Usada como uma das ferramentas de seleção, a super precoce entrega no final da vida dela 20 a 25% a mais de quilo de bezerro desmamado
A Super precocidade é uma ferramenta muito importante para aumentar a taxa de desfrute do rebanho bovino. Vacas super precoces podem entregar até 25% a mais de quilo de bezerro desmamado ao longo do ciclo reprodutivo. E, um programa de melhoramento genético, realizado pela associação DeltaGen com a emissão do Certificado Especial de Identificação e Produção (CEIP), sob a chancela do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) está auxiliando pecuaristas brasileiros a chegarem nesses números de aproveitamento de rebanho.
“Se a gente pensar nos números de rebanho total x taxa de desfrute o Brasil está numa média de 20 a 22% de taxa de desfrute. Então porque os Estados Unidos com o rebanho da metade do nosso produz 30% a mais de carne que a gente, porque eles têm uma taxa de desfrute do rebanho de mais de 40% e como se consegue isso? Não tem novilha de dois anos, se não emprenhou na estação com 12 a 14 meses vai virar carne, esse é o principal ponto. E junto com a precocidade de crescimento, de terminação, vem a precocidade sexual, então é uma coisa atrelada a outra e isso mostra também que essas fêmeas que carregam esse gene da precocidade em média elas são mais férteis, emprenham mais cedo e são as vacas mais produtivas do rebanho, a super precoce entrega no final da vida dela 20 a 25% a mais de quilo de bezerro desmamado, então é uma ferramenta, lembrando que, como qualquer outra ferramenta não faz milagre sozinha, precisa de programação nutricional, sanitária, mas dá pra ser feito dentro de um programa nutricional básico”, explica o Mestre em Reprodução Animal e diretor executivo da DeltaGen, Fabio Girardi Frigoni.
Segundo ele, dentro do CEIP a DeltaGen representa 2/3 do mercado, de acordo com levantamento do ano passado.
“Isso na verdade só corrobora o que o mercado valoriza. São 30 anos de associação, de trabalho sério, focado nesse biótipo animal onde preza desempenho numa carcaça muito bem distribuída pensando em profundidade de costela, comprimento corporal, isso está atrelado ao biótipo da precocidade, que na média são os animais mais adaptados para comer braquiária entre aspas, que seria a média da pecuária no Brasil que é braquiária e sal mineral, esse biótipo se desempenha melhor. Então na verdade o mercado é soberano e quando ele usa uma tecnologia, uma genética e volta a comprar, só mostra que estamos no caminho certo e que o nosso cliente seja de touro, sêmen CEIP, ele esta sendo muito bem atendido e ganhando dinheiro com isso.”, conclui Frigoni.
Aumento da eficiência reprodutiva
O aumento da frequencia de fêmeas super precoce está relacionado ao aumento da eficiência reprodutiva geral do rebanho. Considerando que o primeiro critério de descarte de fêmeas em propriedades é a falha reprodutiva, uma fazenda que evolui em termo de eficiência reprodutiva de suas fêmeas, pode, para aumentar a taxa de lotação, passar a eliminar animais por outros critérios. Segundo o Consultor da GenSys e Pós-doutorado em genética e Melhoramento Animal, Diercles Francisco Cardoso, a idade ao primeiro parto é a principal métrica utilizada para identificação de eficiência reprodutiva, pois é através dela que define uma fêmea super precoce, parir antes de 26 meses
“Vamos pensar de que vale um produtor adquirir o melhor sêmen que tem no mercado e no final as fêmeas da propriedade não conseguirem conceber com esse material, então você tem um ganho generalizado. E, o aumento de fêmeas super precoce, está diretamente relacionado à eficiência reprodutiva como um todo. E, essa iniciação antecipada da vida reprodutiva de uma fêmea, tem a vantagem da redução do ciclo, principalmente no período de recria, também garante fêmeas mais prolíferas porque tem maior probabilidade de reconcepção na segunda estação na qual forem expostas”, explica Cardoso.
Nutrição adequada
Segundo o consultor da GenSys, é muito importante salientar que um grande fator que contribui para a obtenção de vacas super precoces é a nutrição adequada, porque essas fêmeas ainda estão em período de desenvolvimento antes da primeira prenhez, portanto, a fazenda tem que estar ciente desse respaldo nutricional, pasto, suplementação para que a vaca consiga expressar seu potencial. E o segundo gatilho é a seleção genética do rebanho.
E, quanto ao ganho no número de bezerros de uma super precoce ao longo da vida reprodutiva, uma fêmea que tenha seu primeiro parto aos 26 meses, ou antes dos 30 que é precoce, é esperado que o sucesso dela em emprenhar nas safras seguintes seja maior.
“Então no intervalo de 6 anos de fêmeas precoces e fêmeas que pariram após os 30 meses que a gente classifica como normal, estimativa é de que a super precoce consiga desmamar 3,4 bezerros frente a 2,8 bezerros em média por fêmea normal. E vale ressaltar que nessa comparação, que a gente obteve olhando para a base de dados da DeltaGen a gente compara fêmeas que pariram depois dos 30 mas não depois dos 48, se pensar num cenário em que foge disso, esse ganho em número de bezerros pode ser bem maior. E essa vantagem não se limita a apenas número de bezerro desmamado, mas também a quilo de bezerro desmamado, chegando a uma diferença média de 6,5@ de bezerro desmamado considerando o intervalo de 6 anos”, disse Cardoso.
E para finalizar, Cardoso explica que embora exista a necessidade de um suprimento nutricional para que a fêmea possa ser desafiada e se mostre super precoce ou precoce e favorecer a eficiência reprodutiva do rebanho, para fazendas que não estão nesse patamar ainda, pode ir se preparando geneticamente primeiro.
“Toda propriedade tem a possibilidade de ir usando a genética do animal enquanto se adequa ao planejamento nutricional, pastejo. A seleção pode anteceder o estágio de produção de fêmeas super precoces, e a fazenda pode começar a se preparar geneticamente, é até um modo recomendado de ação”, destaca.
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