Diferente do que vimos nos últimos anos, a venda de reprodutores não decolou e as médias de preço registradas declinaram nas principais leiloeiras do Brasil. A explicação está na combinação explosiva entre seca, crise político-econômica e virada do ciclo pecuário.
O resultado não poderia ser outro que a queda nas vendas e nos preços. Se em 2015, vimos touros comercializados a uma média entre R$ 10 e R$ 12 mil, no ano passado as médias mal passaram dos R$ 9 mil. Mas, ainda assim estão em patamares satisfatórios.
Maurício Tonhá, proprietário da Estância Bahia Leilões já esperava um ano difícil. “A pecuária terminou com preço mais barato do que começou”, disse o empresário ainda no último mês de novembro. A Estância Bahia também amargou uma queda de 15% na comercialização de touros.
Em 2015 mais de 10 mil lotes passaram pelo martelo da empresa sediada em Água Boa, no estado do Mato Grosso. A média de preço também caiu de R$ 9,2 mil para R$ 8,2 mil (recuo de 10%). Saldo negativo, apesar de menor, também foi sentido na Central Leilões.
Com 12,5 mil touros negociados, a retração foi de apenas 1,4% e a média geral ficou em R$ 9 mil. Em relação a 2015, o valor médio do touro de cruzamento regrediu 15%. Despencou de R$ 8,9 mil para R$ 7,5 mil na leiloeira sediada em Araçatuba (SP). “A boa notícia ficou por conta dos touros Nelore, que atingiram valorização de 2,5%, fechando em R$ 9,4 mil”, destaca o proprietário Lourenço Campo.
O Rio Grande do Sul foi uma exceção e chegou a movimentar médias de R$ 13 mil, especialmente nas raças sintéticas, mas também registrou negócios na casa dos R$ 8 mil.
Na contramão das demais, segundo Paulo Horto, a Programa Leilões conseguiu, timidamente, superar os números de 2015, atingindo a marca de 25 mil reprodutores ofertados, um crescimento de 4%. Quanto à média geral, essa ficou em R$ 9,7 mil, 2% acima dos R$ 9,5 mil computados pelo empresário também em 2015.
Avaliação Genética agrega valor
Uma boa notícia é o fato dos entrevistados serem unânimes ao apontar que as diferenças esperadas na progênie (DEP) estão realmente agregando valor aos reprodutores, uma tendência observada especialmente nos últimos seis anos.
Entretanto, Horto alerta que para ter um bom resultado nos acasalamentos é fundamental que o criador conheça muito bem o gado que possui, assim, ele poderá adquirir o touro certo para aumento da sua rentabilidade.
Tonhá aponta que um touro avaliado geneticamente já vale 10% mais nos remates da Estância Bahia. Já o titular da Central Leilões, Campos, vai mais além e acredita que esse plus já deve arranhar os 40%.
Essa análise do mercado de touros foi criada por mim no Guia do Criador, da Revista AG, em 2010. A proposta é ouvir as principais empresas leiloeiras do Brasil para que seja possível avaliar o comportamento das vendas anuais de touros. A matéria desta edição é assinada por Bruno Santos.
Por Adilson Rodrigues , Fonte Blog Pec Nética