Ação coordenada pela Epamig e pela Embrapa Café testa a adaptabilidade das plantas em diferentes regiões de Minas Gerais
O plantio de mudas do projeto de avaliação do desempenho de novas cultivares de café para o estado de Minas Gerais já começou. O trabalho, que envolve 43 propriedades das regiões Sul, Sudoeste, Oeste, Campo das Vertentes, Zona da Mata, Vale do Rio Doce, Vale do Jequitinhonha, Norte, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, busca identificar as variedades mais adequadas às diversas condições de clima, solo e relevo dos territórios.
As unidades demonstrativas, localizadas em 41 municípios, integram o projeto conduzido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e pela Embrapa Café. O objetivo é monitorar o comportamento de 16 cultivares de café, nas condições de cultivo e manejo tradicionais das áreas, para recomendar as mais adequadas com base em aspectos como produtividade, precocidade, maturação uniforme e qualidade, entre outros.
As mudas foram produzidas a partir de sementes qualificadas selecionadas pela equipe do projeto. “Optamos por cultivares do Programa de Melhoramento Genético da Epamig que têm se destacado em projetos no Cerrado Mineiro, no Sul de Minas e em materiais promissores desenvolvidos pelo Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR) do Paraná, pela Fundação Procafé e pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC)”, explica o pesquisador da Epamig, Gladyston Carvalho, coordenador do projeto.
Em cada uma das propriedades foram plantadas 1,6 mil mudas das 16 variedades que serão avaliadas. A cultivar Catuaí Amarelo IAC 62 será usada como referência para o estado, na comparação com os 15 novos materiais selecionados: Catiguá MG2, MGS Paraíso 2, MGS Ametista, MGS Aranãs, H6-47-10 pl3, H29-1-8-5 e H419 trat 21 (Epamig); Obatã Amarelo IAC 4739 e IAC 125RN; IPR 100 e IPR 103 (IDR Paraná); Acauã Novo, Arara, Catucaí 25L e Guará (Fundação Procafé).
Modelo
Os produtores que recebem as unidades demonstrativas se comprometem a fazer da área uma vitrine para a difusão das experiências para os cafeicultores do entorno. O modelo, baseado na experiência de projetos nas regiões do Cerrado Mineiro, em parceria com a Federação dos Cafeicultores, e no Sul de Minas, em parceria com a Cooxupé, prevê que o dono da propriedade seja responsável pelo custeio da lavoura, do cultivo ao preparo das amostras para avaliação sensorial, após as colheitas da safra. Como contrapartida recebem das instituições parceiras suporte tecnológico, orientações e assistência técnica.
O engenheiro agrônomo Sérgio Cotrin D’Alessandro, cafeicultor no município de Manhumirim, região certificada das Matas de Minas, acredita que essa aproximação com as instituições de pesquisa e extensão esteja entre os principais benefícios do projeto.
“Temos uma carência de pesquisas com foco em nossas condições. Algumas das cultivares testadas já são populares na região, mas esse acompanhamento mais próximo, essa interação com a área técnica nos dará mais segurança na hora de escolher e de investir em novas espécies”, opina.
Regionalização
O pesquisador Gladyston Carvalho destaca que o bom desempenho de uma cultivar depende de diversos fatores. “Na mesma região podemos encontrar diferentes condições de altitude, pluviometria, temperatura e outras mais, que interferem no desempenho final. Com este projeto queremos chegar a indicações mais precisas que permitam ao produtor comparar as condições da propriedade e ter uma opção mais adequada no momento do plantio ou da renovação da lavoura”.
Essa também é a percepção do produtor Sérgio D’Alessandro. “Esse trabalho vai proporcionar a regionalização e nos ajudar a difundir nossa cafeicultura, que é extremamente qualificada e voltada para a qualidade da bebida”. Ele também ressalta a importância social da cultura para o território e a participação das entidades representativas que atuam em prol da atividade e que participaram da indicação dos produtores aptos para receber os experimentos.
Para a secretária de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ana Maria Valentini, as parcerias são fundamentais para a realização do projeto. “Neste trabalho de avaliação de desempenho é muito importante a presença de materiais de outras instituições. Isso vai ampliar o leque de escolha do produtor, que poderá optar pela variedade melhor adaptada à região do cafeeiro e às aptidões de seu interesse. Um exemplo é a produção de cafés especiais. Com ações como essa, o sistema da agricultura de Minas reitera seu compromisso com a qualidade desse, produto que é um dos pilares da economia mineira”, afirma.
O projeto tem o apoio financeiro do Consórcio de Pesquisa Café e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
Fonte: Agência Minas