Após bater preços recordes neste ano, o valor do bezerro acabou atingindo o menor valor dos últimos oito meses; Trajetória desvalorização continua!
O mercado da reposição, mais precisamente do bezerro, acabou apontando para mais uma semana de desvalorização nas cotações pelas principais praças pecuárias pelo país. Após flertar com as máximas históricas durante o primeiro semestre de 2021, o mercado de reposição vai demonstrando que está “fadigado”, relata a equipe de analistas da consultoria Agrifatto.
“Isso porque o preço do bezerro em São Paulo fechou o mês de setembro/21 no menor valor dos últimos oito meses e em uma trajetória contínua de desvalorização”, justifica o economista Yago Travagini, consultor de mercado da Agrifatto.
Em São Paulo, o bezerro fechou o mês de setembro/21 cotado a R$ 2.700/cabeça, recuando 5,91% no comparativo mensal. Como o boi gordo recuou 4,15% no mesmo comparativo, o ágio do bezerro sobre o boi gordo bateu a casa dos 42%, o menor patamar desde janeiro/21, informa a Agrifatto.
O Indicador do Bezerro, segundo os dados do Cepea, atingiram o menor valor nesse mês de outubro, com as cotações chegando a uma média de R$ 2.785,00/cabeça. Isso representa um recuo de mais de R$ 88,00/cab em apenas dez dias úteis, considerando o bezerro sul mato-grossense.
Considerando os últimos seis meses, os valores são ainda mais drásticos, já que o recuo seria de R$ 322,70/cabeça. Fazendo uma comparação com o boi gordo gordo, se os patamares de preços ainda estivessem na média, o pecuarista da terminação teria uma arroba de economia.
Segundo a Scot Consultoria, a situação segue apertada para todas as categorias, do Bezerro ao Boi Gordo. A desvalorização não foi apenas para os animais jovens, as fêmeas e animais mais erados – no caso do boi magro – as quedas também foram fortes. Para se ter uma ideia, a vaca magra, atingiu o preço de R$ 285,70/@ para a praça paulista.
Confira abaixo como ficaram as cotações, segundo a Scot, para as categorias de animais machos no estado paulista:
- Boi Magro: R$ 3.700,00 ou R$ 308,30/@
- Garrote: R$ 34700,00 ou R$ 357,90/@
- Bezerro: R$ 2.850,00 ou R$ 12,70/kg
- Bezerro Desmama: R$ 2.60,000 ou R$ 14,40/kg
Ainda segundo a Agrifatto, o registro de dois casos atípicos de vaca louca no Brasil, confirmados no início de setembro e que resultou na suspensão temporária dos embarques à China, não é a única justificativa para essa queda nas cotações.
Até onde vai a queda?
“Ao que parece a oferta de bezerros no mercado já começa a crescer (ainda de maneira tímida), já que a cotação do animal se desvalorizou mesmo em um período em que a sazonalidade anual aponta para alta”, relatam os consultores, em boletim divulgado na terça-feira (5/10).
“Ainda que esteja acima da média histórica (32%), nota-se que a trajetória do ágio do bezerro aponta para baixo, o que pode ser um dos indicativos iniciais de saída de um processo de retenção para descarte de fêmeas”, observa Travagini.
Ainda de acordo com o analista, apesar da sazonalidade anual dos preços da reposição indicar uma melhora no último trimestre do ano (devido à chegada das chuvas e à maior capacidade de “segurar” as negociações), ainda assim, a trajetória atual não favorece muito essa movimentação de alta.
“Com os bezerros que nasceram no início da temporada 20/21, período de maior retenção de fêmeas dos últimos anos, chegando ao mercado neste início de 2022, a tendência é que visualizemos um mercado de reposição cada vez mais pressionado”, ressaltam os analistas.
Hora de pensar na reposição
Diante disso, a tendência natural é que o ágio volte para os padrões de 30% a 32% nos próximos meses, influenciado inicialmente por uma desvalorização do bezerro, acrescentam os consultores da Agrifatto.
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“Para aqueles que necessitam recompor estoques nos próximos meses, um bom cenário de compra está surgindo no mercado”, sugere Travagini.
Avaliando a tendência do mercado do boi gordo, com a saída da China das importações de carne bovina do país, teremos um período – ainda indefinido – de grande desvalorização nos preços da arroba, fato esse que deve impactar no poder de compra do pecuarista e, claro, pressionar ainda mais o mercado da reposição.