Segundo Aprosoja MT, redução está associada à queda nos preços da soja e do milho e menor oferta de crédito.
De janeiro a setembro de 2024, Mato Grosso importou 4,51 milhões de toneladas de fertilizantes, volume 4,8% inferior ao comprado no mesmo período do ano passado. Segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja MT), com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a redução das compras mato-grossenses supera a média nacional, que ficou em -1,5% no mesmo intervalo.
Entre os fatores apontados para esse ritmo mais lento na compra de fertilizantes está o atraso do plantio na safra de soja 2024/2025 no estado, considerado um dos mais agravantes dos últimos anos, em virtude da estiagem prolongada. Levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), aponta que 8,81% da área estimada foi cultivada até a última semana. Na safra passada (23/24), em igual período, esse percentual era de 35,09%. Nos últimos cinco anos, a média de semeadura para esse período é de 23,71%.
Para o diretor administrativo da Aprosoja MT, Diego Bertuol, o produtor rural está receoso com a situação do clima, preços de mercado e falta de efetividade do Plano Safra. “Foi divulgado pelo Mapa [Ministério da Agricultura e Pecuária] que esse é o maior Plano Safra da história para compra de insumos ou recursos para fazer o giro da sua operação, mas, de acordo com os dados que o Bacen [Banco Central] passou para nós, isso não tem acontecido aqui na ponta para o produtor captar esse crédito”, diz Bertuol ao Agro Estadão. Segundo ele, em Mato Grosso, há uma queda de 46% na captação desse crédito de custeio, enquanto nacionalmente a baixa é de 36%.
“Hoje, os créditos que estão tendo no mercado são caros – de 17 a 21% de juros – e sabemos que devido à queda das commodities e à quebra da produtividade, isso fica inviável para o produtor rural realizar as operações de empréstimo”, complementa o diretor.
Referente aos preços, no momento, no mercado físico, tanto a soja quanto o milho se encontram com cotações ascendentes, após fortes quedas no decorrer deste ano, mas o cenário futuro já aponta para novas desvalorizações.
“Nós estamos vendo um aumento significativo nos preços da soja, até mesmo porque está tendo importação de soja, ou seja, o Brasil está comprando soja para conseguir suprir [a demanda interna] até a entrada da próxima safra, quando os preços devem cair. E falando de milho, a diferença é muito maior. Aqui em Mato Grosso, em plena safra, o milho estava sendo vendido a R$ 35 a saca de 60 quilos. Hoje já temos milho sendo ofertado a R$ 50, R$ 53. E quando falamos em preços futuros já está sendo balizado a R$ 42”, comenta.
Para Bertuol, essa instabilidade dos preços não dá segurança ao produtor para investimento maior em fertilizantes e isso deverá impactar diretamente na produção. “Com certeza teremos quebra, somando com o atraso das chuvas nesse início de ciclo que é mais um alerta para o produtor ter cautela nesse momento delicado”, afirma o diretor.
Aprosoja MT prevê impacto negativo na safra
Questionado sobre o quanto pode ser a quebra da safra mato-grossense pode ter, o diretor administrativo da Aprosoja MT disse que não há uma pesquisa realizada com os produtores pois ainda é muito cedo, então não teria números confiáveis. Entretanto ele ressaltou: “o que nós podemos falar hoje é que, principalmente na primeira safra de soja – devido ao menor uso e menor investimento do produtor em adubos -, nós podemos sim dizer que vai ter algum impacto negativo.”
Bertuol também destaca impactos sobre a produção de milho. “Nós sabemos que estamos no início do ciclo e com uma perda de mais de 30 dias de seca para começar o plantio, então, sim, isso vai resultar numa janela muito menor para a segunda safra, que é a safra de milho, então o produtor já vai ficar cauteloso e com receio de investir mais nessa segunda safra e isso pode trazer uma perda grande para a safra de milho”, disse ao Agro Estadão.
Ainda de acordo com divulgação da Aprosoja MT, a redução do volume total de fertilizantes foi de 387 mil toneladas. “A disponibilidade do produto e o preço de mercado mais elevado pelo aumento do dólar no segundo semestre de 2024, foram determinantes para esse volume reduzido”, diz a entidade.
“Essa é a atual realidade do produtor rural, tendo dificuldade com o crédito e elevados custos de produção. Esses são os nossos atuais desafios e a redução na importação dos fertilizantes é só uma das consequências que vemos no nosso dia a dia no campo”, enfatiza o vice-presidente da Aprosoja MT, Luiz Pedro Bier.
Fonte: Agro Estadão
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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