Qual o melhor momento para vender o seu gado?

A bovinocultura de corte apresenta inúmeros desafios e tem passado por mudanças significativas, com ganhos expressivos em produtividade.

Alguns riscos, se analisados ao longo do tempo, podem ser minimizados quando identificado um comportamento comum na série de dados. Analisar o comportamento sazonal dos preços, a partir de dados diários, é uma das estratégias para a tomada de decisões do pecuarista e o planejamento de sua produção.

Essa observação pode ser útil na hora da compra de insumos e, também, na venda dos animais.

No caso do boi gordo, em relação aos preços médios reais deflacionados pelo IGP-DI de set/2017, verificou-se que maio é o mês que tende a apresentar os menores preços da arroba na série histórica do Cepea para as regiões de São Paulo, iniciada em 1997.

A diferença entre os mínimos e máximos anuais, com base na série do Cepea, fica entre 7,49% e 7,60% para as praças que integram Araçatuba, Bauru/Marília, São José do Rio Preto e Presidente Prudente. Já para o Indicador ESALQ/BM&FBovespa do Boi Gordo, a variação é de 7,67%, conforme ilustrado na Figura 1.

O que a Figura 1 demonstra é que, por exemplo, se o produtor está em abril com o animal pronto para abate, aguardando que o valor da arroba suba em maio, é importante que ele tenha em mente que a probabilidade de isso ocorrer é pequena em anos típicos, considerando-se as estatísticas históricas.

Nesse sentido, é importante que ele saiba quanto o animal vai custar por mais um mês na propriedade, bem como o ganho de peso estimado.

Entre fevereiro e maio, a sazonalidade não só fica abaixo da linha vermelha como segue em queda. Isso pode ser explicado pela lei da oferta e da demanda.

Conforme chega o final do período das águas, o volume de animais prontos para o abate é maior. De acordo com estimativas do Cepea, aproximadamente 90% dos animais são terminados a pasto no Brasil.

Do mesmo modo, a partir de maio, a oferta de animais começa a se reduzir e o índice de sazonalidade sobe, sendo superior a 100 (a média) a partir de setembro.

CONFINAMENTO

Como apresentando na Figura 1, a partir de setembro, o índice supera a linha vermelha: ou seja, os preços tendem a subir, atingindo o ápice de 104,09 em novembro. Para confinadores, essa é uma informação estratégica, uma vez que os animais terminados nesse mês podem chegar aos maiores valores do ano.

Após as chuvas se regularizarem, de setembro em diante, em dois ou três meses, o volume de gado gordo a pasto passa a aumentar. A partir de novembro, o índice começa a ceder, mas mantém-se acima de 100 até janeiro e em 100 em fevereiro, caindo a partir de então.

TRADUZINDO PARA OS PREÇOS

O índice de sazonalidade é uma ferramenta estatística. Porém, o pecuarista pode observá-lo no dia a dia. A Figura 2 ilustra a diferença dos preços médios reais, isto é, descontada a inflação, entre maio e novembro, desde 1998.

Em quatro dos 19 anos, os preços em novembro foram inferiores aos de maio. Ainda assim, pouco abaixo, cerca de 4% ou 5%. Por outro lado, as altas são expressivas e alcançam 33% em 2010.

OUTRAS REGIÕES

Ao analisar o índice de sazonalidade nas 24 praças acompanhadas pelo Cepea, incluindo as quatro do estado de São Paulo, 54% delas apontam maio como o mês de menor preço, e novembro, o de maior.

A sazonalidade tende a mudar conforme as características edafoclimáticas das regiões diferem da de São Paulo e, também, conforme a oferta de grãos para terminação intensiva no período da seca é maior. Quanto maior a oferta de grãos, maior tende a ser o volume de gado confinado, reduzindo a diferença entre o volume ofertado na safra e na entressafra.

ANOS ATÍPICOS

Quando há choques na cadeia, os preços podem não se comportar dessa forma, como tem ocorrido em 2017.

Se não há problemas políticos ou extremos climáticos, entretanto, a sazonalidade é uma boa ferramenta para a tomada de decisão e o planejamento da produção.

RECADO FINAL

Pecuarista, 2017 é um dos mais desafiadores anos para a cadeia. Além de olhar para o mercado no curto prazo, uma estratégia é compreender como os preços se comportam.

A rentabilidade da sua atividade não é apenas resultado do preço de venda dos seus animais. Porém, planejar o momento de venda pode trazer melhores resultados.

Além disso, intensificar sua produção também é uma forma de girar mais rapidamente seu fluxo de caixa. Compreender a sazonalidade no custo de produção também é estratégico.

Esta análise foi realizada com os dados de boi gordo do Cepea. A base de dados é composta por informações de escritórios de compra e venda, do frigorífico e POR VOCÊ, pecuarista.

Sempre que vender seus animais, informe o Cepea. Não tem custo, mantemos sigilo absoluto e você ainda recebe análises como essa, gratuitamente. Para comunicar seus negócios, basta enviar uma mensagem pelo Whatsapp para o número (19) 99420-3080, dizendo “vendi meu gado e quero informar”. Entraremos em contato assim que recebermos sua mensagem.

METODOLOGIA

Estes resultados foram calculados com base no modelo de sazonalidade descrito por Hoffmann (2002), aplicado para commodities.

Esse método normaliza as variações da série, diminuindo os efeitos abruptos ou atípicos de uma base de dados. Pretende-se, assim, buscar um valor matemático que expresse o comportamento de preços em período típicos, em que não há choques de oferta, nem de demanda.

Autores: Sergio De Zen, Thiago Bernardino de Carvalho, Mariane Crespolini e Marianne Tufani

Fonte: Tortuga DSM

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