Técnicos do “Forrageiras para o Semiárido” apresentam resultados; desafio é fazer pecuária em areia e precipitação média de 500 milímetros no ano
Os resultados das pesquisas do projeto “Forrageiras para o Semiárido – Pecuária Sustentável”, realizadas em Alagoas e Piauí, foram apresentados na quinta (20), durante Dia de Campo Virtual promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Criado em 2017, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o projeto avaliou o potencial produtivo e a adequação de plantas forrageiras às condições climáticas do semiárido para recomendação de novas opções de fonte de alimento para os rebanhos bovinos.
Projeto em Alagoas
A Unidade de Referência Tecnológica (URT) de Alagoas foi instalada no parque de exposição Mair Amaral, no município de Batalha, a 180 quilômetros de Maceió. No local, o solo é predominantemente arenoso e a precipitação média anual é de aproximadamente 500 milímetros.
“O projeto traz um grande ganho para os produtores com relação à gestão de risco. Os resultados dos experimentos mostram qual linha eles devem seguir para não errar no negócio ou adotar tecnologias que trarão poucos resultados”, afirmou o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do estado de Alagoas (Faeal), Edilson Maia.
O técnico responsável pela URT de Batalha, Alexis Wanderley, apresentou os principais resultados dos experimentos. Na área das culturas anuais, foram plantadas duas variedades de milho, duas de milheto e duas de sorgo. A gramínea anual que apresentou melhor desempenho foi o milho BRS 2022, com 7,8 toneladas de massa seca por hectare ao ano em 82 dias de ciclo de produção.
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Nas gramíneas perenes, o destaque foi o Capim Piatã, que teve produtividade de 21,5 toneladas ms/ha/ano com ciclo de produção de 61 dias. Apesar de o Capim Piatã apresentar melhor produtividade, o Massai mostrou persistência e melhor resistência à seca e a doenças, sendo uma variedade com maior perpetuação na área.
No caso das cactáceas, a Orelha de Elefante Mexicana foi a palma que registrou 100% de taxa de sobrevivência e menor incidência a pragas e doenças, se tornando uma boa opção de forrageira.
“É necessário ter na propriedade rural variedades de gramíneas perenes adaptadas ao semiárido, que produzam bem no período de chuvas e que sejam resistentes ao período prolongado de estiagem. Também é importante ter opões que sirvam para o período seco, como silagem e palma forrageira, pois a silagem entra como fonte de alimento rico em energia, que se bem armazenado dura longo período, e a palma como complemento”, explicou Alexis Wanderley.
O pesquisador da Embrapa Semiárido, Tadeu Voltolini, participou do debate e afirmou que cada planta tem sua importância para o sistema de produção da propriedade. “O capim, utilizado como formação de pastos, é uma opção de produção que é bem competitiva pelo custo de produção. Também apresentou maior concentração de produção na época chuvosa. As outras culturas surgem como complemento, que vão servir como reserva alimentar para o gado no período seco do semiárido”.
Projeto em Piauí
A URT está localizada na fazenda Lagoa do Barro, em São Raimundo Nonato, a 540 quilômetros da capital Teresina. O solo é predominantemente arenoso e a altitude do local é de 360 metros. O período chuvoso ocorre entre janeiro e março, com precipitação média anual de aproximadamente 550 milímetros.
Para o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Piauí, Diego Paz, com os experimentos realizados na URT, foi possível recomendar as plantas forrageiras que vão estimular o produtor a aumentar sua renda.
No dia de campo virtual, o responsável técnico pela unidade de São Raimundo Nonato, José João, mostrou os resultados das pesquisas. De todas as gramíneas anuais, o Milheto IPA Bulk foi o que mais chamou atenção pela produtividade de 14 toneladas ms/ha/ano, além de baixa incidência de pragas.
Na avaliação dos capins, o Búffel Áridus foi o destaque, com boa cobertura de solo e 100% de taxa de sobrevivência após o período de estiagem. Assim como na URT de Alagoas, a palma Orelha de Elefante Mexicana foi a que mais se destacou entre as cactáceas, com produtividade média de 12,2 toneladas ms/ha/ano em sistema solteiro.
Por fim, entre as lenhosas, usadas como fonte de proteína aos animais, o melhor resultado foi da gliricídia, com 1,5 toneladas de massa seca por hectare/ano.
“As experiências mostraram que o trabalho com diferentes espécies forrageiras requer um bom planejamento do produtor. É necessário se antecipar ao período chuvoso, preparando o solo e adquirindo os insumos (sementes) em tempo hábil. O produtor também deve fazer o monitoramento contínuo e observar possíveis anormalidades”, disse José João.
O pesquisador da Embrapa Meio Norte, Francisco Monteiro, destacou que a pecuária no semiárido se diferencia das demais pelo clima. “A atividade é praticada de forma extensiva, onde a vegetação nativa da Caatinga é a base alimentar do rebanho. A pressão por pastejo, associada aos longos períodos de estiagem, dificultam o fornecimento de alimento para o gado”.
Para Monteiro, o projeto Forrageiras para o Semiárido vai alavancar a pecuária na região, diminuindo os custos com nutrição e, consequentemente, proporcionando mais renda ao pecuarista.