O óleo da castanha-de-caju é rico em ácidos graxos insaturados, apresenta sabor e aroma característicos da amêndoa, assim como o azeite de oliva
O conhecimento é uma ferramenta importante para o desenvolvimento das cadeias produtivas. Com esse objetivo, a Embrapa Agroindústria Tropical realiza uma série de estudos e pesquisas que visam à inovação no sistema de produção do caju. Essas novidades podem ser encontradas em publicações disponíveis no Repositório de Informação Tecnológica da Embrapa (Infoteca Embrapa). O público beneficiado vai desde produtores rurais, passando por extensionistas, técnicos agrícolas, até estudantes e professores de escolas rurais e cooperativas. Confira, a seguir, os títulos mais recentes.
Do campo à indústria, a Embrapa atua no desenvolvimento de processos agroindustriais sustentáveis. Para as atividades no campo, o estudo “Inseticidas registrados para controle de pragas do cajueiro e sugestões de manejo”, elaborado por pesquisadores da Embrapa Agroindústria Tropical, aponta os insumos para o controle de pragas do cajueiro registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). De acordo com o estudo, atualmente existem cinco inseticidas registrados para o controle de sete pragas do cajueiro. Os defensivos, com seus diferentes princípios ativos, apresentam ação de contato, ingestão, sistêmica e fumigação. Das sete pragas com registro de inseticidas, seis ocorrem em condições de cultivo no campo e uma ocorre na pós-colheita em condições de armazenamento.
Os pesquisadores destacam o bioinsumo Delegate (spinetoram), registrado para quatro pragas, sendo o defensivo com maior espectro de ação para as pragas listadas, que são: Broca-das-pontas (Anthistarcha binocularis), Lagarta-saia-justa (Cicinnus callipius), Tripés-cinta-vermelha (Selenothrips rubrocinctus), Traça-das-castanhas (Anacampsis phytomiella). Além do controle com bioinsumos, a pesquisa demonstra que, para algumas das pragas relacionadas, são sugeridas outras recomendações alternativas de manejo, além da possibilidade do controle químico. Em síntese, os pesquisadores tratam das técnicas e tecnologias existentes para a produção de alimentos mais seguros e de maior qualidade.
Para as atividades na indústria, o estudo “Recomendações para Avaliação Rápida da Qualidade de Castanhas-de-caju Destinadas ao Beneficiamento Industrial” aponta os procedimentos para auxiliar e tornar mais ágil o processo de compra de castanha-de-caju, pelo aumento da eficiência do processo de análise qualitativa da matéria prima. De acordo com o Comunicado Técnico, estima-se que a amêndoa representa em torno de 60% dos custos de beneficiamento e produção. Dessa forma, a sua qualidade é fator preponderante na lucratividade do negócio, pois gera amêndoas de tipos superiores e, portanto, de maior valor comercial, além de possibilitar menores custos de beneficiamento. As tecnologias abordadas são divididas em duas etapas: avaliação preliminar (não invasiva), considerando-se, principalmente, as características agronômicas; e avaliação por parâmetros industriais (invasiva).
Na primeira etapa, o avaliador deve considerar, basicamente, o aspecto visual. Essa avaliação é mais rápida, não invasiva e deve-se ater aos seguintes critérios: tamanho da castanha; formato da castanha; coloração da casca; integridade física da castanha; presença de matérias estranhas e impurezas; estádio de secagem; presença de castanhas furadas, imaturas ou chochas. Na segunda etapa, são avaliadas as características das amêndoas, e, portanto, requer ações invasivas para o corte das castanhas. As principais características a serem avaliadas são: teor de umidade, utilizando-se aparelho determinador de umidade que permita uma determinação analítica rápida; percentual de castanhas avariadas; rendimento industrial (no corte), determinado a partir da relação percentual entre o peso das amêndoas após a decorticação e o peso das castanhas.
Ainda em se tratando de estudos voltados ao desenvolvimento industrial do setor, o folder “Óleo da amêndoa de castanha-de-caju” traz uma abordagem relacionada às novas estratégias de utilização de matéria-prima, qualidade nutricional, saúde e rentabilidade. O óleo da castanha-de-caju é rico em ácidos graxos insaturados, apresenta sabor e aroma característicos da amêndoa e, assim como o azeite de oliva, é fonte de ácido oleico – substância nutricional importante para redução das doenças cardiovasculares. Pode ser consumido em saladas e finalização de pratos, é uma alternativa ao azeite de oliva ou a outros óleos de amêndoas, como macadâmia e castanha-do-pará.
Além de fazer bem à saúde, o novo óleo resolve um problema da indústria de processamento de caju: a agregação de valor às amêndoas quebradas. De acordo com a pesquisa, cerca de 40% das amêndoas são quebradas no sistema mecanizado industrial, provocando a redução de 50% no preço de venda do produto. A produção do óleo a partir dessas amêndoas proporciona um destino nobre às partes quebradas e incrementa a renda dos produtores.
Os estudos apresentados demonstram que a Embrapa atua junto ao setor produtivo da área de alimentos para a geração de produtos, processos e tecnologias inovadoras que respondam aos requisitos de conveniência, praticidade, sensorialidade e saudabilidade dos produtores e consumidores no âmbito da cajucultura. As linhas de trabalho da Unidade objetivam ampliar o uso e agregar valor à biodiversidade brasileira, com redução dos impactos ambientais e aproveitamento integral das matérias-primas.
Fonte: Embrapa