O Banco do Brasil pretende redirecionar cerca de 7 bilhões de reais do setor rural para financiar linhas como consumo e habitação, disse nesta sexta-feira à Reuters o vice-presidente de Agronegócios da instituição, Tarcísio Hübner.
“Vamos ter maior flexibilidade para atender segmentos que demandem mais crédito, sem comprometer o financiamento ao agronegócio”, disse Hübner em entrevista por telefone.
A declaração vem um dia após o Conselho Monetário Nacional (CMN) ter reduzido de 65 para 60 por cento o piso de aplicação em crédito rural dos recursos captados pela poupança rural. Ao mesmo tempo, o percentual da poupança rural que os bancos podem aplicar livremente subiu de 14 para 19 por cento.
O BB concentra 92 por cento do crédito rural no país. Os demais bancos captam poupança para crédito imobiliário. Pela regulação, quando um banco não consegue atingir o piso designado para o fim específico, deposita o restante no Banco Central, que remunera pela variação da Selic.
A decisão do CMN veio na esteira da forte desaceleração dos financiamentos imobiliários por parte da Caixa Econômica Federal, que domina o setor com quase 70 por cento do mercado, enquanto prioriza fortalecer seus níveis de capital.
A medida também foi anunciada no momento em que os bancos começam a desenhar seus orçamentos para 2018, incluindo as expectativas de crescimento em cada linha de financiamento.
Segundo Hübner, no caso do agronegócio os desembolsos do BB para o setor cresceram ao redor de 27 por cento em 2017 até agora, em relação à mesma etapa do ano passado, o que indica que o banco deve atingir a expectativa para a safra 2017/18, para qual disponibilizou 103 bilhões de reais.
“O agronegócio está bem atendido, tanto pelo BB quanto por outros bancos e por outros canais de recursos para o setor, como as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio)”, disse Hübner.
Segundo ele, o BB manterá os esforços para manter sua participação de mercado no setor, sem prejuízo dos esforço do banco para crescer em outros segmentos.
“Vamos redirecionar os recursos de acordo com a demanda por financiamentos”, disse, evitando dar detalhes.
Por Aluisio Alves – SÃO PAULO (Reuters)