli de hoje. Ele trabalhou para o Departamento de Agricultura, então foi capaz de estabelecer um programa de reprodução do governo em Gwanda em uma fazenda de 3.000 acres que ele apropriadamente chamou de Estação de Criação de Tuli.
Em 1948, seu gado estava competindo em feiras de rua em todo o país, vencendo ano após ano e vencendo os concorrentes da raça européia com mais de 300 anos de seleção. O Tuli teve a resistência forjada por milhares de anos de evolução em nossa região. No entanto, eles mantiveram a qualidade da carne e leite que poderia rivalizar com os altos padrões de raças estabelecidas há muito tempo.
Os pecuaristas logo quiseram colocar o nome da raça de “Harvey’s breed”, para homenagear o pesquisador, no entanto ele discordou. Como a raça se originou em Tuli, Matabeleland, e muitos dos animais resultantes eram da cor do lodo vermelho do rio Tuli, Harvey pensou que Tuli era o nome mais adequado para a raça. Em 1955, o Tuli foi registrado no Zimbábue como uma raça indígena. Em 1962, a importante contribuição de Len Harvey para a agricultura no Zimbábue foi reconhecida e premiado e pela Rainha da Inglaterra, naquela época já era a Elizabeth II, falecida recentemente.
Por ser uma raça extremamente resistente ela foi exportada para vários países, como: Botswana, Namíbia, Zâmbia e até Austrália, EUA, Canadá, Argentina e México.
Outro destaque importante da raça –Devido ao seu genótipo único, os Tulis também oferecem o máximo vigor híbrido em um programa de cruzamento.
Será que daria certo no Brasil?
Tuli na Austrália
Tuli no Zimbábue e África do Sul
Fontes: Tuli Cattle Society, Facebook da Associação, Tuli Austrália, The Cattle Site, Tuli Cattle Society of Southern Africa e Tuli Cattle Breeders’ Society
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