No Tocantins, o projeto Reniva recentemente gerou um fruto inédito e que deverá contribuir para incrementar ainda mais a cadeia produtiva da mandioca.
É que o Instituto Federal do Tocantins (IFTO), por meio de seu campus na capital Palmas, incubou uma empresa que vai comercializar manivas-semente no estado. Seguindo orientações técnicas compartilhadas pelo projeto, essas manivas terão qualidade tanto do ponto de vista genético (apresentando grande potencial produtivo), como no que se refere à fitossanidade, ou seja, à característica de resistência a doenças.
O Reniva é um projeto que envolve diversos parceiros, tanto públicos como da iniciativa privada, visando a multiplicar e transferir tecnologias que possibilitam as chamadas manivas-semente de qualidade. Agora, com uma empresa especializada nessa área, a tendência é de os produtores do estado terem mais facilidade no acesso a um dos principais itens que levam a lavoura de mandioca ao sucesso. Plantando um produto de boa qualidade, tudo leva a crer que os resultados sejam animadores.
A professora Vanessa Domingos, do curso de Agronegócio do campus Palmas do IFTO, está à frente da Genova. Segundo ela, “a intenção da empresa é fornecer as mudas aos produtores, garantindo que as mesmas proporcionarão um fator competitivo em relação à incidência de plantas invasoras, em comparação ao uso de manivas, pois a muda vai para o campo com 30 cm de comprimento; isto contribui para o bom desenvolvimento das plantas durante todo o ciclo da cultura e consequentemente maior produtividade”. Em termos de ganhos de produtividade, a expectativa é promissora. “O uso de uma muda livre de vírus pode proporcionar um aumento de até 40% na produtividade devido ao vigor da muda, maior competitividade com o mato e estado nutricional da planta saudável nos primeiros estágios da cultura”, explica.
Vanessa relata benefícios de parcerias em projetos: “vivemos em um mundo globalizado, onde as parcerias ampliam as oportunidades e o sucesso da atuação das instituições, sejam públicas ou privadas. A parceria que fizemos com a Embrapa é um exemplo de sucesso, em que cada instituição buscou cumprir com a sua missão; a Genova surgiu a partir de um projeto de pesquisa e hoje é uma spin-off incubada no campus Palmas, IFTO. Acredito que o trabalho em parceria tem muitas vantagens para as instituições porque auxilia a superar os pontos mais limitantes e maximizar as potencialidades, gerando novos cenários de atuação”.
Coordenação –O pesquisador Gustavo Campos, que atua no núcleo de pesquisas em sistemas agrícolas da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO), está à frente dos trabalhos do Reniva no Tocantins. Sobre a Genova, primeira empresa incubada no IFTO, ele entende que vai colaborar para incremento da cadeia produtiva da mandioca no estado: “a disponibilidade de mudas comerciais preenche uma lacuna relacionada à falta de material propagativo de mandioca. Por exemplo: um produtor pode adquirir uma quantidade de mudas para montar seu matrizeiro e, na sequência de cultivo, dispor de manivas-semente para compor seu empreendimento de produção de raízes”.
O Reniva é um projeto surgido na Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas-BA). Com o tempo, vem se espalhando por diferentes estados de diversas regiões brasileiras. Sempre buscando compartilhar informações técnicas seguras e que permitem ao produtor incrementar os resultados de suas lavouras. Cultura agrícola das mais tradicionais em todo o país, a mandioca tem tudo pra melhorar seus índices: seja em termos de produção; seja com relação aos níveis de produtividade; seja no que se refere à qualidade do produto em si.
Gustavo explica que “o projeto Reniva no Tocantins busca disseminar uma série de princípios e tecnologias sustentáveis para a mandiocultura. A busca pela profissionalização da cadeia produtiva da mandioca é uma necessidade dos produtores e de todos os elos envolvidos na cadeia. A presença de uma empresa que oferece um produto de qualidade, ou seja, um insumo para produção com profissionalismo, contribui para o desenvolvimento deste agronegócio”. A empresa incubada no IFTO é um exemplo efetivo de parceria que está dando certo. A mandiocultura tocantinense agradece.