Produtividades recordes e a importância do manejo eficiente

Alcançar o máximo potencial produtivo é o objetivo de todos os produtores rurais.

Atualmente, algumas ferramentas disponíveis podem entregar esse incrementar de resultados no campo, como é o caso da irrigação por gotejamento. Sem dúvidas, a irrigação inteligente é o instrumento que mais traz ganho de produtividade, mas o agricultor precisa estar ciente que outros cuidados também devem ser aliados no propósito de garantir o melhor rendimento dos cultivos.

Estudo realizado em 2015, pelos autores BATTISTI, R.1; SENTELHAS, P. C.1, em diversas regiões do país, apontaram que o déficit hídrico está entre os principais causadores de quebra na produtividade. Contudo, o resultado das lavouras também sofre influência de outros fatores como: solo, ambiente, qualidade da semente, nutrição, além de pragas e doenças.

Na cultura da soja, a pesquisa mostrou que a quebra de produtividade – avaliada em diferentes regiões do país – variaram consideravelmente e que grande parte delas é oriunda do déficit hídrico (73,8%), enquanto o manejo inadequado representou 26,8% da quebra geral da produtividade.

Na cana-de-açúcar, o mesmo estudo retratou que a ausência de água na quantidade ideal representou 75,6% da quebra na média nacional. Já o manejo agrícola foi responsável por 24,4%. No entanto, foram observadas diferenças entre as regiões, sendo que no Nordeste o déficit hídrico respondeu por aproximadamente 86% das quebras, ao passo que no Sul do país as maiores quebras foram causadas por fatores relacionados ao manejo agrícola e à ocorrência de geadas.

Já na cultura do milho, avaliada por DUARTE (2012)² no Estado de São Paulo, foi constatado que a quebra de produtividade causada pelo déficit hídrico variou de acordo com a época de semeadura e a região do cultivo. E o recuo de produtividade ocasionado pelo manejo agrícola variaram de 30% a 50% a média das regiões.

Esses resultados evidenciam dois pontos fundamentais para o alcance da máxima produtividade nos grãos: a importância de garantir água durante todo o ciclo dos cultivos e, a necessidade de realizar os tratos culturais adequados. Esses fatores devem ser aliados quando o objetivo é extrair todo potencial das plantas.

O déficit hídrico é responsável por 75% das quebras de produtividade nas principais culturas do país, e esse desafio pode ser superado por meio da adoção de tecnologias como a irrigação por gotejamento. Neste sistema, o produtor conta com a melhor gestão do recurso natural e a garantia de que a planta está recebendo a quantidade ideal de água para seu desenvolvimento. Na irrigação inteligente a eficiência é de 90%.

Por outro lado, os estudos mostraram que há outros 20% de quebra que são causados por práticas inadequadas de manejo. Um aspecto fundamental a ser considerado no planejamento das culturas anuais é a janela de plantio, ou seja, a melhor época de semeadura para cada região. Isso se refere ao zoneamento agrícola e representa informações importantes para minimizar as perdas. Assim, mesmo em casos onde o produtor usufrui da irrigação por gotejamento, realizar o plantio dentro da janela ideal, continua sendo fundamental para o resultado satisfatório. Bem como, o uso de sementes de qualidade e realização da semeadura sob condições adequadas de umidade de solo.

Além disso, práticas ligadas ao manejo de solo – que aumentem o perfil do solo a ser explorado pelas raízes – também é um componente importante para que os cultivos tenham maior disponibilidade de água ao longo do ciclo.

E não menos importante, o controle de pragas, doenças, plantas daninhas e a fertilização do solo estão entre os principais aspectos redutores de produtividade quando considerado os tratos culturais. Neste sentido, a adoção de variedades resistentes, tanto a deficiência climática, quando as principais pragas e doenças de cada região, também é fundamental.

Assim, a produtividade potencial pode ser alcançada quando se aliada irrigação gotejamento e melhorias no manejo. Todos esses aspectos são fundamentais para que a agricultura se torne cada vez mais uma atividade sustentável e rentável.

¹BATTISTI, R.; SENTELHAS, P. C. Drought tolerance of brazilian soybean cultivars simulated by a simple agrometeorological yield model. Experimental Agriculture, Cambridge, v. 51, p. 285-298, 2015.
²DUARTE, Y. N. Modelagem agroclimática para definição da eficiência agrícola da cultura do milho no Estado de São Paulo. 2012. 46 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Agronômica) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2012.

Por Cristiano Jannuzzi, gerente agronômico da Netafim Brasil

Fonte: Portal Agronegócio

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