Produtores estão sacrificando gado para enfrentar crise

O presidente da Abraleite expressou sua preocupação com a situação, ressaltando que a crise é tão severa que os produtores estão sendo obrigados a sacrificar seus animais para sobreviver financeiramente; confira

Em meio a um cenário de desafios crescentes, a produção de leite no Brasil enfrenta uma de suas crises mais profundas, revela um estudo recente divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Em 2023, o país registrou um recorde nas importações de lácteos, com um volume total de 2,25 bilhões de litros, representando um aumento significativo de 68,8% em relação ao ano anterior.

A importação massiva de produtos lácteos, principalmente leite em pó, tem sido impulsionada pela oferta abundante e pelos preços competitivos de países vizinhos, especialmente Argentina e Uruguai. Essas nações, integrantes do Mercosul, têm se beneficiado de políticas de subsídios que lhes permitem oferecer produtos a preços mais baixos, gerando um impacto significativo no mercado brasileiro.

O aumento nas importações não apenas coloca em xeque a sustentabilidade da produção nacional, mas também tem causado um déficit comercial alarmante, estimado em cerca de US$ 1 bilhão. Este cenário preocupa especialmente regiões como Minas Gerais, um dos principais produtores de leite do país, onde os produtores estão enfrentando dificuldades financeiras cada vez maiores.

Em entrevista recente ao Estado de Minas, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, expressou sua preocupação com a situação, destacando que a redução nos preços pagos aos produtores está desestimulando severamente a atividade. Ele ressaltou que a crise é tão severa que os produtores estão sendo obrigados a sacrificar seus animais para sobreviver financeiramente.

Produzimos 35 bilhões de litros em 2021. No ano seguinte, caiu para 34 bilhões. A expectativa é que os dados consolidados de 2023 (quando forem divulgados) apontem uma nova queda na produção”, menciona.

Em regiões como Pompéu – cidade mineira conhecida por sua forte presença na produção leiteira – a situação é especialmente grave. Produtores locais estão enfrentando uma queda drástica em seus rendimentos, tornando cada vez mais difícil manter suas operações. Paulo Henrique de Souza Lino, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Pompéu, descreve o cenário como “caótico“, com muitos produtores sendo forçados a vender seus animais para abatedouros apenas para conseguir pagar suas contas básicas.

Para tentar mitigar os impactos da crise, o governo federal anunciou recentemente a aprovação de duas linhas de crédito especiais para cooperativas de produtores de leite, totalizando mais de R$ 700 milhões em financiamento. No entanto, muitos no setor argumentam que essas medidas são insuficientes para enfrentar os desafios atuais, destacando a necessidade de soluções mais abrangentes e eficazes para proteger a indústria leiteira brasileira.

Enquanto a crise continua a se desenrolar, os produtores de Minas Gerais e de todo o país enfrentam um futuro incerto. A esperança é que medidas mais robustas sejam implementadas para proteger a indústria leiteira brasileira e garantir a sobrevivência dos produtores que desempenham um papel fundamental na economia do país.

Escrito por Compre Rural.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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