Competições de três tambores é um dos esportes equinos mais difundidos no Brasil, confira os custos para comprar e manter o animal
Atualmente, muitas pessoas, especialmente dos grandes centros urbanos, enxergam nas modalidades hípicas o seu principal meio de Lazer. A Equinocultura brasileira vive a fase da profissionalização e, mesmo com a crise, há criadores e investidores que tocam a atividade como negócio. Conheça os pontos abordados pelo jornalista, leiloeiro rural e competidor de Tambor, Marcelo Pardini, acerca dos gastos com o cavalo de alta performance:
Quanto custa, em média, a manutenção do cavalo de Tambor no Brasil?
No país, o preço praticado pelo mercado varia entre R$ 700,00 e R$ 1.800,00. Esses valores incluem os cuidados básicos com o animal, tais quais, ração para cavalo-atleta, sal mineral de rápida absorção, volumoso de alto teor proteico e cama de baia limpa e seca. Inclui também o treinamento do animal, além de os cuidados na parte do manejo. Despesas veterinárias (consultas, medicamentos, cirurgias, vitaminas e vacinas) e com casqueamento ou ferrageamento são cobradas à parte.
Não é barato manter um cavalo de Tambor, mas nesta conta entra um fator determinante: o amor
E quanto aos equipamentos?
Uma boa sela custa em torno de R$ 2.500,00. No referido caso, o produto é artesanal e feito em couro, sendo ideal para cavaleiros amadores, pois tem: acento confortável e mais alto (resultando num encaixe perfeito para o cavaleiro); barrigueira anterior com saída bem abaixo do paralama (conferindo maior liberdade às pernas do competidor); parte traseira ajustada (reduzindo o impacto no dorso-lombo do cavalo); além da beleza do bordado ou do balaiado, e da qualidade dos acessórios que a compõem – cabeçada em couro (de uma orelha ou testeira), rédea de corda trançada, peitoral em couro, barrigueiras (dianteira em neoprene e traseira em couro) e manta ortopédica.
É preciso comprar um cavalo para praticar a modalidade?
Em vários centros de treinamento há a possibilidade de utilizar os animais da própria escolinha de equitação. Quando for comprar um cavalo é preciso levar em conta seus anseios, o feedback passado pelos treinadores, respeitando o nível de montaria do equitador e o objetivo do mesmo em relação à prática hípica, além, é claro, do valor destinado ao investimento.
Existe a possibilidade do arrendamento?
A prática do arrendamento é legal e está prevista no Regulamento Geral de Provas da ABQM (Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha). Em grosso modo, o arrendamento funciona ao criador que não tem um “bom piloto” para a sua tropa e ao competidor que não possui um cavalo. Essa situação ainda serve para atender o caso daquele cavaleiro que possui um animal, mas o mesmo se encontra em estágio de doma (ainda não participando das provas) ou está lesionado (impossibilitado de competir). O arrendamento é uma via de mão dupla, sendo interessante para ambos os lados, podendo agregar valor tanto ao cavalo como ao cavaleiro, não precisando o proprietário dispor do animal nem o competidor gastar alta soma na compra de um equino.
Há diferença no trato de um cavalo de Esporte para um de Lazer?
Sem dúvida. Tudo que ajudar na performance do animal, desde que não agrida a natureza do equino e seja permitido pela FEI (Federação Equestre Internacional), deve ser incrementado. Anualmente, os grandes laboratórios veterinários, as fábricas de ração, minerais e vitaminas, os produtores de forrageiras, e os demais integrantes da cadeia equestre investem boa parte de seus faturamentos em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, sempre visando a melhorar o desempenho dos animais. Sendo assim, o trato difere de um animal de Esporte para um animal de Lazer, pois, entre outras nuances, há o consumo e o gasto energético bem destoantes entre as referidas atividades.
Por fim, quais os custos para levar um cavalo para a prova?
Os gastos podem ser divididos da seguinte forma: exames laboratoriais obrigatórios (Anemia Infecciosa Equina e Mormo); atestado de sanidade; GTA (Guia de Trânsito Animal); transporte (frete); taxa de recinto; locação de baia, e inscrições. Isso somado resulta em torno de R$ 1.000,00 por animal a cada evento. Somando a manutenção com os gastos nas competições, o cavalo de Tambor custa cerca de R$ 2.500,00 por mês.
Mais do que falar sobre números e definir se é uma atividade economicamente viável, ressalto que o meio do cavalo é o melhor formador de caráter para as crianças. Nas provas, a meninada lida com pessoas de diferentes etnias, credos e classes sociais: aprende sobre compreensão e respeito. Nos torneios, o jovem lida com derrotas e vitórias, trabalha a aceitação e a humildade. E, sobretudo, reconhece limites, os próprios e os do seu estimado companheiro de quatro patas.
Marcelo Pardini – jornalista, leiloeiro rural e cavaleiro amador.
Via Info Horse