
O Japão comprou 725 mil toneladas equivalente a carcaça em 2024; delegação brasileira foi até oriente negociar acordo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou a intenção de fortalecer o comércio bilateral entre Brasil e Japão e afirmou que a meta é superar a relação comercial de US$ 17 bilhões registrada em 2011. Lula citou a perspectiva de lançar negociações de acordo com o país durante a presidência brasileira do Mercosul e disse contar com tecnologia japonesa para o Brasil se transformar em país desenvolvido.
As declarações aconteceram durante cerimônia de assinatura entre o Brasil e o Japão nesta quarta-feira, 26. O evento aconteceu após uma reunião bilateral entre Lula e o primeiro-ministro, Shigeru Ishiba.
De acordo com Lula, o Brasil e o Japão têm uma relação comercial de US$ 11 bilhões, mas, em sua avaliação, isso não corresponde ao tamanho das economias. Diante disso, o País quer aumentar seu comércio com o Japão: “Queremos vender e comprar”, afirmou Lula.
O Ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, falou sobre a possibilidade da habilitação brasileira. “Sobre a abertura do mercado japonês para a carne bovina brasileira, já temos avanços previstos a partir desta viagem. Esperamos que as autoridades japonesas anunciem a visita de técnicos especializados ao Brasil para conhecer nosso sistema produtivo, incluindo frigoríficos e medidas sanitárias”, disse o ministro.
“Além disso, estamos prestes a receber, pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), o certificado que reconhece todo o território brasileiro como livre de febre aftosa sem vacinação, uma exigência fundamental do Japão. Esse reconhecimento deve ocorrer em maio e, com a visita dos especialistas japoneses, estaremos dando um passo decisivo para a abertura do mercado japonês à carne bovina brasileira.” – disse Fávaro.
Qual o tamanho do mercado de carne do Japão?
Segundo dados do último relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em 2025, a exportação de carne bovina brasileira deve crescer 0,7%, na comparação com 2024. Não é segredo que em 2024 batemos recorde, com 2,5 milhões de toneladas de carne bovina in natura embarcadas, aumento de 26,9%, quando comparamos com 2023.
O faturamento em dólares subiu 22,8%. Os principais compradores da carne bovina brasileira são China, Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos, nessa ordem.
O assunto não surgiu hoje, mas desde o início do ano, o tema da abertura de mercados, com destaque para o Japão, tem sido pauta. Outros mercados que estão no foco são Turquia, Vietnã e Coreia do Sul.
Historicamente, o Japão apresenta demandas relacionadas ao status quanto à febre aftosa, situação que tem evoluído no Brasil, o que colabora com o andar das negociações. Entretanto, o interesse comercial do país também deve ser fundamental nesse cenário.
Atualmente, o Japão é o terceiro maior importador mundial de carne bovina. Segundo o USDA o país comprou 725 mil toneladas equivalente carcaça (tec) em 2024 e deve importar 720 mil tec em 2025.
Atualmente os EUA e a Austrália são os principais fornecedores de carne bovina. Entretanto, os americanos estão na fase de alta do ciclo pecuário, com oferta limitada e preços em alta. A projeção do USDA é de que a produção de carne bovina no país seja 4,0% menor em 2025, na comparação anual.
Com a alta nos preços, a carne brasileira ganhou espaço no mercado norte-americano.
Além de ganharmos espaço no mercado dos Estados Unidos, quando analisamos sob a ótica dos compradores japoneses, a diferença de preços entre o fornecer (EUA) e o possível (Brasil) aumentou, deixando a possibilidade ainda mais atrativa.
O Japão tem trabalhado com uma inflação alta para os parâmetros do país. Em dezembro, o índice oficial ficou em 3,6%, em doze meses. Para os alimentos a inflação foi de 6,1%.
Assim, diante das altas de preços nos cortes americanos e com a preocupação com a inflação do país, os japoneses encontram no Brasil uma possibilidade de adquirir produtos de qualidade e de menor preço.
Cabe a ressalva que existem diferenças entre os produtos brasileiro e norte-americano, do ponto de vista de destinação e posicionamento, mas a carne brasileira tem potencial para incomodar os outros fornecedores.
Com informações do consultor e diretor da HN AGRO, Por Hyberville Neto, e colaboração de Isabella Camargo, zootecnista e analista da empresa.
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