Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne, o Promebo, se originou na tese de Mestrado do zootecnista Luiz Alberto Fries; o programa acompanha cerca de 10 raças no Brasil
Um dos principais programas de seleção genética do país completa 50 anos em 2024. Para esta celebração, a Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares (ANC) prepara um evento de intensa troca de informações sobre genética e avaliação de bovinos de corte, a Fenagen, entre os dias 3 e 7 de julho, em Pelotas (RS).
O evento vai consolidar os avanços ocorridos no Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne (Promebo) do seu início até agora, onde houve muita mudança dentro das propriedades e na forma como o melhoramento passou a ser executado da porteira para dentro, gerando resultados da porteira para fora, até chegar ao consumidor final na forma de uma carne de qualidade, macia e suculenta.
Tudo começou com a visão do zootecnista Luiz Alberto Fries. Em seu trabalho de mestrado, ele coletou dados, segmentou e cruzou genéticas, mostrando que os pecuaristas poderiam lançar mão de certas ferramentas para melhorarem a qualidade de seus rebanhos e, com isso, terem uma criação mais produtiva.
Sistematizados os dados a serem coletados e especificados os itens de avaliação, o projeto recebeu o nome de Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne (Promebo). “Antes de Fries e seu estudo, a seleção era feita apenas pelo controle de desenvolvimento ponderal, que consistia em pesagens feitas em momentos estratégicos, mas sem considerar a genealogia dos animais”, conta a Superintendente de Registros da ANC, Silvia Freitas. Ela ressalta que no programa de melhoramento genético a grande vantagem é que se enxerga o potencial genético do pai e da mãe daquele indivíduo. “Então o Promebo veio revolucionar neste sentido”, celebra.
O trabalho de Fries iniciou em 1973 com a coleta de dados de 352 animais de duas propriedades. Os primeiros a abrirem a porteira para a semente do Promebo foram João Vieira de Macedo Neto, da Estância Santo Izidro (hoje Cia. Azul), e Ignácio Bicca de Freitas e Ciro Manuel Bicca de Freitas, da Cabanha São Marcos. Ao todo, foram 27 produtores que se disponibilizaram a terem o gado avaliado dentro da tese de Mestrado “Sugestões e bases para um programa de controle de produção de gado de corte, a nível de fazenda no Rio Grande do Sul”, defendida em 1974, na Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
Cerca de 20 anos atrás, o próprio Luiz Alberto Fries, em entrevista para uma revista especializada, destacou a importância da parceria com Macedo, da Santo Izidro, para a criação do Promebo. “A gente só conseguiu testar o Promebo lá, inclusive a sua fase de sobreano, porque os animais nascidos na primavera de 1972 já possuíam, todos, os dados necessários tomados na sua desmama, no outono de 1973. Ou seja, o Macedo já vinha fazendo o seu Promebo interno. O mais importante, foi ele quem propôs e provocou a co-participação da ANC, Ufrgs e Farsul, para dar início ao Promebo”, revelou.
A superintendente da ANC destaca que 50 anos do Promebo é um marco histórico para um programa que evoluiu ano a ano e que, depois do ingresso da tecnologia, teve mais ferramentas entregues aos pecuaristas. “Ao longo destes 50 anos, inúmeros rebanhos foram aderindo ao programa e isso foi dando, cada vez mais, consistência às avaliações, porque a gente tem um número de animais significativos sendo comparados, a gente permite dessa forma que as pessoas consigam descartar e reter os animais menos e mais produtivos, respectivamente, com mais precisão”, explica Silvia.
Um pouco mais sobre o PROMEBO
O programa de melhoramento consolidou-se como o principal programa de seleção para as raças britânicas e sintéticas, homologado pelo MAPA. Possui um banco de dados com mais de 900 mil animais inscritos das raças Aberdeen Angus, Braford, Brangus, Canchim, Charolês, Devon, Hereford, Shorthorn, Ultrablack, Simental e Bubalinos.
Utiliza uma metodologia de análise matemática avançada, porém de simples aplicação a campo, desde que cumpridas todas as etapas necessárias da reprodução dos ventres até a avaliação de sobreano dos produtos. O manejo visando ao melhoramento genético é de responsabilidade do proprietário, sendo que as avaliações de mangueira, realizadas em épocas estratégicas (desmama e sobreano), são executadas por avaliadores credenciados pelo programa.
Consiste em um sistema moderno e econômico que, através da seleção, promove o melhoramento genético do rebanho de corte de todo o Brasil. É aberto para animais puros de origem, puros controlados e cruzamentos. O programa visa aumentar a pressão de seleção para características herdáveis e de importância econômica, tais como peso ao nascer, ganho de peso do nascimento ao desmame, ganho de peso pós-desmame, habilidade materna, conformação de carcaça, precocidade de acabamento, musculatura, tamanho entre outras.
Laços genéticos entre rebanhos, determinados pelo uso de touros em comum, principalmente através da Inseminação Artificial, são o que permitem a comparação de indivíduos de diferentes rebanhos. Portanto, as avaliações genéticas do PROMEBO® oportunizam, através da Metodologia de Modelos Mistos e da existência de laços genéticos, comparações válidas e adequadas entre animais de toda uma população ou raça, fornecendo a chamada Diferença Esperada na Progênie (DEP).
A DEP é obtida a partir de uma base de dados única e centralizada, englobando os rebanhos conectados das raças registradas e controladas pelo programa na ANC, sendo diretamente comparável entre todos os animais presentes na análise, como touros pais, ventres e produtos ainda sem progênie. É um programa aberto para bovinos de qualquer raça de corte: Puros de Origem, Puros por Cruza, Cruzamentos ou Gado Geral.
Características (DEPs) avaliadas pelo PROMEBO
- Peso ao nascer (PN);
- Ganho de peso do nascimento à desmama (GND);
- Habilidade materna para GND (H MAT);
- Ganho de peso da desmama ao sobreano (GDS);
- Ganho de peso do nascimento ao sobreano (GNS);
- Escores para conformação, precocidade, musculatura e tamanho (CPMT);
- Escores para prepúcio/umbigo (U);
- Escores para caracterização racial (R);
- Escores para Pelame (PM);
- Pigmentação ocular ou da pálpebra (PG);
- Perímetro escrotal (PE);
- Área de olho de lombo (AOL);
- Espessura de gordura subcutânea (EGS);
- Espessura de gordura subcutânea medida na picanha (EP8);
- Gordura intramuscular (GIM);
- Resistência ao carrapato (CP).
Resultados práticos
- a) Candidatos a touro;
- b) Melhores novilhas para a reposição através da performance da mãe e da sua própria performance;
- c) Melhores touros pais em utilização, através da performance de suas progênies; e,
- d) Vacas de melhor eficiência reprodutiva e maior capacidade em desmamar terneiros pesados.
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