Qual a diferença entre um animal eficiente de um ineficiente?

A eficiência de um animal é frequentemente medida pela sua capacidade de converter a alimentação em ganho de peso, com foco em minimizar o consumo de matéria seca para atingir o mesmo desenvolvimento corporal.

Em um mercado cada vez mais competitivo, identificar os “campeões da eficiência” dentro do confinamento é como encontrar ouro. Animais que fazem mais com menos podem ser o diferencial entre prejuízo e lucro no final do ciclo. A eficiência de um animal é frequentemente medida pela sua capacidade de converter a alimentação em ganho de peso, com foco em minimizar o consumo de matéria seca para atingir o mesmo desenvolvimento corporal. Essa métrica não apenas define o rendimento do animal, mas também impacta diretamente nos custos operacionais.

A eficiência alimentar se destaca como um dos principais indicadores econômicos na pecuária. Estudos mostram que um animal eficiente consome, em média, quase 1 kg a menos de matéria seca por dia em comparação a um animal ineficiente, mas ainda assim atinge o mesmo ganho de peso. Em um confinamento com 10.000 cabeças, essa diferença aparentemente pequena se traduz em uma economia expressiva: quase R$ 2 milhões ao final do ciclo, considerando o custo médio de alimentação.

Indicadores-chave de eficiência e ineficiência animal

Qual a diferença entre um animal eficiente de um ineficiente?
Foto: © Tim Scrivener

Entender os indicadores-chave que definem a eficiência e a ineficiência animal é essencial para todo pecuarista. Os principais fatores incluem o peso ao nascer, a taxa de crescimento, a conversão alimentar e a taxa de mortalidade. Esses indicadores são essenciais para avaliar a eficiência alimentar, pois demonstram quanto de alimento o animal precisa consumir para ganhar peso. Em média, um bovino de confinamento eficiente é capaz de ganhar aproximadamente 1,5 kg de peso por dia, consumindo entre 2,5% e 3% de seu peso corporal em matéria seca. Essa proporção equivale a cerca de 10 kg de matéria seca por dia para um animal de 400 kg. No entanto, animais ineficientes podem exigir até 15% a mais de alimento para obter o mesmo ganho de peso, elevando significativamente os custos.

Outro indicador fundamental é a Conversão Alimentar Residual (CAR), que representa a diferença entre o consumo real de alimento de um animal e o consumo previsto com base em seu peso e ganho de peso. Animais com CAR positivo consomem mais matéria seca do que o necessário, caracterizando-se como ineficientes, enquanto aqueles com CAR negativo requerem menos alimento para o mesmo ganho de peso, sendo considerados eficientes.

Por exemplo, em um lote de 1000 cabeças de gado, animais com CAR negativo podem consumir cerca de 0,8 kg a menos de matéria seca por dia do que seus pares com CAR positivo, o que, ao final de um ciclo de confinamento de 100 dias, representa uma economia de 80 toneladas de alimento. Essa diferença tem impacto financeiro direto: considerando o custo da matéria seca a R$ 1,20 por kg, o confinamento de animais eficientes gera uma economia de R$ 96.000 apenas em alimentação.

Animal Eficiente vs. Animal ineficiente

Para entender o impacto da eficiência, consideremos dois animais confinados com ganho de peso idêntico (1,5 kg por dia) ao longo de 100 dias de confinamento. A única diferença entre eles é a Conversão Alimentar Residual (CAR): um animal possui CAR negativo (eficiente) e o outro CAR positivo (ineficiente).

O animal eficiente, com CAR negativo, consome cerca de 10 kg de matéria seca por dia, enquanto o animal ineficiente, com CAR positivo, consome aproximadamente 11 kg de matéria seca para o mesmo ganho de peso. Esta diferença de 1 kg de matéria seca a menos por dia parece pequena, mas seu impacto cresce exponencialmente quando multiplicada pelo número de dias e cabeças em um confinamento de grande escala.

Em um confinamento com 10.000 cabeças, a diferença no consumo diário totaliza 10 toneladas a menos de matéria seca por dia para o grupo de animais eficientes. Ao longo de 100 dias, isso representa uma economia de 1.000 toneladas de matéria seca. Com o custo médio de matéria seca a R$ 1,20 por kg, essa redução no consumo gera uma economia direta de R$ 1,2 milhão ao final do período.

Se considerarmos ainda que o lucro adicional de um animal eficiente é potencializado por seu menor custo alimentar, em escala, isso pode elevar a margem de lucro significativamente. Em um cenário conservador, a diferença em consumo e eficiência entre animais eficientes e ineficientes pode gerar um incremento de quase R$ 2 milhões no lucro total do confinamento.

