Produtores de leite organizam protesto e prometem reduzir 80% da produção

Movimento SOS LEITE tem como objetivo garantir média de preço no litro de leite recebido e outras demandas dos produtores.

Os pequenos e médios produtores de leite do interior do estado de Rondônia estão recorrendo às redes sociais e à mídia em geral, buscando apoio governamental com deputados estaduais, prefeitos, e chamando atenção para o preço pago pelo litro de leite pelas empresas laticinistas.

Na mobilização denominada SOS LEITE – Balde Cheio, Bolso Vazio, , as lideranças regionais que organizam os protestos, afirmam que os criadores de gado de leite em Rondônia estão pagando para entregar o produto as indústrias e não têm garantia de preço fixo no final do mês, condição que está causando a inviabilidade e a redução da atividade da pecuária de leite no campo. A primeira manifestação está prevista para acontecer na próxima quinta-feira, em Jaru (RO).

Se organizando por meio de vários grupos de WhatsApp pelas redes sociais, em todas as regiões do estado, produtores de leite organizando manifestações e propondo a paralisação de até 80% na produção, protestos pacíficos com piquetes em frente aos laticínios contra o que eles chamam de cartelização, que são as reuniões do Sindileite aonde os donos de laticínios se reúnem e decidem entre eles a pauta do preço que vão pagar pelo litro do produto in-natura.   

Um dos líderes do movimento, que é produtor de leite na região de Ouro Preto do Oeste, afirmou que outra demanda dos produtores de leite é pela igualdade no pagamento do litro de leite, e a obrigatoriedade para que os fornecedores saibam com antecedência quanto vai receber no mês pelo litro de leite entregue no laticínio.

“Hoje a grande realidade é essa: o laticínio paga o preço que ele quer. Esse mês passado, veio em torno de noventa e oito centavos por litro do meu laticínio enquanto próximo da minha casa, a quase 20 quilômetros, outro laticínio pagou a um real e vinte centavos, que descontando o Funrural sai a um real e dezoito mais ou menos”, reclamou.  

Em um vídeo, gravado ao lado do deputado estadual Lazinho da Fetagro, de Jaru, que apoia o movimento, o produtor Marcelo Trento, de Campo Novo de Rondônia, afirma que as empresas de laticínio recebem do governo subsídio de 85% do ICMS, e “acaba que maltrata e pisa em cima do produtor assim mesmo recebendo o desconto. Vale destacar que o preço médio do litro do leite no Brasil foi de R$ 1,47, enquanto aqui em Rondônia foi de apenas um real e pagaram até menos”.

Vídeo convoca produtores de leite a aderirem o movimento SOS LEITE

YouTube video

O deputado Laerte Gomes (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE/RO), tomou conhecimento da situação em visitas ao interior do estado, e anunciou na última sexta-feira que o Poder Legislativo estadual vai auxiliar os pequenos e médios produtores nessa demanda porque a situação está chegando ao limite, e há criadores de gado de leite desanimando da atividade por não ter um teto mínimo garantido do valor a ser recebido pelo litro de leite entregue à indústria.

“Vai chegar um momento de rediscutir a isenção de impostos de ICMS que essas indústrias têm e não repassam aos produtores. E fazem isso pra majorar os seus lucros”, adverte o deputado.   

Laerte Gomes anunciou ainda que ele, juntamente com um grupo de deputados acompanhados de técnicos do Sebrae, estará viajando nos próximos dias para alguns estados onde funcionam cooperativas que administram indústria de laticínios como em Araputanga, e vão a Mato Grosso, no Paraná e Santa Catarina. “Vamos buscar atrair esses modelos de cooperativas bem-sucedidas pra Rondônia e criar mecanismos para os produtores de leite se organizarem”, afirmou o deputado.  

“A forma que eu entendo para regular o preço pago pelo litro é o produtor sendo dono da indústria, o que não impede que os laticínios continuem operando, mas sem a cartelização porque a cooperativa dos produtores é que vai ser a reguladora do preço”, sugeriu Laerte Gomes.  

Via correiocentral.com.br

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