Protecionismo mostra as garras e agronegócio do Brasil sofre, diz Maggi

Sem mencionar diretamente embargos, ministro da Agricultura diz que problemas são consequência do sucesso do agronegócio brasileiro

O protecionismo começa a mostrar suas garras no mercado internacional e o Brasil sofre com isso. Foi o que afirmou, nesta quarta-feira (6/6), o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, para quem é o sucesso da produção agropecuária brasileira o real causador da resistência enfrentada pelo país em alguns mercados internacionais.

“À medida que ficamos cada vez mais fortes e mais presentes no mercado internacional, outros concorrentes se voltam contra o Brasil. Infelizmente, vivemos um momento na econmomia internacional onde o protecionismo começa a mostrar suas garras”, disse Maggi, em discurso durante o anúncio do Plano Agrícola e Pecuário para a safra 2018/2019.

Neste momento, a produção de carne suína sofre embargo da Rússia, sob o argumento de ter detectado resíduos do vermífugo ractopamina. Já a carne de frango enfrenta restrições na União Europeia por conta dos desdobramentos da Operação Carne Fraca, iniciada no ano passado. E a carne bovina in natura ainda está sob embargo dos Estados Unidos depois da detecção de abscessos atribuídos à vacina contra a febre aftosa, doença da qual o país passou neste ano a ser considerado livre com necessidade de vacinação.

Em seu discurso, em Brasília, Maggi não fez menção direta a essas dificuldades, citando apenas que há um “problema no mercado internacional” ao referir-se à situação atual da avicultura e suinocultura. Tampouco sinalizou alguma perspectiva de solução.

Ressaltou apenas que as exportações da agropecuária brasileira devem gerar US$ 97,3 bilhões de receita neste ano, o que, se confirmado, superará em US$ 9,3 bilhões o resultado de 2017.

Segundo o ministro, o Brasil deve exportar algo em torno de 85 milhões de toneladas de soja em grão e farelo, um milhão de toneladas de algodão, 32 milhões de toneladas de milho, 35 milhões de sacas de 60 quilos de café, além de 28 milhões de toneladas de açúcar. Esse desempenho deve contribuir para o saldo comercial da agropecuária chegar a US$ 83 bilhões em 2018.

“É o setor que tem dado alegrias ao país, dado ao país o suporte necessário. Se não fosse o agronegócio brasileiro, o senhor teria muito mais dificuldades, além de todas aquelas que Vossa Excelência já tem para comandar o país”, ressaltou Maggi, dirigindo-se ao presidente Michel Temer, que também compareceu à cerimônia de anúncio do novo Plano Safra.

POR RAPHAEL SALOMÃO
Fonte: Globo Rural

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