O órgão da ESALQ/USP observa que ela está atrelada “à maior demanda pelo insumo, além do elevado custo de produção nas incubadoras
Conforme relatório recente do CEPEA, os preços dos pintos de um dia destinados à produção de frangos que, “historicamente, têm sofrido poucas variações durante o ano”, sofreu elevações consecutivas no decorrer do mês de julho, com isso atingindo patamares recordes.
Detalhando, o CEPEA observa que no acumulado do último mês (até o dia 28), o pinto de corte negociado no estado do Paraná registrou valorização de 9,26%. Na data mencionada, foi comercializado por R$2,54/cabeça, “o maior valor nominal da série iniciada em 2014”.
Justificando tal valorização, o órgão da ESALQ/USP observa que ela está atrelada “à maior demanda pelo insumo, além do elevado custo de produção nas incubadoras”.
O elevado custo de produção, ninguém ignora, afeta todos os segmentos da produção animal, sobretudo os grandes consumidores de milho e farelo de soja. Mas o segmento produtor de pintos de corte enfrenta agravantes.
Um deles está relacionado ao atual plantel de reprodutoras. Ou seja: a produção de pintos de um dia até agora registrada teve como origem reprodutoras alojadas no ano passado. E em 2021 o plantel reprodutor aumentou apenas meio por cento em relação a 2020, tendo, portanto, evolução real negativa.
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Mas o que mais vem afetando a oferta atual é a menor produtividade do plantel – problema que não é exclusividade do Brasil, atinge a avicultura mundialmente – e que se reflete sobre dois fatores distintos de produção: no número de ovos férteis por matriz alojada e/ou nos índices de eclosão dos ovos incubados.
Parte desse problema veio à tona recentemente, quando o IBGE divulgou a produção de ovos férteis do primeiro trimestre de 2022: queda não só em relação ao primeiro trimestre de 2021 (redução próxima de 1,5%), mas também em relação ao mesmo trimestre de 2020 (redução superior a meio por cento). Não que todos os ovos férteis produzidos tenham sido destinados à produção de pintos de corte, mas a maior parte deles teve esse fim. E a queda observada, com certeza, está atrelada ao setor de corte.
Já os recuos nos níveis de eclosão são confirmados pelo próprio segmento produtivo. Assim, produtores de ovos férteis que tradicionalmente comercializam parte de sua produção – e que, por praxe, garantiam volume de pintos equivalente a, no mínimo, 82%-83% dos ovos incubados – agora reduziram esse índice para, no máximo, 80%.
Apenas para ilustrar o que isso representa, basta citar que a perda de apenas 2,5 pontos percentuais no índice de eclosão (de 82,5% para 80%) solicita um adicional de ovos férteis de mais de 3% para obter o mesmo número de pintos de um dia. E, como foi visto, a produção de ovos férteis é inferior, até, à do primeiro trimestre de 2020.
Ainda não é conhecido o volume de reprodutoras de corte alojadas nos seis primeiros meses de 2022 e que, paulatinamente, entram em produção no decorrer do corrente semestre. Mas, pelo sim pelo não, já há quem esteja retomando um procedimento que, até poucos anos atrás, representou atitude clássica no setor: a programação de compras (de ovos férteis e/ou de pintos de um dia) para o exercício seguinte. Segundo diversos produtores, as programações para 2023 já estão em marcha.
Fonte: AviSite