R$ 315/@: Frigorífico comemora, pecuarista nem tanto!

Após grande pressão da indústria os preços finalmente cederam e fecharam a semana em limite de queda para os custos dos pecuaristas, e agora?

O mercado físico de boi gordo registrou preços mistos nesta sexta-feira, 20, onde as praças trabalham de formas distintas e as ofertas de preços atreladas as escalas de abate das indústrias compradoras. Sendo assim, os estados que apresentam maiores volumes de animais confinados se deparam com pressão de queda neste momento.

Entretanto, do lado de dentro da porteira, as preocupações são grandes diante dessa pressão de baixa. Alguns pecuaristas já dizem que os valores chegaram ao seu limite de queda, tendo em vista os altos custos com reposição e nutrição dos animais. Afinal de contas, preço da arroba pode cair mais?

Apesar da estabilidade, negócios abaixo da referência já são vistos. Para a próxima semana, o cenário atual de escalas de abate relativamente confortáveis pode dar espaço para que a pressão de baixa ganhe corpo.

Segundo a Scot Consultoria, o boi, vaca e novilha gordos estão sendo negociados, respectivamente, em R$315,00/@, R$292,00/@ e R$310,00/@, preços brutos e a prazo.

Em São Paulo, o valor médio para o animal terminado apresentou uma média geral a R$ 314,07/@, na sexta-feira (20/08), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 303,98/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 317,08/@.

O Indicador do Cepea apresentou grande desvalorização no fechamento de ontem e os valores saltaram de R$ 314,70/@ para o patamar de R$ 313,40/@, uma queda de 0,41% na comparação diária. O valor do Indicador teve um recuo de R$ 5,75/@ quando comparado com o valor médio de 30 dias atrás.

Para o ”boi China”, aqueles animais de até 30 meses de idade, os negócios ocorrem até R$320,00/@, preço bruto e à vista. A demanda por essa categoria é maior, tendo em vista a valorização do dólar que tem aumentado a competitividade da carne brasileira e as exportações que seguem em ritmo aquecido, mirando um novo recorde!

Frigoríficos com capacidade mínima de abate

As indústrias seguem operando em capacidade reduzida para se adequar à dinâmica do mercado doméstico, o que mantém a estabilidade nos preços praticados nas principais praças brasileiras.

  • Em São Paulo, as indústrias observaram suas programações avançarem em média 1 útil em comparação a sexta-feira passada,;
  • As indústrias goianas avançaram suas programações de abate em 2 dias, a média do estado agora é 12 dias úteis.
  • Já os frigoríficos do estado de Minas Gerais, mantiveram planejados os abates para os próximos 10 dias úteis;
  • As indústrias de Tocantins e Mato Grosso, encerraram a semana com escala de 8 dias úteis;
  • Já em Mato Grosso do Sul, os frigoríficos encerram a semana com 6 dias úteis programados nas suas escalas;
  • No estado de Rondônia as indústrias conseguem manter 4 dias úteis nas escalas;

Frigorífico confortável, pecuarista nem tanto!

Segundo o médico veterinário Leandro Bovo, sócio-diretor da Radar Investimentos, a máxima de R$ 320/@ pago ao boi-China em São Paulo tem ficado mais difícil de ser vista e, aos poucos, as negociações caminham para o patamar dos R$ 315/@  – algumas indústrias paulistas já testando o patamar dos R$ 310/@.

“São Paulo não está sozinho nessa situação; no estado de Goiás a pressão (de baixa de preços) tem sido até maior”, observa o analista.

Segundo Bovo, o alto custo da engorda no confinamento – que subiu ainda mais depois da quebra da safrinha do milho ocasionada pelos registros recentes de geadas – inviabiliza a estratégia de segurar os animais prontos nas fazendas, à espera de preços melhores.

Forte retração no mercado futuro

Segundo o diretor da Radar Investimentos, depois de romper o patamar dos R$ 323/@, o contrato de outubro/21 (pico da entressafra) operou em queda durante toda esta semana, chegando aos atuais R$ 316/@.

De acordo com dados da Scot Consultoria, o contrato de outubro de 2021 cedeu em torno de R$ 10/@ desde o final de julho, considerando as cotações da última quinta-feira (19/8).

As recentes quedas no mercado futuro também tiraram todo o ágio que havia na curva de preços, com o contrato de setembro/21 oscilando hoje no mesmo patamar de preço do papel com vencimento em agosto/21, enquanto o contrato de outubro/21 está praticamente alinhado com o valor atual da arroba negociada no mercado físico.

Giro do Boi Gordo pelo Brasil

  • Com isso, em São Paulo, a referência para a arroba do boi ficou em R$ 315 na modalidade à prazo, ante R$ 314 a R$ 315 ontem.
  • Em Goiânia (GO), a arroba teve preço de R$ 304, ante R$ 303 a R$ 304.
  • Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 316 a R$ 317, ante R$ 316.
  • Em Cuiabá, a arroba ficou indicada em R$ 308, estável.
  • Em Uberaba, Minas Gerais, preços a R$ 316 a arroba, contra R$ 316, ante R$ 315.

Atacado

Já no mercado atacadista, os preços da carne bovina seguem acomodados. Segundo Iglesias, o ambiente de negócios sugere por maior propensão a reajustes no decorrer da virada de mês, período que conta com maior apelo ao consumo. A expectativa é que a carne de frango mantenha a predileção entre os consumidores no Brasil, consequência das dificuldades macroeconômicas presentes no ano em vigência.

O quarto dianteiro foi precificado a R$ 16,90 por quilo. O quarto traseiro
teve preço de R$ 21,25 por quilo, estável. Já a ponta de agulha foi precificada a R$ 16,90 por quilo.

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