Globo Rural foi convidado por telespectador a conhecer o quilombo Bananeira dos Pretos, no município Antônio Gonçalves, na Bahia
O Globo Rural deste domingo (26) foi até quilombo Bananeira dos Pretos, localizado no município Antônio Gonçalves, na Bahia, a convite de um telespectador do programa. A comunidade é formada por 37 famílias que são atendidas pelo projeto Pró-Semiárido, que visa reduzir a pobreza no sertão do estado.
O convite ao Globo Rural foi feito pelo Pedro Henrique, que é técnico em agropecuária do projeto realizado pelo governo da Bahia, em parceria com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, da Organização das Nações Unidas (ONU).
O estado conta com mais de 70% da população de origem negra.
O Brasil, de modo geral, teve diversos dos seus ciclos econômicos, como o açúcar, o tabaco e o algodão, dependentes da exploração de africanos ou afro-brasileiros escravizados, explica Nilton de Almeida, professor na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).
Por todo o país, existem territórios quilombolas. Algumas dessas comunidades já foram reconhecidas pelo poder público, como a Bananeira dos Pretos. A população dessa área trabalha, principalmente, com a produção artesanal da rapadura.
Crescimento da renda
O projeto Pró-Semiárido presta assistência no quilombo Bananeira dos Pretos desde 2017. Antes de ele ter início na região, a maioria das famílias viviam apenas com o Bolsa Família, recebendo em torno de R$ 150 a R$ 200 por mês, diz Telma de Magalhães, agrônoma da iniciativa.
Após a consultoria, a última pesquisa realizada pelo Pró-Semiárido apontou que o padrão melhorou. A renda das mulheres, por exemplo, subiu para R$ 250 a R$ 300 por mês.
Um dos pontos da iniciativa é o foco nas mulheres, valorizando a mão de obra feminina. Elas viraram as contadoras das famílias, anotando tudo o que entra e o que sai, como quais alimentos foram consumidos, quais foram vendidos ou trocados.
Maria Senhora, uma das moradoras do quilombo, conta que agora ela anota quando mata uma galinha, por exemplo, o que antes não era feito.
Tradição da rapadura
A rapadura artesanal é uma das produções chefes do quilombo Bananeira dos Pretos. O item é comercializado na feira de Senhor do Bonfim.
Ela carrega a herança de um trabalho ancestral da população negra com a cana-de-açúcar. Antigamente, ela servia de alimentação, adicionando farinha ou como adoçante no café, por exemplo, explica o historiador e engenheiro ambiental Ivomar Gitânio Silva.
Cada família do quilombo tem a sua própria área de cana-de-açúcar, possuindo cerca de um a dois hectares. Toda a colheita é voltada para a produção de rapadura.
Antes da consultoria ter início, os agricultores tinham algumas dificuldades em tornar a lavoura mais eficaz.
Um exemplo disso é que eles estavam colhendo a cana antes do tempo, quando ainda verdes, e as triturando junto com as maduras, aponta Eduardo Teles, técnico em agropecuária do projeto Pró-Semiárido.
Ele explica que colhendo a cana antes de ela estar madura, era possível fazer no máximo 100 unidades, mas, tratando-a no momento certo, é concebível chegar até a 1500 rapaduras.
Fonte: Globo Rural