Com o custo de produção em queda e o preço de embarque voltando a subir, o spread externo segue se recuperando, tendo sido de 51% em abril e 74% em maio.
Com as quedas dos preços dos insumos da ração em maio, estimamos uma razoável melhora do spread da suinocultura. Na média, o custo da engorda caiu 11,8% e o animal vivo -2,7% em relação ao mês anterior, apontando o spread da atividade para 9%. O custo do quilo de suíno vivo terminado foi da ordem de R$ 5,80 enquanto o animal foi negociado a R$ 6,32/kg.
Do lado da oferta de animais para abate, os dados preliminares do IBGE indicaram que, no 1º trimestre de 2023, foram abatidas 14,14 milhões de cabeças, aumento de 3,5% sobre o mesmo período do ano anterior. Já as exportações seguem apresentando bom crescimento sobre o ano anterior, ajudando no escoamento da produção. Nos cinco primeiros meses do ano, foram
embarcadas 429,3 mil t in natura, aumento de 14,7% sobre igual período de 2022. Somente em maio, foram exportadas 91,1 mil t da carne in natura, 14,3% acima de mai/22. Além
disso, o preço de exportação apresentou novo aumento, de 2,1% sobre o mês anterior, após ter subido 4,2% em abril.
Com o custo de produção em queda e o preço de embarque voltando a subir, o spread externo segue se recuperando, tendo sido de 51% em abril e 74% em maio, neste caso o melhor desde set/20. Na China, os preços de suínos vivos e a carne continuaram fracos. Com leves quedas em maio, o animal vivo foi negociado a CNY 14,5/kg, 8,5% abaixo de mai/22 enquanto a
carne no atacado custou CNY 19,6/kg, 5,0% inferior no mesmo comparativo. Já o rebanho de suínos, em março, caiu pelo terceiro mês consecutivo, acumulando 4,8% de queda no trimestre, o equivalente a 20,7 milhões de cabeças, de um total estimado em mar/23 de 414,8 milhões de cabeças, segundo dados da Shangai JC Intelligence.
Boas exportações
Acreditamos que a perspectiva para a suinocultura continua sendo de melhora, com os custos de produção podendo cair mais e as boas exportações exercendo o papel de enxugar excedentes no mercado interno. Com as temperaturas caindo, o mercado doméstico também entra, a partir de agora, em um momento sazonalmente mais favorável. Ainda assim, este efeito sobre os preços internos pode ser tímido, a depender da dimensão do crescimento da oferta.
Seguimos cautelosos com as expectativas de alta significativa dos preços do suíno no mercado doméstico. Isso se deve ao fato de que o setor não deve apresentar ajuste para baixo do ritmo de produção, sobretudo agora em que as margens estão voltando ao campo positivo, após mais de dois anos sob pressão. O USDA fez leves ajustes na perspectiva para produção global de carne suína em 2023. Para a China, a produção deverá seguir em linha com o ano anterior, na faixa de 55,5 milhões de toneladas, enquanto para os EUA e o Brasil a revisão foi levemente para baixo. Ainda assim, é esperado que os EUA produzam 1,4% a mais em 2023, num total de 12,4 milhões de t, enquanto a produção do Brasil deve crescer 1,7% sobre 2022, totalizando 4,42 milhões de toneladas.
Entre os exportadores, o maior crescimento absoluto continua sendo do Brasil (71 mil toneladas a mais), enquanto os EUA deverão disponibilizar 19 mil toneladas a mais ao mercado externo. Chama atenção a queda de 430 mil toneladas nas exportações da União Europeia em 2023 (- 10,3% sobre 2022), que é o maior exportador mundial. A previsão anterior era de que o recuo fosse de 4,8% ou 200 mil toneladas. Já as importações chinesas deverão crescer 3,5% (75 mil toneladas), num total de 2,2 milhões de toneladas em 2023. A previsão anterior era de 50 mil toneladas amais(2,4%).
Fonte: Consultoria Agro do Itaú BBA
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