Produção de grãos cresce, mas capacidade de armazenamento no Brasil não aumenta

Atualmente, o país tem capacidade de armazenar no máximo 201 milhões de toneladas, o que representa um gargalo logístico que precisa ser enfrentado, visto que a produção nacional é de impressionantes 299 milhões de toneladas; confira

A agricultura desempenha um papel vital na economia brasileira, sendo a produção de grãos uma parte significativa dessa atividade. Nos últimos anos, temos testemunhado um crescimento constante na produção agrícola, o que é um reflexo do potencial do setor no país. No entanto, um desafio crucial que surge com esse crescimento é a capacidade de armazenamento, que não tem acompanhado o mesmo ritmo de expansão da produção.

Dados recentes da Companhia Nacional de Abastecimento destacam essa disparidade preocupante. Entre os anos de 2010 e 2024, a produção brasileira de grãos mais que dobrou, passando de 149 milhões de toneladas para impressionantes 299 milhões de toneladas. Por outro lado, a capacidade de estocagem cresceu apenas 45% durante o mesmo período, resultando em um descompasso significativo entre a oferta e a capacidade de armazenamento. Atualmente, o país consegue estocar no máximo 201 milhões de toneladas, o que representa um gargalo logístico que precisa ser enfrentado.

Principais impactos para os produtores

armazenamento de grãos no brasil
Armazenagem; Foto: Divulgação

A disparidade entre o crescimento contínuo da produção agrícola e a capacidade de armazenamento insuficiente no Brasil resulta em uma série de impactos significativos. Primeiramente, as perdas de produção são inevitáveis quando os agricultores não têm espaço adequado para estocar seus grãos durante os períodos de colheita, o que gera prejuízos econômicos substanciais para eles e para o país. Além disso, a exposição dos grãos nos campos devido à falta de armazenamento adequado pode aumentar os riscos ambientais, como a contaminação do solo e da água, além de atrair pragas e animais selvagens, resultando em danos adicionais às plantações.

Essas perdas financeiras impactam diretamente a segurança alimentar, especialmente em comunidades rurais que dependem da agricultura como fonte primária de subsistência. No âmbito econômico, a falta de capacidade de armazenamento afeta toda a cadeia de suprimentos agrícolas, gerando desafios logísticos, congestionamentos nas estradas e aumento dos custos operacionais. Como resultado, há uma pressão crescente por soluções alternativas, incluindo investimentos em infraestrutura de armazenamento, tecnologias de conservação de alimentos e incentivos para a diversificação das culturas agrícolas.

Em resumo, esse gargalo na agricultura brasileira tem impactos substanciais em vários setores, exigindo medidas urgentes para promover um setor agrícola mais resiliente e sustentável.

Prejuízo milionário

armazenamento de grãos no brasil
Foto: Divulgação

No ano passado, o Brasil enfrentou desafios significativos devido ao déficit na capacidade de armazenagem de grãos, resultando em perdas expressivas ao longo da cadeia produtiva. Estimativas da consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio apontaram que as perdas poderiam chegar a R$ 30,5 bilhões em 2023, com a soja e o milho sendo os mais afetados. Essa situação foi agravada pelos prêmios de exportação negativos, que impactaram a rentabilidade dos produtores.

A disparidade na capacidade de armazenagem entre os estados brasileiros também foi um ponto preocupante, com regiões como o Mato Grosso enfrentando um déficit significativo. Isso ressaltou a necessidade urgente de medidas para aumentar a capacidade estática de armazenamento e melhorar a distribuição regional da infraestrutura. Essas ações são essenciais para garantir que os produtores possam vender suas safras em momentos mais favoráveis e reduzir as perdas econômicas.

Medidas que estão sendo adotadas

Diante do desafio da capacidade de armazenamento insuficiente, os produtores brasileiros estão buscando soluções práticas e estratégias para garantir a segurança de suas colheitas. Uma das principais ações adotadas pelos agricultores é o investimento na construção de infraestrutura de armazenamento própria, como silos e armazéns, aproveitando linhas de crédito especiais oferecidas por instituições como o BNDES.

Silos de armazenagem – Foto: Divulgação

Além disso, estão buscando parcerias estratégicas com cooperativas agrícolas e empresas do setor para otimizar o uso da infraestrutura de armazenamento disponível. Ao se associarem em cooperativas, os produtores podem compartilhar recursos e ter acesso a instalações de armazenamento mais modernas e eficientes, garantindo que suas colheitas sejam armazenadas com segurança até o momento da comercialização.

Para maximizar a eficiência do armazenamento, também estão adotando tecnologias avançadas e melhores práticas de gestão, incluindo sistemas de ventilação, controle de umidade e monitoramento de temperatura. Essas medidas não apenas ajudam a preservar a qualidade dos grãos durante o armazenamento, mas também reduzem o risco de perdas devido a fatores como pragas, umidade excessiva ou deterioração.

Importância do BNDES

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem desempenhado um papel fundamental na busca por soluções para a questão da capacidade de armazenamento na agricultura brasileira. Consciente dos desafios enfrentados pelos produtores rurais devido à falta de espaço adequado para armazenar suas safras, o BNDES implementou uma série de medidas para apoiar o setor agrícola.

Uma das principais iniciativas é a disponibilização de linhas de crédito especiais para produtores rurais independentes interessados em construir silos em suas propriedades. Essas linhas oferecem condições favoráveis, como taxas de juros competitivas e prazos flexíveis de pagamento, facilitando o acesso dos agricultores ao financiamento necessário para investir em infraestrutura de armazenamento.

Além disso, a instituição também tem atuado em parceria com bancos comerciais para oferecer linhas de crédito automáticas, como o BNDES Crédito Rural, que está disponível tanto para produtores rurais quanto para agroindústrias. Essas linhas permitem que os agricultores financiem uma variedade de investimentos, incluindo custeio e investimentos fixos, proporcionando suporte financeiro abrangente para as necessidades do setor agrícola.

Apenas em 2023, o banco mais que triplicou o número de operações para financiar novas estruturas de armazenagem de grãos no país. Ao longo do ano, aprovou 13 financiamentos para diferentes cooperativas e empresas do agronegócio, totalizando R$ 241,5 milhões. Já por meio de suas operações indiretas, realizadas pela rede de agentes financeiros credenciados, emprestou cerca de R$ 1,7 bilhão no âmbito do Plano Safra 2023/2024 em programas com foco em armazenagem, como o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA). A instituição respondeu por cerca de 30% dos recursos repassados pelo PCA na atual safra.

Esses dados evidenciam o compromisso contínuo do BNDES em impulsionar o desenvolvimento do setor agrícola brasileiro por meio do fortalecimento da capacidade de armazenagem de grãos.

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Foto: Divulgação

Em suma, o Brasil enfrenta um desafio significativo em relação à capacidade de armazenagem de grãos, o que tem impactado negativamente a rentabilidade dos produtores e gerado perdas expressivas ao longo da cadeia produtiva. A disparidade na capacidade de armazenamento entre os estados do país ressalta a urgência de medidas para aumentar a infraestrutura de armazenagem e melhorar sua distribuição regional.

Para enfrentar esse problema, é essencial que sejam adotadas políticas que incentivem a construção de novos silos e armazéns, além de estratégias de gestão de riscos para proteger os produtores contra a volatilidade do mercado. Com um plano abrangente e a implementação de medidas adequadas, o Brasil poderá superar os desafios da capacidade de armazenamento insuficiente e promover a segurança e a estabilidade no setor agrícola, garantindo assim o crescimento sustentável e a competitividade no mercado global.

Escrito por Compre Rural.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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