Produtores de suínos protestam e distribuem dez mil quilos de carne

De acordo com um levantamento da entidade, atualmente, o prejuízo do suinocultor independente passa dos R$ 300 por animal vendido

Na última terça-feira (29), em Braço do Norte (SC), região que concentra 40% dos produtores independentes de suínos do estado, suinocultores fizeram um protesto, com o objetivo de alertar o poder público para a situação do suinocultor independente. De acordo com um levantamento da entidade, atualmente, o prejuízo do suinocultor independente passa dos R$ 300 por animal vendido. Atualmente, ainda segundo a ACCS, o preço pago pelo quilo do suíno vivo é de R$ 5 e o custo de produção passa dos R$ 8.

Losivanio Luiz de Lorenzi, presidente da ACCS, afirma: “apesar de a suinocultura estar em um bom momento nas exportações, gerando riqueza para o Brasil, por outro lado, o suinocultor está quebrando dentro da granja. A situação está insustentável. Nossos políticos precisam viabilizar os pleitos”.

Para Adir Engel, secretário de Agricultura de Braço do Norte: “não se trata apenas da sobrevivência dos suinocultores, mas da população. Por isso iremos levar este manifesto para onde for preciso, pois todos precisam ser alertados”, afirma.

Para protestar e chamar a atenção, os suinocultores distribuíram mais de 10 mil quilos de carne suína gratuitamente, na terça-feira. Ao todo, 200 suínos foram doados por produtores de Santa Catarina para a ação. Além da distribuição de carne, os manifestantes também fixaram cruzes com frases ligadas aos diversos elos envolvidos na cadeia produtiva do setor. A entidade busca realizar uma audiência pública em Brasília para tratar do assunto. Ainda não há data definida.

O problema com os custos de produção da cadeia não é novo e agravou-se neste ano. Puxado pelo aumento da demanda chinesa, o Brasil viveu um recente crescimento da produção de suínos e um salto de oferta de 2019 a 2021. No entanto, 2022 revela uma forte crise na suinocultura, segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS).

Em relatório divulgado pelo IBGE em março sobre o abate de suínos, dados mostraram que houve crescimento no setor de 9,12% no volume de produção de carcaças suínas. No total de abates, houve elevação de 7,32% no ano de 2021 em relação a 2020. Além disso, a produção de carne suína no acumulado de 2016 a 2021, (em toneladas) cresceu mais de 30% enquanto a carne bovina estagnou (0,67%) e a de frango cresceu 10,43%.

Em 2020, as exportações absorveram a maior parte do excedente da produção em massa na suinocultura. Contudo, em 2021, o mercado interno teve que suportar uma oferta de 294,5 mil toneladas, enquanto a produção aumentou 408,6 mil toneladas. A associação diz que o excedente de carne suína no mercado interno em 2021 foi piorado por um momento de perda de poder aquisitivo da população brasileira, além do aumento no custo de produção. Isso tudo acabou acarretando o início da crise da suinocultura que persiste neste início de 2022.

A previsão para 2022 era de um primeiro semestre de dificuldades para a suinocultura, com o preço de venda do suíno em baixa e alto custo de produção. Mas o que não estava sendo previsto era a piora desse cenário. A invasão da Ucrânia e as sanções impostas à Rússia acarretaram mais problemas para o mercado. “A suinocultura acabou sendo afetada de forma indireta, com aumento dos combustíveis, aumento da cotação dos grãos e falta de fertilizantes. Ademais, o custo alto de produção com o baixo preço de compra, dificultam a recuperação do prejuízo acumulado no ano passado”, destaca a ABCS.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM