O projeto, que a partir de 2023 tem os fundamentos de um programa de ESG, também será estendido para mais de 500 produtores do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso.
Se depender da agricultura, o Brasil está em larga vantagem em relação à Europa e aos Estados Unidos na luta para frear as emissões de gases do efeito estufa (GEEs) e manter a meta de elevação da temperatura do planeta em até 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, como foi ratificado recentemente na COP 27.
Um projeto realizado durante um ano pela empresa do agronegócio 3tentos envolveu 40 produtores de soja do Rio Grande do Sul e revelou que essas propriedades apresentam uma baixa pegada de carbono, sendo elegíveis para a geração e comercialização de crédito de carbono.
A primeira fase do projeto foi realizada com 21 fazendas no bioma Pampa e 19 fazendas no bioma Mata Atlântica, cobrindo uma área total de 40.962 hectares. A pegada de carbono média auferida nessas áreas ficou em torno de 450 kg de carbono por tonelada de grão – onde foram computados os insumos agrícolas utilizados para a produção da soja, em conjunto com a produtividade total. No entanto, esse valor tende a ser menor ao considerar o sequestro de carbono ocorrido no solo durante o desenvolvimento da soja e o carbono presente na palhada da cultura.
A transformação dos insumos utilizados pelos agricultores em quilogramas de carbono e consequentemente a mensuração da pegada de carbono da soja seguiu diretrizes científicas conhecidas no âmbito nacional e internacional, como o GHG Protocol, IPCC e Renovabio. A elegibilidade prévia das propriedades rurais foi realizada por meio de cruzamento de dados em plataformas públicas como o MapBiomas e Pronasolos.
Segundo o engenheiro agrônomo Felipe Artuzo, Especialista de Carbono da 3tentos, os resultados mostram que a agricultura praticada na região é de duas a três vezes mais eficiente do que a realizada nos EUA ou na Europa. “Para os produtores, foi uma surpresa e motivo de orgulho. A aderência ao projeto, após a entrega dos relatórios, foi muito positiva. Eles se sentiram orgulhosos e mais seguros para praticar uma agricultura sustentável focada em projetos de carbono e com potencial para a negociação de créditos de carbono”, comentou, lembrando que cada produtor (a) rural, ao fim do projeto, recebeu um relatório com os números de sua propriedade e a certificação da propriedade como praticante de uma agricultura sustentável.
Segundo o CEO e fundador da 3tentos, Luiz Osório Dumoncel, a empresa iniciou o Projeto Carbono para medir a pegada de CO2 e, com isso, possibilitar melhorias constantes para reduzir a emissão de gases efeito estufa. “A 3tentos tem objetivos muito claros no relacionamento com seus clientes, produtores rurais, acesso às novas tecnologias, melhores práticas de gestão, altas produtividades e crescimento. Sabemos a importância do meio-ambiente na produção agropecuária, e o agricultor brasileiro tem total conhecimento da sua responsabilidade. O reconhecimento pela sociedade e a possibilidade de monetização para o produtor rural são partes fundamentais desta iniciativa. Vamos trabalhar cada vez mais para valorizar a imagem sustentável do agronegócio nacional”, afirmou.
Produtor de soja em Pedras Altas e Candiota, municípios próximos a Bagé-RS, Cristiano Holz não tinha conhecimento sobre carbono até participar do projeto. “Eu dominava a parte técnica da agricultura, mas não sabia como o plantio direto e a rotação de cultura poderiam influenciar também na questão do carbono e da sustentabilidade. Por meio deste projeto, adquiri este conhecimento, e passei a entender melhor como a propriedade funciona. Fiquei feliz com o resultado e acredito que cada vez mais a questão do carbono vai estar presente nas nossas vidas. É o futuro e o que vamos deixar para as próximas gerações”, comentou.
Cristiano explicou que está se empenhando para aprimorar as técnicas já utilizadas, a fim de melhorar sua pegada de carbono, e dando preferência a insumos de origem biológica. “Estamos trabalhando para ser ainda mais eficientes, fazendo um plantio direto com mais palha para ajudar na questão do carbono. Também estou dando preferência para a utilização de mais produtos biológicos”, relatou o produtor.
A próxima etapa do Projeto Carbono consiste em viabilizar a comercialização dos créditos de carbono e monetização para os participantes. O projeto, que a partir de 2023 tem os fundamentos de um programa de ESG, também será estendido para mais de 500 produtores do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso.
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Por que a pegada de carbono é baixa
Todas as propriedades avaliadas estão próximas de unidades de originação de grãos e unidades de processamento e geração de biodiesel de soja da 3tentos, ou seja, a maioria da soja produzida nestas fazendas não é exportada, causando assim um menor impacto ambiental oriundo de transportes terrestres e marítimos. Além disso, a produção dos grãos está localizada em áreas consolidadas e sem alertas de desmatamento, com estabilidade no uso do solo e plantio direto.
De acordo com Felipe Artuzo, a consultoria técnica da 3tentos, que conta com um setor de Pesquisa e Desenvolvimento, com dois centros técnicos (Cetec), é fundamental na geração de informação técnica, o que resulta em altas produtividades para o produtor e com sistemas agrícolas de baixa pegada de carbono na produção de grãos.
Toda a geração de conhecimento focada em manejos sustentáveis obtida nestes centros é propagada regulamente entre os consultores técnicos da 3tentos, que transmitem estas boas práticas com os agricultores (a) via assistência técnica e transferência de tecnologia. Exemplo disso é o incentivo ao uso de cobertura vegetal na entressafra, rotação de culturas, manejo integrado de pragas, recuperação de áreas degradadas e uso racional de fertilizantes e outros insumos.
Fonte: 3tentos
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