Manifestação chama a atenção para o problema criado com a importação de lácteos do Mercosul.
“O copo que já estava cheio transbordou”, enfatizou veementemente o presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang, ao se referir às atuais dificuldades competitivas dos produtores devido à disparada nas importações de leite em pó e de queijo mussarela do Mercosul. De 2022 para 2023, a compra dos produtos uruguaios e argentinos, segundo o dirigente, aumentou à média de 230%, deprimindo o valor do litro pago ao produtor. “Estamos recebendo, em média, R$ 2,17 pelo litro produzido no Rio Grande do Sul. Tem gente vendendo a R$ 1,65/litro enquanto nosso custo de produção está em R$ 2,25/litro”, explicou.
Por este motivo, Tang conclamou os produtores de leite presentes no Pavilhão do Gado de Leite da Expointer, neste domingo, a hastear uma faixa de alerta sobre as consequências das importações na continuidade da atividade leiteira. “Nos últimos dez anos, passamos de 100 mil produtores no Estado para 30 mil. Só de 2022 para 2023, perdemos 12 mil. Isso significa a morte do produtor de leite”, exclamou.
O manifesto, realizado sob aplauso de expositores e visitantes, ocorreu ao final da manhã, após a faixa ter sido retirada da pista de julgamento do gado leiteiro no dia anterior pelos organizadores da exposição. “Depois disso, optamos por colocar ela aqui dentro, no nosso espaço. Vivemos num país democrático. A Expointer é, historicamente, palco de discussões do setor. E este é um assunto muito grave. Sempre se discutiu importação, mas nunca neste nível”, aponta o o vice-presidente Financeiro da Gadolando, Nacir Penz, da Cabanha Santa Clara, de Humaitá.
As dificuldades financeiras causa, segundo Tang, levou a associação, inclusive, a subsidiar a alimentação do gado holandês presente na Expointer. Também levou as propriedades a buscarem patrocínio para conseguirem arcar com todos os custos envolvidos na operação e manutenção dos animais. “Chegamos a pensar que não seria possível participar da feira. Mas quisemos muito vir. É um momento festivo, no qual queremos alertar para o começo do fim da produção de leite no Estado”, disse.
Além do volume de importação, Penz questiona a segurança alimentar do produto vindo dos países vizinhos. Assim como outros representantes do setor lácteo, Penz suspeita que o leite em pó importado do Mercosul tenha prazo de validade curto, dada a incompatibilidade entre o volume de leite em pó exportado para o Brasil e a capacidade produtiva tanto da Argentina como do Uruguai. “A quantidade de leite que está vindo para cá é totalmente incompatível, em volume, do que é produzido no Uruguai. Será que tem produto estocado lá? Há quanto tempo? E se é reidratado no Brasil recebe novo prazo de validade ao sair da indústria?”, questiona. O dirigente também relata suspeita de triangulação do produto vindo da Nova Zelândia, mas que ingressa no Brasil via os países do Mercosul.
A Gadolando ainda pretende aproveitar a exposição para levar o pleito de barrar a entrada de leite em pó e de queijo mussarela do Mercosul a parlamentares, ministros e outros representantes governamentais que vierem a Esteio. De acordo com Tang, uma das investidas ocorrerá durante a inauguração da Frente Parlamentar em defesa do setor leiteiro gaúcho da Assembleia Legislativa que, segundo ele, será inaugurada na Expointer na próxima sexta-feira.
Fonte: Correio do povo
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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