Em live, o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, disse que o anúncio será feito pelo Ministério da Agricultura nesta quinta-feira.
Em live transmitida na noite desta quarta-feira (17/6) pela revista Globo Rural para debater os principais pontos dos R$ 236,3 bilhões em recursos para o novo Plano Safra 2020/2021, o superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi, revelou que haverá uma linha de crédito exclusiva para assistência técnica no âmbito do Pronaf, que atende os agricultores familiares.
“Um ponto que a gente conversou com o secretário (da Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Fernando Schwanke) e se já pode adiantar é que haverá financiamento só para assistência técnica”, disse Lucchi.
Diferente do último ano, o Ministério da Agricultura resolveu abordar as linhas para agricultura familiar no Plano Safra de forma separada. O anúncio acontece nesta quinta-feira (18/6), às 10 horas, e será transmitido pelos canais da pasta no Facebook e YouTube.
“A gente já tem trabalhado na CNA para cada vez mais difundir a assistência técnica no Brasil. É um processo fundamental. O crédito, a pesquisa e a assistência técnica transformaram a agropecuária na potência que ela é hoje. Tudo isso somado ao empreendedorismo dos nossos produtores”, ressaltou ele.
A live desta quarta-feira transmitida pela Globo Rural no Facebook, YouTube e LinkedIn discutiu também o financiamento da produção agrícola, taxas de juros para o segmento e a renegociação de dívidas rurais. Contou, também, com a presença de Fernanda Schwantes, assessora técnica da Comissão Nacional de Política Agrícola da CNA, e foi mediada por Cassiano Ribeiro, editor-chefe da Revista Globo Rural. Confira os principais pontos da live transmitida pela Globo Rural:
Taxa de juros
Para o superintendente técnico da CNA, a redução das taxas de juros foi um dos principais avanços no programa. “Tivemos boas notícias no que se refere à agricultura empresarial. A taxa de juros que era 8% caiu para 6% ao ano. No caso dos outros segmentos, a taxa do Pronamp (médio produtor) de 6% caiu para 5% ao ano e do Pronaf (pequeno agricultor), que variava de 3% a 4,6% ficou entre 2,55% e 4% ao ano”, disse. “Foi grande o esforço da ministra Tereza Cristina (Agricultura), conversando com a Economia e com os bancos”, completou.
Na avaliação da assessora técnica Fernanda Schwantes, a redução dos juros, ainda mais depois de o Copom ter colocado a taxa Selic a 2,25% ao ano, é importante.
No entanto, é preciso reduzir também o spread bancário – encargo que funciona como uma espécie de garantia cobrada pelas instituições bancárias na tomada de financiamentos. “A gente acha que a queda na taxa de juros ao produtor em função da queda nessas fontes de financiamento passa também pela redução nas instituições financeiras dos custos administrativos e tributários”, disse.
Com a contratação de recursos por canais digitais, como aplicativos ou sites, e da autorização para mais instituições financeiras oferecerem crédito rural, a tendência, segundo ela, é de queda nos juros. “Esses R$ 236,3 bilhões não são de uma fonte única e a gente tem que considerar todas essas especificidades para considerar se essa taxa está adequada ou não”, afirmou ela.
Linhas para investimentos
Schwantes entende como positiva a redução de juros no novo Plano Safra, mas ressaltou que não houve um pedido da CNA para taxas menores em linhas para financiar investimentos, caso do Moderfrota (aquisição de máquinas e equipamentos), Moderinfra (infraestrutura) e Inovagro (aportes em inovação tecnológica).
O importante, diz ela, é assegurar os recursos anunciados em cada uma das linhas do programa até o final do ciclo agrícola. “A gente não fez uma proposta específica da taxa de juros desses programas de investimentos, mas a solicitação da CNA é que os recursos fossem alocados para essas linhas prioritárias, para que não chegue em janeiro e fevereiro e o produtor procure a instituição financeira e não tenha mais esse recurso disponível”, pontuou.
Na opinião de Lucchi, o governo tem um papel importante para melhorar o ambiente de negócios, visando atrair investimentos privados para o setor. “O crédito rural oficial hoje representa de 30% a 33% do setor. Os outros 33% vem de tradings e cooperativas e os outros 33% vem de produtores com capital próprio. É importante dizer que ele nunca vai suprir toda a demanda do setor, ele vai suprir parte”, afirma.
“A dinâmica do agro brasileiro é muito maior do que a velocidade que o governo consegue aportar (em termos de) recursos ou taxa de juros. Nós temos que melhorar o arcabouço legal para que a gente consiga atrair o mercado privado. Para que o produtor tenha fontes alternativas, com taxas baixas, e capital disponível”, completou o superintendente técnico da CNA.
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Seguro rural
Questionada sobre o aumento de R$ 300 milhões na subvenção ao seguro rural, para o total de R$ 1,3 bilhão, Fernanda Schwantes lembrou que um estudo elaborado pela CNA em parceria com a Universidade de São Paulo apontou que o mercado já teria condições de absorver R$ 1,6 bilhão nessa categoria.
No entanto, ela entende que é necessário um aumento de forma “gradativa” dos recursos. “A gente está bem alinhado com o governo em relação a essa ampliação gradativa de seguros porque é necessário melhorar toda a rede de corretores e peritos, que é um mercado relativamente novo no Brasil”, disse a assessora técnica da CNA.
Fonte: Globo Rural