O teor de proteína é o melhor indicador para definir a escolha da forrageira? O fator que mais interfere no desempenho adequado de animais em pastejo é a disponibilidade de forragem
A proteína é um dos indicadores que historicamente o produtor rural se acostumou a olhar quando vai decidir pela forrageira que irá estabelecer em sua fazenda. Contudo, não é recomendado que a decisão seja baseada em apenas um critério. No momento da tomada de decisão deve-se considerar também as exigências climáticas, os aspectos do solo da região, qual será o sistema de produção, além da categoria/espécie animal que fará uso dessa pastagem.
A proteína é um nutriente orgânico extremamente necessário, indispensável para o crescimento, a reprodução e a produção animal. Por ser um dos constituintes mais importantes do corpo do animal, uma vez que está presente em todas as células e tecidos, deve-se sempre atender as exigências dos animais para que não seja um nutriente limitante nas diferentes fases de vida.
Após o nascimento, à medida que os bovinos evoluem em peso corporal, exigem uma quantidade crescente de proteína pois há um intenso crescimento muscular, até atingir a puberdade, quando preferencialmente depositam gordura. Contudo, mesmo em fases que eles necessitam de maiores quantidades de proteína, esse requerimento pode ser facilmente atendido com forrageiras tropicais bem manejadas.
Para facilitar a visualização e o entendimento, o desenvolvedor de produtos da Barenbrug do Brasil Joaquim de Paula elaborou um gráfico que evidencia as exigências de proteína bruta (PB) e de consumo de matéria seca (CMS) baseado em metas de 700 gramas/dia para animais zebuínos em pastejo.
A fase de recria demanda maior atenção, mas pode trazer um maior retorno do investimento, visto que é uma fase em que animais possuem alta eficiência de conversão em ganho de peso. Nesta etapa observa-se que para alcançar metas de 700 gramas/dia por um bovino zebuíno, é necessário que a forrageira apresente entre 10,5 e 11,1% de PB.
Veja que não são valores considerados muito elevados e facilmente encontrados em pastos bem manejados. Vale destacar que assim como a deficiência, o excesso de proteína ingerido pelos animais pode ser prejudicial, pois haverá um alto gasto energético para eliminar o excedente, prejudicando o desempenho animal.
No entanto, o fator que mais interfere no adequado desempenho de animais em pastejo não é a qualidade da forragem, mas sim a sua disponibilidade. “Um dos grandes desafios da produção de bovinos em pastejo no Brasil está em atender as exigências de consumo de matéria seca. Muitas vezes o produtor não respeita a capacidade de suporte da pastagem e acaba prejudicando o desempenho dos animais” destaca Joaquim.
Por outro lado, existem situações em que há disponibilidade de alimento, porém, com baixa qualidade: “Quando o problema não é a falta de forragem, o problema pode ser o excesso. Alguns produtores acham que ter um pasto com uma elevada massa de forragem é benéfico, quando muitas vezes não é. Um pasto mal manejado, que ultrapassou a sua altura de manejo, apresenta excesso de talos e de material morto, componentes que dificultam a apreensão e limitam a ingestão de matéria seca, além de ter uma baixa qualidade, pois apresentam uma grande quantidade de fibra indigestível e baixo teor de proteína “afirma o especialista.
Conquistar uma pastagem produtiva com teor de proteína adequado deriva de diversos fatores, além da escolha da espécie forrageira. O manejo do pasto é, de modo geral, o fator que mais determina a qualidade. Um dos critérios que podem ser utilizados é manejar o pasto com base na altura, pois além de coincidir com o momento que o pasto apresenta sua ótima produção de forragem, com maior qualidade.
“Deve-se colocar os animais para pastejarem quando a forrageira alcança a altura de manejo recomendada, momento em que a planta obtém uma maior proporção de folhas. Os animais preferem as folhas ao buscarem o alimento em pastejo, e é nela onde há a maior concentração de proteína e maior digestibilidade da fibra” explica Joaquim.
Dentro das técnicas de manejo de pastagem está a utilização da adubação, especialmente a nitrogenada. Quando realizada de forma assertiva, com os objetivos claros para maximizar a produção de forragem e desde que os outros nutrientes do solo estejam equilibrados, esta prática pode ser encarada como determinante para elevar os teores de proteína bruta. Contudo, a técnica deve ser acompanhada de um correto manejo do pasto, pois a falha na colheita da forragem pelo animal impedirá o alcance dos objetivos desejados.
É importante ressaltar que no período de seca a deficiência de proteína nos pastos é maior. Por isso, nesse momento o ideal é adotar a suplementação para que a demanda animal seja atendida. Com isso, é possível acelerar o ganho de peso dos animais e diminuir o tempo para o abate, aumentando a produtividade animal.