Qual a diferença entre um animal eficiente de um ineficiente?
Foto: Divulgação

Lucro Direto: Quanto cada tipo de animal gera em R$ para o produtor

Para entender o impacto direto da eficiência animal no lucro do produtor, vamos comparar o rendimento de dois tipos de animais – um eficiente e outro ineficiente – ao longo de um ciclo de confinamento. Suponha que ambos os animais estejam no confinamento por 100 dias e apresentem o mesmo ganho de peso diário. A diferença entre eles está no consumo de matéria seca, que é menor no animal eficiente (com CAR negativo) e maior no ineficiente (com CAR positivo).

Animal Eficiente (CAR Negativo): Este animal consome cerca de 10 kg de matéria seca por dia, ao custo de R$ 1,20 por kg. Assim, seu custo diário de alimentação é de R$ 12,00. Ao longo de 100 dias, o custo alimentar totaliza R$ 1.200. Com um ganho de peso otimizado e menor custo de alimentação, esse animal gera um lucro líquido de R$ 5.000 ao final do ciclo.

Animal Ineficiente (CAR Positivo): O animal ineficiente consome aproximadamente 11 kg de matéria seca por dia, totalizando um custo diário de R$ 13,20. Em 100 dias, o custo de alimentação chega a R$ 1.320R$ 120 a mais do que o animal eficiente para o mesmo ganho de peso. Esse aumento no custo alimentar reduz seu lucro líquido para R$ 3.000 ao final do ciclo.

Impacto financeiro em grande escala

Ao priorizar animais eficientes, o pecuarista maximiza seu lucro. Considerando um confinamento de 10.000 cabeças, a diferença no lucro líquido entre animais eficientes e ineficientes representa R$ 2 milhões a mais para o produtor (R$ 50 milhões para o lote de animais eficientes contra R$ 30 milhões para o lote de ineficientes).

Manter animais ineficientes no sistema gera um “custo oculto” que afeta diretamente a rentabilidade da operação. Esse custo não se reflete apenas em gastos extras com alimentação, mas também na necessidade de maior infraestrutura e mão de obra para manejar animais com menor desempenho.

Benefícios da eficiência: Sustentabilidade e resiliência ao manejo

Animais eficientes consomem menos matéria seca para obter o mesmo ganho de peso, o que reduz significativamente a quantidade de insumos necessários. Em média, animais eficientes podem consumir quase 1 kg a menos de matéria seca por dia do que animais ineficientes. Em confinamentos de larga escala, como um lote de 10.000 cabeças, isso representa uma economia de 1.000 toneladas de matéria seca em um ciclo de 100 dias. Essa economia se traduz em menor pressão sobre a produção de grãos e pastagens, reduzindo a pegada de carbono e o uso de recursos naturais. A menor geração de resíduos resulta em menos emissão de gases de efeito estufa, uma vantagem competitiva para a pecuária brasileira em um mercado global cada vez mais orientado para a sustentabilidade.

Resiliência ao manejo

Animais eficientes tendem a ser mais resilientes a condições de manejo desafiadoras, mantendo um desempenho satisfatório mesmo em situações adversas, como mudanças climáticas, restrições de pastagem ou ajustes na dieta. Essa capacidade de adaptação é um diferencial importante, pois reduz a necessidade de ajustes constantes no manejo e minimiza o risco de queda no desempenho. Em um setor onde as condições podem variar muito, especialmente no Brasil, essa resiliência contribui para a estabilidade da produção e para o retorno sobre o investimento.

Qual a diferença entre um animal eficiente de um ineficiente?
Foto: Divulgação

Por que não identificar animais eficientes é um grande prejuízo no Brasil

Ignorar a eficiência animal significa abrir mão de um potencial de lucro significativo. Em uma análise simplificada, um animal eficiente pode gerar até R$ 2.000 a mais de lucro por ciclo em comparação com um animal ineficiente. Em um confinamento de 10.000 cabeças, a identificação de animais eficientes poderia resultar em um aumento de R$ 20 milhões no lucro anual da operação. Esses animais exigem menos insumos, diminuem os custos de produção e fortalecem a competitividade da pecuária brasileira no mercado internacional.

A pecuária brasileira, uma das maiores do mundo, enfrenta desafios crescentes de sustentabilidade e eficiência. Adotar práticas que priorizam animais eficientes não apenas assegura maior rentabilidade, mas também permite que o setor continue competitivo em um mercado global que valoriza sustentabilidade. Em outras palavras, a eficiência animal representa uma vantagem econômica e ambiental estratégica para o futuro da pecuária.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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