A chuva não tem dado trégua em Mato Grosso e o excesso de umidade tem provocado perdas e atraso no andamento da colheita de soja no estado
Produtores rural de Mato Grosso vivem um momento muito difícil. Alguns municípios decretaram estado de emergência e devem enviar ao governo do Estado ainda essa semana para que seja emitido um decreto sobre a situação de calamidade pública. Uma das preocupações dos produtores rurais é quanto ao grande volume de chuvas que tem prejudicado a colheita da soja e consequentemente o plantio do milho. “Nós precisamos relatar isso ao estado, porque é uma preocupação nossa enquanto produtor, já que essas perdas podem chegar até 50% da safra para alguns agricultores. É realmente preocupante e precisamos de um apoio nessa situação”, pontuou Fernando Cadore, presidente da Aprosoja MT.
Cerca de 51 municípios das regiões norte e noroeste de Mato Grosso tem sentido a intensidade das precipitações. Uma das alternativas do secretário adjunto foi a decretação de situação de emergência regional. “Reconhecemos a seriedade do caso e vamos levar essa demanda ao governador e ver as possíveis alternativas, enviar equipes de defesa civil para avaliação e atender as demandas dos produtores. Podemos decretar uma situação de emergência regional, que dará mais celeridade no processo”, pontuou.
Chuvas – na segunda semana do mês de março a previsão do AproClima é de mais chuvas para Mato Grosso. A partir de segunda-feira (08.03) as precipitações vão predominar nas regiões norte, leste e sul, onde o volume de água pode chegar a 50 milímetros.
Por causa do tempo, a soja segue perdendo qualidade e o cenário é desolador em algumas fazendas. A família Ogliari, de Lucas do Rio Verde, cultivou 6.320 hectares nesta safra e tem talhões com cerca de 35% da produtividade comprometida.”Estamos lutando para tirar o grão, que já apodreceu. Uma soja acima de 60 sacas e que não vai produzir 50. Triste a nossa realidade, com soja podre, tudo caído”, disse o agricultor Denis Ogliari.
Em Nova Mutum, onde o engenheiro agrônomo Cledson Guimarães presta serviços de consultoria agronômica, a situação no campo também é crítica. Tem propriedade com acumulados de 280 milímetros em 15 dias e estimativas de perdas de até 400 hectares de soja. “Essa soja era para ter sido colhida há 15 dias Agora, saiu o sol e estamos conseguindo colher uma soja que já está apresentando de 10% a 15% de avaria e, se continuar chovendo, o estrago vai ser muito maior”, explicou.
Na região de Cláudia (MT), a situação é ainda mais grave. Além da colheita comprometida, os agricultores não estão conseguindo transportar o que sai do campo. “Soja brotando, já praticamente tudo podre. Em uma roça de 18 a 20 dias de dessecada não teve como colher, pois teve muita chuva, fazendo a soja brotar. Além disso, atolou caminhão, quebrou ponta de eixo e o chão, de tão molhado e tão úmido, chegou a fazer valetas”, disse o produtor Flamarion Paranhos Link.
Atraso no Plantio do Milho pode gerar cancelamento do Seguro Agrícola
A Aprosoja MT orienta os associados que contrataram seguro agrícola para a cultura do milho, que se atentem a janela do plantio, já que de acordo com dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), o cultivo do cereal nesta safra apresenta atraso significativo se comparado a anterior, o que pode gerar prejuízos caso haja necessidade de acionar o seguro.
Conforme dados do IMEA, colheita da soja safra 2020/21 apresenta um atraso de 32% em relação ao ano anterior e boa parte do cereal que teria de estar plantado até o final de fevereiro será semeado fora da janela indicada pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), consequentemente, as apólices de seguro agrícola contratadas junto com o custeio da safra, ou à parte, tendem a não cobrir os riscos da atividade, em virtude das regras definidas nas próprias apólices.
Sendo assim, a Aprosoja orienta seus associados que contrataram seguro agrícola para que atentem-se a janela de plantio do seu município, de acordo com a cultivar escolhida e o tipo de solo da propriedade, e caso identifique que a semeadura ocorrerá fora da indicação do ZARC, que notifique a seguradora e instituição financeira, se for o caso, sobre o agravamento de risco da atividade.
“Produto rural, fique atento! Somente de posse da notificação de agravamento de risco será possível solucionar eventuais conflitos relacionados à cobertura das apólices de seguro”, alerta Aprosoja Mato Grosso.
Logística prejudica escoamento da safra no Vale do Araguaia
Há quase 30 dias que a chuva não dá trégua no Vale do Araguaia. A MT 322 e a BR 158, principais rodovias de escoamento da soja estão intransitáveis. Caminhoneiros ficam até 3 dias na fila para carregarem a soja e levar aos Portos no Pará. Acompanhe os relatos e a rotina de quem necessita passar por essas estradas todos os dias. Aprosoja MT e entidades locais buscam recursos e parcerias com os governos Federal e Estadual para tentar recuperar as rodovias.
Com ajuda de conteúdo da Vida Rural MT, Aprosoja MT e Canal Rural