Engana-se quem pensa que, para trabalhar no campo, não é necessário uma boa formação.
Quando se trata de mercado de trabalho no agronegócio, aproveitar uma boa oportunidade de emprego passa pela formação acadêmica qualificada e capacidade técnica para gerenciamento.
Para formar mão de obra adequada às necessidades do setor, responsável por uma participação de 23,5% no PIB brasileiro, a Faculdade CNA oferece 40 vagas com bolsa integral para o curso superior em tecnologia de gestão do agronegócio. As bolsas são destinadas aos estudantes que tiveram notas a partir de 550 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos últimos três anos.
As bolsas 100% integral, para os três anos de duração do curso, são ofertadas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), entidade ligada à Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). Primeira instituição de ensino do país voltada exclusivamente para o agronegócio, a faculdade CNA recebeu conceito 4, numa escala de 1 a 5, e está entre as melhores instituições de ensino do Brasil, de acordo com o ranking divulgado pelo Ministério da Educação. O curso é presencial, realizado em Brasília e, para este ano, as inscrições podem ser feitas até 10 de fevereiro, pelo site www.faculdadecna.com.br.
O candidato que não participou do Enem ou não alcançou a pontuação mínima no exame pode optar pelo processo seletivo pré-agendado. Essa é a situação de Ronie dos Reis Santos, que obteve 540 pontos na última prova do Enem, e participa do vestibular agendado nesta quarta-feira, 7. Morador de Samambaia, o rapaz, de 25 anos, cursou dois anos de administração, na faculdade Anhanguera. O incentivo da namorada, Patrícia, estudante de agronomia, foi decisivo para que Ronie enxergasse o diferencial, no mercado de trabalho, de um curso voltado para o agro. “Sempre gostei dos assuntos do campo, mas, hoje, dá para perceber que as pessoas estão mais interessadas em se profissionalizar no agronegócio”, explica.
Ronie relembra que, há pouco mais de duas décadas, a família trabalhava com agriculturafamiliar, na zona rural de Correntina, município da Bahia. A falta de conhecimento e de cultura dos pais, aliada à ação de grileiros, acabou fazendo com que o pai, Martiniano, trocasse a propriedade e a atividade no campo pela perspectiva de trabalhar na construção civil, em Brasília. “Estou tendo uma oportunidade de seguir os passos dos meus pais, que vieram da roça, mas acabaram vendendo a nossa terra a preço de banana. Só que agora vou ter o conhecimento técnico para resgatar um pouco a nossa história, ajudar a família e também os outros”, comemora o rapaz.
Águeda Recio Y Alvarez Faúla, 26 anos, vive o sonho de 10 entre 10 recém-formados. A jovem se formou na primeira turma de Tecnologia de Gestão do Agronegócio, em 2016. Em janeiro de 2017, Águeda foi contratada pelo Instituto CNA, uma associação civil sem fins lucrativos, que realiza estudos e pesquisas sociais e do agronegócio, e desenvolve tecnologias alternativas para a produção e divulgação de informações técnicas e científicas, com foco no meio rural. Atualmente, Águeda atua em um projeto de pesquisa que prevê o plantio de cultivares no semiárido brasileiro.
A jovem, que tem dupla cidadania — brasileira e espanhola –, mora em uma chácara em Nova Betânia, nas imediações do PAD-DF (Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal). No local, a mãe, Maria Del Mar, cuida da horticultura e da criação de equídeos. Em 2009, Águeda entrou no curso de Ciências Ambientais, na Universidade de Brasília (UnB), mas, após dois anos, trancou a matrículam porque chegou à conclusão de que curso não atendia às suas expectativas. “Quando a gente é mais nova, não tem certeza direito das coisas, mas entendi que Ciências Ambientais não era bem o que eu queria. O curso da UnB tem uma pegada mais ambiental e eu queria focar na área rural”, explica.
Quando saiu da UnB, a jovem começou a participar de capacitações em temas relacionados ao campo, boa parte deles no Senar. Até que, no início de 2014, descobriu que poderia fazer o curso superior em Tecnologia de Gestão do Agronegócio, com uma bolsa de estudos que cobria 75% das mensalidades, por causa de sua nota no Enem. “Hoje o campo é tecnológico e se busca uma maior eficiência na produção. Estamos saindo dessa cultura de que trabalhar no campo é uma atividade informal, realizada de qualquer jeito e sem estudos preliminares”, analisa Águeda.
Oportunidades
Danilo Silva Labes, 27 anos, está no quinto semestre do curso na Faculdade CNA. Quando se formar, o rapaz quer atuar na área de bolsa de valores, com foco no mercado futuro de soja. Essa é uma das opções de trabalho, mas o jovem vê inúmeras possibilidades para a atuação do gestor de agronegócios. “É um erro achar que, nessa região, o mercado de trabalho em agro é fraco. Existe um enorme cinturão verde em volta do DF, que está cheio de grandes empresas do agro e que demandam profissionais preparados para atuar em todos os segmentos”, enfatiza Danilo.
“Nós aprendemos muito com os erros, mas, se eu tivesse feito o curso antes, mesmo a distância, teria contribuído mais na administração das propriedades rurais dos meus pais e de outros membros da família”. O desabafo é de Lucimar Pereira Lopes, 43 anos, casada, três filhos, que se formou em gestão do agronegócio no fim do ano passado. Lucimar e o marido, Juarez, engenheiro, administram, a distância, uma propriedade de 230 hectares na zona rural de Contagem, Minas Gerais.
O casal, que já se dedicou à criação de gados de leite e de corte, trabalha, atualmente, em um projeto para a implementação de agricultura irrigada, com pivô central, para o cultivo de soja, milho e feijão, na sua fazenda, em Minas Gerais.
“Historicamente, o setor agropecuário perde trabalhadores devido à introdução de tecnologias mecânicas. Mas, mesmo assim, precisa de mão de obra para lidar com essas tecnologias, assim como as inovações químicas e biológicas” José Pastore, professor da USP
Informações: Correio Braziliense