Quebra na Argentina deve elevar exportações e esmagamento de soja do Brasil

Bolsa de Cereais de Buenos Aires, Bolsa de Rosario e USDA já reduziram estimativas de produção da oleaginosa na Argentina.

O Brasil deverá exportar mais soja, farelo e óleo em 2023, como forma de compensar a ausência de boa parte da produção argentina, quebrada pelo clima desfavorável.

Segundo o consultor de Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, apesar do aumento da demanda, a supersafra brasileira deve levar a aumento de estoques frente a 2022.

As exportações de soja do Brasil deverão totalizar 94 milhões de toneladas em 2023, acima dos 78,7 milhões indicados para 2022. A previsão faz parte do quadro de oferta e demanda brasileiro, divulgado pela consultoria, e indica um aumento de 19% entre uma temporada e outra. Na previsão anterior, de janeiro, o número era de 93 milhões.

Safras indica esmagamento de 53 milhões de toneladas em 2023 e de 50,07 milhões de toneladas em 2022, com uma elevação de 6% entre uma temporada e outra. Em janeiro, a estimativa era de 52 milhões de toneladas. Quanto às importações, são projetadas 100 mil toneladas para 2023, com queda de 76% sobre 2022.

Em relação à temporada 2023, a oferta total de soja deverá aumentar 15%, passando para 156,378 milhões de toneladas. A demanda total está projetada em 150,5 milhões de toneladas, crescendo 14% sobre o ano anterior. Desta forma, os estoques finais deverão subir 53%, passando de 3,85 milhões para 5,878 milhões de toneladas.

Relatório do USDA

O relatório de março do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que a safra norte americana de soja deverá ficar em 4,276 bilhões de bushels em 2022/23, o equivalente a 116,38 milhões de toneladas. A produtividade foi indicada em 49,5 bushels por acre, mantendo as indicações de fevereiro.

Os estoques finais estão projetados em 210 milhões de bushels ou 5,72 milhões de toneladas, contra 225 milhões de bushels de fevereiro – 6,13 milhões de toneladas. O mercado apostava em carryover de 219 milhões.

O relatório projetou safra mundial de soja em 2022/23 de 375,15 milhões de toneladas. Em fevereiro, a projeção era de 383,01 milhões de toneladas. Os estoques finais estão estimados em 100,01 milhões de toneladas, contra 102,03 milhões de toneladas de janeiro. O mercado esperava por estoques finais de 100,1 milhões de toneladas.

A projeção do USDA aposta em safra brasileira de 153 milhões de toneladas e a produção argentina cortada de 41 milhões para 33 milhões de toneladas.

Safra de soja brasileira e argentina

foto: divulgação

A produção brasileira de soja deverá totalizar 151,42 milhões de toneladas na temporada 2022/23, de acordo com estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Assim, o aumento é de 20,6% na comparação com a temporada anterior, quando foram colhidas 125,55 milhões de toneladas. No mês passado, a Conab apontava safra de 152,9 milhões de toneladas.

A Bolsa de Cereais de Buenos Aires cortou sua projeção para a safra de soja da Argentina de 33,5 milhões para 29 milhões de toneladas. O motivo são as perdas provocadas pelo clima adverso. Na comparação com a média das últimas cinco temporadas, o recuo da safra fica em 16 milhões de toneladas.

Já a Bolsa de Rosario foi ainda mais incisiva e anunciou um corte 7,5 milhões de toneladas em sua estimativa de produção de soja da Argentina para a campanha de 2022/23, para um total de 27 milhões de toneladas.

O analista Bruno Todone, de Safras, disse que os novos cortes na produção “refletem o desastre agrícola sem precedentes que o país [Argentina] atravessa nesta época. Uma combinação letal para todas as culturas agrícolas que são afetadas não só do ponto de vista de rendimentos, mas também com perdas históricas de área sem precedentes, sendo o principal fator que mais impacta a queda na produção”.

Todone não descarta revisar a estimativa de Safras, atualmente em 31,4 milhões de toneladas.

Fonte: Agência Safras

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