Se o consumidor realmente soubesse quais são os diversos processos pelos que passa o leite até chegar às gôndolas do supermercado, entenderia o quanto é barato o preço que paga pelo produto.
Simplificando, comece pensando nos custos com alimentação das vacas, os cuidados diários com estes animais, investimentos em ordenha mecânica para facilitar e agilizar o processo da retirada do leite, manutenção dos equipamentos e treinamentos dos funcionários, sem contar que é preciso acordar de madrugada para fazer a ordenha, sem finais de semana ou feriados.
E o produtor, que antes de tudo é um apaixonado pela pecuária de leite, recebe entre R$ 0,80 e R$ 1,40 (variando de lugar para lugar e se a qualidade do leite for muito boa), por litro de leite entregue à indústria.
Quando um dos processos falha, os custos aumentam e a rentabilidade despenca. Por este motivo o produtor tem que investir na capacitação dos funcionários, que poderão antecipar diversos problemas.
Em Ituiutaba, colaboradores da Fazenda Mamona passaram por treinamentos promovidos pelo Sistema Faemg/Senar e Sindicato Rural, que ensinam a trabalhar de forma integral os cuidados com as vacas. Além deles, produtores rurais e profissionais de outras áreas do setor agropecuário também participaram dos cursos de Qualidade do Leite e Casqueamento.
Pode parecer curioso, mas uma capacitação está diretamente ligada à outra. Quando os cascos vão bem, os animais têm melhor desempenho e produzem mais. Quando o leite tem qualidade, é testado e aprovado, os resultados são sentidos no bolso, porque algumas industrias remuneram por isto.
“O leite é o único produto que é entregue durante um mês todo para depois saber quando ele valerá. Então o produtor fica desestimulado, pois só saberá quanto vai ganhar após 30 dias produzindo e entregando para indústria. Por este motivo, o pecuarista precisa investir na qualidade do leite. Com os cursos do Senar Minas os colaboradores vão aprender a lidar com a higiene das instalações, dos tetos dos animais, deles mesmo – os ordenhadores, durante e depois da ordenha, e da limpeza dos equipamentos. É bom para o animal e para o produtor, pois diminui o risco de ter mamite.”, explica Dênio de Figueiredo, instrutor de pecuária de leite.
Ainda segundo Dênio, a qualidade do leite se torna superior, a indústria remunera melhor, sabendo que este produto renderá mais, produzindo mais queijo, iogurte e outros derivados. O consumidor também ganha, pois terá um produto de melhor qualidade.
“Por este motivo estes cursos são importantes para que ele tenha menos prejuízos e animais mais saudáveis, desde os cascos até o leite que produzem.”, comentou o instrutor.
Casqueamento gera bem-estar animal
Já no caso do casqueamento o segredo é a prevenção. Quando o produtor cuida constantemente dos cascos de seus animais, mantém o curral limpo e utiliza o pedilúvio, vários problemas são evitados. No caso dos animais que passam pelo preventivo e mesmo assim tem algum machucado nos cascos, tem que passar pelo processo curativo.
“Sempre ensinamos que o melhor momento para fazer o casqueamento na vaca é quando ela ‘sai de férias’ ou seja, quando o leite está secando. Neste momento o produtor verifica as condições das patas e olha os cascos e se for percebido algum ferimento já se faz o tratamento. Por este motivo é fundamental que os funcionários estejam preparados para fazer o casqueamento a tempo e a hora que o problema surgir”, falou o instrutor. Neste sentido, o Senar tem um papel importantíssimo na qualidade dos rebanhos atualmente, porque treina de forma eficiente e globalizada os colaboradores das fazendas, melhorando a mão de obra rural.
“Com os cursos do Senar Minas os participantes passam por experiências que nunca imaginam passar. Fiz os dois treinamentos, entrei com muitas dúvidas e sai bem resolvida profissionalmente. Os participantes acabam também trabalhando o lado pessoal, porque vivenciam e acabam valorizando o trabalho no campo. Vimos o pessoal tirando leite de madrugada e até embaixo da chuva e esses trabalhadores vão pra lida honrar o trabalho que fazem. Cresci muito como pessoa e como profissional”, acrescenta Magali Fátima dos Santos, engenheira agrônoma.
Exemplo de que o curso muda a rotina e melhora o manejo é Bruno Ribeiro de Freitas, produtor rural de 23 anos. Logo após terminar a capacitação já fez o casqueamento de duas vacas, que estavam precisando do procedimento.
“Cresci em fazenda, mas depois do curso percebi que o manejo pode ser até mais fácil, quando se aprende as técnicas. Já implantei algumas mudanças na minha forma de ordenhar e também consegui casquear minhas vacas. Foram dias de muito aprendizado e prática. Só não aprende com os cursos do Senar quem não quer”, comentou o jovem produtor.
Viviane Santana via SENAR