Qual é o melhor método para suplementar bezerros desmamados?

Estudo compara blocos de melaço e suplementos misturados na dieta, analisando impacto na saúde, ganho de peso e ingestão de nutrientes de bezerros. Veja qual é o melhor método para suplementar bezerros desmamados.

O desmame é um dos momentos mais críticos no ciclo de produção de gado de corte, representando um desafio tanto para os bezerros quanto para os gestores. Essa fase exige adaptação a novas dietas, ambientes e à exposição a patógenos que podem comprometer a saúde e o desenvolvimento dos animais. Adotar estratégias adequadas de manejo, suplementação e controle de estresse é fundamental para garantir o sucesso dessa transição.

Entre as práticas recomendadas estão protocolos de vacinação, manejo pré-desmame e o fornecimento de nutrientes essenciais, como minerais traço e aditivos alimentares, que fortalecem o sistema imunológico e promovem ganhos consistentes no peso. Contudo, a eficácia de diferentes métodos de suplementação ainda levanta debates.

Um estudo conduzido pela SDSU (South Dakota State University) analisou como diferentes estratégias de fornecimento de nutrientes afetam o desempenho, a saúde e o ganho de peso de bezerros desmamados. Confira abaixo os detalhes e os principais resultados da pesquisa.

O experimento utilizou 192 bezerros mestiços desmamados de uma única fazenda no oeste de Dakota do Sul. Com base em estudos prévios, esses animais apresentavam baixas concentrações de cobre no fígado, o que tornou ainda mais relevante avaliar como diferentes métodos de suplementação poderiam reverter essa deficiência.

Os bezerros foram divididos em três grupos, recebendo tratamentos diferentes:

  1. CON (Controle): Dieta suplementada com minerais inorgânicos para atender às necessidades básicas.
  2. TUB (Cuba de melaço): Dieta suplementada com um bloco de melaço contendo minerais orgânicos e culturas de levedura.
  3. FORCE (Suplemento misturado): Dieta suplementada com minerais orgânicos e levedura, incorporados diretamente à ração.

Duração do experimento: 49 dias, com foco especial nos primeiros 28 dias, período crítico para a adaptação alimentar.
Análises realizadas: Ingestão de ração, concentrações de cobre no fígado e desempenho de crescimento.

1. Consumo de ração e blocos de melaço

  • Os bezerros do grupo TUB consumiram, em média, 0,25 libras por dia do bloco de melaço durante os primeiros 28 dias, abaixo do recomendado (0,33 a 0,5 libras).
  • O consumo foi maior nos primeiros nove dias, mas caiu significativamente depois desse período.
  • Já os animais do grupo FORCE apresentaram maior ingestão de ração ao longo de todo o experimento, superando tanto os grupos TUB quanto CON.

2. Concentrações de cobre no fígado

  • Todos os grupos começaram com concentrações de cobre quase nulas.
  • O grupo FORCE registrou os maiores níveis de cobre no fígado ao longo do estudo, indicando a maior eficácia na reposição desse mineral.
  • O grupo TUB também apresentou melhoras significativas em relação ao controle, atingindo níveis adequados de cobre no dia 14.

3. Ganho de peso

  • Os bezerros do grupo FORCE ganharam, em média, 11 libras a mais durante as sete semanas, comparados aos demais grupos.
  • Apesar disso, não houve diferenças significativas na eficiência alimentar entre os grupos.

Eficácia das abordagens de suplementação

Tanto o uso de blocos de melaço (TUB) quanto o suplemento misturado à ração (FORCE) foram eficazes em reconstituir os estoques de minerais traço, especialmente cobre. No entanto, a abordagem FORCE mostrou-se superior em termos de ganho de peso e ingestão geral de nutrientes.

Os blocos de melaço apresentaram consumo limitado após os primeiros dias, mas ainda assim oferecem uma alternativa prática e menos trabalhosa para manejos que visem reduzir o custo de mão de obra.

Por outro lado, o suplemento misturado proporciona maior controle sobre a ingestão e resultados consistentes.

  1. Escolha da estratégia depende dos recursos disponíveis:
    • O método FORCE é mais eficaz, mas pode demandar maior esforço na mistura e no controle da dieta.
    • Os blocos TUB, embora menos eficientes no longo prazo, oferecem conveniência e economia de tempo.
  2. Adaptação ao consumo inicial:
    • A queda no consumo dos blocos TUB após os primeiros dias indica que períodos mais curtos de uso podem ser suficientes para atender às demandas nutricionais iniciais.
  3. Cuidados com a saúde:
    • Apesar de resultados de saúde semelhantes entre os grupos no estudo, condições reais de manejo podem ser mais desafiadoras, com maior risco de doenças em cenários de mistura de lotes e baias superlotadas.

A escolha entre blocos de melaço e suplementos misturados depende das prioridades do produtor. Se o objetivo é maximizar ganho de peso e reposição de minerais em curto prazo, a abordagem FORCE é a mais indicada. No entanto, para sistemas que priorizam a praticidade, os blocos TUB oferecem uma solução viável, embora menos eficiente em resultados gerais.

Independentemente do método escolhido, garantir a ingestão de nutrientes essenciais durante o desmame é crucial para a saúde e o desempenho futuro do rebanho.

Traduzido e adaptado pela Equipe Compre Rural com informações do Beef Magazine

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM