Produção recorde de cana no Centro-Sul sinaliza recuperação do setor

Produtores estão direcionando investimentos em tecnologia, variedades, técnicas de manejo e produtos biológicos para melhorar setor bioenergético

Até dezembro, a região Centro-Sul do Brasil alcançou um marco histórico na produção de cana-de-açúcar, registrando um aumento expressivo de 15% em relação à safra anterior. Os dados revelam uma moagem recorde de 619 milhões de toneladas, destacando a resiliência do setor sucroenergético diante de desafios recentes.

A safra 2023/24 se configura como um período de redenção para os produtores de cana, que enfrentaram condições climáticas adversas, danos causados por queimadas, elevação dos preços dos insumos devido a conflitos e guerras. Após duas safras com indicadores abaixo da média, a atual safra surpreende com uma produtividade média 15% superior.

Os dados de dezembro indicam um cenário promissor, com a moagem atingindo um patamar recorde na região Centro-Sul. Considerando que a safra se encerra oficialmente em março deste ano, a expectativa é de que os números possam aumentar ainda mais.

A projeção para a safra 2024/25, com início previsto para 1º de abril de 2024, sugere que a produtividade se mantenha próxima ao patamar alcançado na safra atual. Talvez não com os mesmos indicadores, mas a perspectiva é de uma produtividade significativamente elevada.

Entretanto, a incerteza paira sobre os preços, especialmente em relação ao etanol, cujo cenário está em construção e depende de fatores políticos, preferências governamentais, subsídios e questões relacionadas à política energética. A remuneração do etanol está intrinsecamente ligada a variáveis como o preço da gasolina, sendo mais influenciada pelo mercado do que pela produção.

Na área de abrangência da Canaoeste, os números também apresentam um cenário positivo, com uma produtividade estimada em 9% acima da safra anterior. O resultado econômico tornou-se favorável em comparação com safras anteriores, com preços de ATR mantendo-se favoráveis, considerando a positividade dos preços das commodities.

CNA visita a usina Jalles. Produzem cana-de-açucar, álcool, açúcar orgânico
Foto: Wenderson Araujo/Trilux

Um fator crucial para a melhoria dos resultados foi a redução do preço dos insumos, especialmente fertilizantes, que em alguns casos apresentaram reduções de até 40%, aproximando-se dos padrões pré-pandemia. Essa reacomodação dos insumos, aliada aos índices positivos de produtividade, proporciona um alívio ao setor, permitindo um ano de ajuste e recuperação.

O clima favorável desempenhou um papel fundamental na retomada da produtividade de 2022 para 2023. A manutenção dessas condições climáticas promissoras projeta uma produtividade estável na safra 2024/25, marcando uma fase de estabilidade na produção.

Almir Aparecido Torcato, Gestor Corporativo da Canaoeste, destaca que o aumento na produtividade não apenas impulsiona a margem de lucro, mas também proporciona recursos adicionais para investir na qualidade do canavial. Os produtores estão direcionando investimentos em tecnologia, variedades, técnicas de manejo e produtos biológicos, refletindo em canaviais mais eficientes e produtivos.

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